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Maarten Janssen, 2014-

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1594. Carta de Catarina Nunes para Manuel do Quintal, boticário.

SummaryA autora recomenda um conhecido a um seu velho amigo. Também lhe pergunta se sabe do paradeiro dos bens do seu defunto marido.
Author(s) Catarina Nunes
Addressee(s) Manuel do Quintal            
From Portugal, Évora
To Portugal, Coimbra
Context

A presente carta está incluída no processo da Inquisição de Catarina Nunes. Numa primeira fase, ela foi acusada e julgada por judaísmo, tendo saído em auto de fé em 1592. Posteriormente, em 1594, escreveu esta carta a Manuel do Quintal, boticário em Coimbra e amigo da ré e do seu marido, Lourenço Rodrigues, estudante de Direito, entretanto falecido, na qual recomenda e pede acolhimento para um estudante chamado Gaspar de Oliveira, que ia para Coimbra, perguntando também por partes do espólio do marido que teriam ficado em Coimbra.

A carta terá sido escrita a pedido de Diogo Pereira, morador em Évora. Depois de pronta a missiva, parece ter existido uma discussão entre ambos, relacionada com o conteúdo, o que levou a que Diogo Pereira fizesse nova denúncia ao Santo Ofício. Catarina Nunes voltou a ser chamada e sujeita a novo processo. Apenas em 1602 foi dispensada de cumprir a sua penitência.

Support uma folha de papel escrita em ambas as faces.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Évora
Archival Reference Processo 4671
Folios [94]r-[95]r
Online Facsimile não digitalizado
Socio-Historical Keywords Tiago Machado de Castro
Transcription Tiago Machado de Castro
Main Revision Raïssa Gillier
Contextualization Tiago Machado de Castro
Standardization Raïssa Gillier
Transcription date2015

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meu snor he amiguo

não tinha eu razão de dar copia de mim a vm pois se tem

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pasado tanto tempo sem vm me dar hos perabems de meu nao
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farge e desatrado suceso pois perdim nele aquele grande
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amiguo seu Lourenco Roizs e juntamente el luis nunes
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yrmão no amor de vm que pelegando pela verdade redera
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m as armas e se puzeram nos brascos da morte e pondo os
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olhos o alto deos os tirarm de mim he de suas yrmãos e mai
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fiados e a grande miziricordia de deos se partiram desta vida
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descõtente por irem gozar da eterna belmaviuturanca
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a qual quera deos dar lhe pois pa el foram criados
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eu ficei tam cansada desta luta que oge não te
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nho forsa mais eu pera chorar he derreter o coracão
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pelos olhos sentindo minha grande perda não se cõte
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ntou a fortuna me levar a nora he fazenda e cr
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edito mas precurou de me despogar de todo e me deixhou
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em cõpanhia de meus trabalhos os quas me obrigava
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pedir a vm ma fasa em me mandar dizer se sabe onde
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ficou o fato do meu mallogrado e ver se pode vir
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a minha mão que me dizem que ficou em caza de
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pero mendes peso a vm pelo amor deos e pela grande
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yrmandade que antre nos ouve faca por arrecadar
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esse fato e livros e assim ma fasa em me escrever
[24]
muitas novas suas pois sabe quanto gosto sera re
[25]
sibidas de mim carta sua nela me mande licença pa
[26]
as eu mandar de mim a vm porque as que mandou

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