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Maarten Janssen, 2014-

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1630. Carta de Gaspar Freire, mercador de sedas, para Jerónimo Freire, seu filho.

SummaryO autor informa sobre alguns factos ocorridos e dá orientações relativas a um determinado pedido.
Author(s) Gaspar Freire
Addressee(s) Jerónimo Freire            
From Portugal, Lisboa
To Madrid
Context

António da Silveira Rosa, cristão-novo natural de Beja residente em Lisboa, preparava-se para se juntar a outros da sua nação assistentes em Castela quando foi surpreendido pelo juiz de fora daquela cidade, o qual achou em seu poder um volumoso conjunto de cartas, redigidas por dois mercadores de Lisboa – um dos quais sogro de António. Além de as referências espaciais e temporais serem comuns, as 13 cartas anexadas ao seu processo partilham ainda o facto de serem maioritariamente dirigidas a familiares. O seu intuito consistia em preparar a fuga, antes do Natal daquele ano, por Barcelona ou Catalunha, rumo a França.

A prisão do portador comprometeu este plano e levou aquela autoridade judicial a encaminhar tão comprometedora correspondência ao cuidado da Inquisição de Évora, e assim revelar não apenas a culpa do réu – directamente implicado no conteúdo das cartas -, mas toda uma rede de cristãos-novos.

Support uma folha dobrada de papel de carta escrita no rosto do fólio 38 e no verso do fólio 39.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Évora
Archival Reference Processo 8768
Folios 38r e 39v
Socio-Historical Keywords Ana Leitão
Transcription Ana Leitão
Main Revision Raïssa Gillier
Contextualization Ana Leitão
Standardization Raïssa Gillier
POS annotation Raïssa Gillier
Transcription date2015

Page 38r

[1]
[2]
lxa 26 de 9ro 1630
[3]
fo Jhermo freire

de estremos, tive carta vosa, e de Elvas recado de

[4]
como pasares q o avisou o Amigo de voso primo, e disto
[5]
vos avisei no correo q partio daqui, em 23 deste, o q veio
[6]
foi a 24 nele rse a vosa de badajos huã postica de
[7]
Ao vas, a quẽ respondi digo escrevi cõando a fis
[8]
a vos em 23 como digo eu farei ha sua no q vem
[9]
estimo mto o q me avisaes de irdes saude seza
[10]
ds servido q ela ajaes chegado, nos morremos de
[11]
saudades de vos ver a todos auzẽtes, temos saude
[12]
a ds gracas vosa mai acaba a vida, vosa molher
[13]
o mesmo, ela vos escreve ma esta ela, Anto da
[14]
silvra he o portador desta e vos leva roupa brãca
[15]
vosa molher diza ho q he eu lhe mãdo todos os dias
[16]
carne ou peixe e os maes deles, a vosa logea
[17]
esta aberta pa se ir desfazẽdo ana esta nela po da oseca
[18]
vẽde cõando ai ocasião, no correo q vẽ vos ira
[19]
ordem pa coatro mil rs cada mes pa dardes ao sor JorJe
[20]
da oseca, e a po pa tres mil rs cada mes q no pasado
[21]
me pedia ele menos ainda, eu estimara ter mto
[22]
avissai a voso cunhado vos mãde esta ordem
[23]
e seja de seis mil rs por mes ou sinquo pelo menos
[24]
q vos fique algo pa o q vos for nesesario-

[25]

o farto foise o fo estudante, prenderão

[26]
domingo 24 deste a migel d abreu o criado de
[27]
dom Anto mascarenhas e outros deste toque q não
[28]
conheso ds grde nosas cousas de falsos testemunhos
[29]
e nos aquiete e deixe gosar cõvosquo e nosos
[30]
irmãos etc

[31]
voso pai q mto vos ama
[32]
gaspar freire

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