A autora fala da sua saúde e da sua estima pelo destinatário; estranha a notícia de ele se ir casar. A Inquisição resumiu assim o conteúdo do documento: "Carta de Joana Izabel Lisboa 4 de Novembro de 1775 em que lhe chama Filosofo, e lhe escreve hum quarteto muito cheio de doutrina libertina = como aspera a virtude = defende o direito da Natureza"."
[1] |
Sr
Joze Anastacio
|
---|
[2] |
A sua carta que eu sinceramte estimei quanto se pode
esti-
|
---|
[3] |
mar não chegou a ma mão a tempo de poder
responder no
|
---|
[4] |
mesmo correio: uma dor terrivel que me tolhia a respiração
|
---|
[5] |
e
uma febre ardente pos em perigo a ma vida e em
comfuzão
|
---|
[6] |
a ma familia de sorte que me não derão
as cartas cenão qdo
|
---|
[7] |
a
ma molestia começou a ceder. Mas quem não sabe
que este
|
---|
[8] |
foi o motivo de eu deixar sem resposta as cartas em que eu me
|
---|
[9] |
vejo tão lizongeada, como julgaria a ma falta de
agradeci-
|
---|
[10] |
mento? Quaze todo o Mundo julga sobre aparencias; mas
|
---|
[11] |
como os
Filosofos se separão desta carreira eu sei
certamte
|
---|
[12] |
que não terei cido condenada. Os seus
verssos que eu tenho
|
---|
[13] |
lido mtas vezes achandolhe
sempre uma nova beleza, bas-
|
---|
[14] |
tão para dar um grande merecimento ao seu
Autor;
|
---|
[15] |
em que arebatamento éra necessario que a Alma
|
---|
[16] |
estivece quando se
fizerão quanto sofreria o coracão!
|
---|
[17] |
alem disso, as imformações de um tão bom
conhece-
|
---|
[18] |
dor como o seu Amo; e as de mil outras
Pessoas que fa-
|
---|
[19] |
lão no seu nome com respeito, tudo concorre para
|
---|