A autora, que no envelope endereça a carta a um João Gonçalves, pasteleiro, para ocultar o verdadeiro destinatário, relata uma viagem que fez a Paris e denuncia vários portugueses que se encontram em Ruão e se converteram ao judaísmo, pedindo ao destinatário que lhe envie precatórios para os mandar prender.
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[2] | que fazem, o fazem por ser custume de lisboa, e com
isto se
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[3] | defendem, e tapão as bocas a todos, e pa
que o rei em
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[4] | temda que he tudo mentira, e que eles o não fazem se
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[5] | não por serem judeos, pa iso estimara
mto vir esta ser
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[6] | tidão, porque
com ela os castigarão a todos, como meresem
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[7] | porque a gemte desta terra, não
quer comsemtir que aja
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[8] | judeos nela, e se comsemtem a estes he como digo
por
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[9] | dizerem se governão ao modo da sua terra, que como sou
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[10] | berem pela sertidão que peso, ser mentira, os castigarão
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[11] | de maneira com que
outros não tenham atrevimto de
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[12] | fogirem de lisboa
pa se virem qua.
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[14] | tambem nesta terra esta
hum homẽ que VM sera lem
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[15] | brado fogio da emquesição,
hũa bespora de sam joão
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[16] | por hum buraco que fes, o qual se çhama qua
miguel
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[17] | de oliveira, e comtamdo eu este cazo a este
snor prezi
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[18] | demte
me dise, que se da emquesisão mandasem
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[19] | hum precatorio que ele o prenderia logo,
e o manda
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[20] | ria em hum navio prezo a esa sidade, VM por
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[21] | serviso de
ds e de sua fee mostre estes dous capitolos ao
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snor prior e o snor
simão lopes, e paresendolhe bem isto
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[23] | que peso, mo mandem porque
logo o farei embarcar
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[24] | e se ele, se çhamava la outro nome que não seja
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miguel de oliveira, dira no precatorio que he hum homẽ
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[26] | que em
lisboa se çhamava fulano, e que agora tem
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[27] | por emformasão se çhama qua
miguel d oliveira
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[28] | e çhamandose la
este mesmo nome, bem pode vir
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[29] | direito, e por forsa a ha de estar o seu nome na emque-
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[30] | sisão de
quamdo o prenderão. e vindo este precato-
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[31] | rio dira ao snor
pro prizidemte e mais
snores prizi-
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[32] | demtes,
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