A autora, que no envelope endereça a carta a um João Gonçalves, pasteleiro, para ocultar o verdadeiro destinatário, relata uma viagem que fez a Paris e denuncia vários portugueses que se encontram em Ruão e se converteram ao judaísmo, pedindo ao destinatário que lhe envie precatórios para os mandar prender.
[1] | esta vimda
pa que não viesem a perder suas
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[2] | almas. seja
ds louvado que lhe da fazemda e bẽis
pa
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[3] | uzarem tamtas maldades comtra sua fee.
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[5] | afirmo a VM que me fazem estas couzas ficar pasmada de
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ver a pouqua vergonha com que qua se fazem estes, e
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[7] | VM emtemda como lhe digo que graviel
ribeiro como
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[8] | tiver dro a de fazer o
mesmo e que por iso he nesesario
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[9] | terse mto
temto nele e fazelo prender pela semtemsa q
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[10] | esta
em poder de frco
d estrada escrivão dos corregedores
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[11] | do
sivel.
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mto estimei as boas novas que VM me da desa terra queira noso
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snor que sempre VM de bem em melhor.
as que poso
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[15] | dar a VM desta terra, sam bem deferentes porque tudo
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val a pezo d ouro, e agora perese a gemte porque este
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[17] | rei abaixa toda
a moeda, e não ha aver comprar
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[18] | nada porque não esta inda averiguado a como
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an de valer, e emquamto se ordena nimguem quer
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[20] | tomar dro e he lastima ver o que vai a tudo ds acuda
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[21] | como pode e guarde a VM e lhe de mto boas
festas
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[22] | melhoradas com boas emtradas de anos e tudo seja
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[23] | como lhe dezejo.
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[25] | depois de ter esta escrito, me mandou çhamar hum prezidem
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[26] | te amigo meu desta terra, e me pedio mto escrevese a VM
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[27] | que por serviso de ds, e de sua fee, quizese VM dar ordem
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[28] | com que na emquesisão se lhe dese
hũa sertidão por que
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[29] | cõstase as culpas por que se prendem nesa terra as
pesoas
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[30] | por judias, e isto por rezão que os portuguezes desta vila
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[31] | dizem,
que o guardarem eles qua os sabados e jejuarem
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[32] | as segundas fras e comerem pães asmos e outras
velhacarias
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