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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0049

[1577]. Carta de autora não identificada para [Manuel Reinel], licenciado em Medicina.

Author(s)

Anónima42      

Addressee(s)

Anónimo261                        

Summary

A autora dá notícias suas e da sua família, relembrando ao destinatário pormenores de um envolvimento amoroso entre ambos.
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Sor

Escrever lhe eu tera vosa m por cosa nova eu asi vi cosa nova o portador que dixe ser filho de vm que não sei se vos brade o como veo não tendo vm houtro como ele diz ele me veo a ver e a todas as mais parentas folgara em vos criar por o conhecer bem mas da maneira que ele vem não poso eu crer que e filho e por iso não foi de mim mais agazalhado nem de ninguem e medo de o não ser e seremos ẽguanadas porque o costumão a fazer nesta tera de que vem muitos males e as peçoas homradas fogem de todo aquylo que lhe pode vyr trabalho. Sor ele dara novas a vm do que vyo e sabe mto por ẽtero e das vydas de todos, da minha lhe quero eu dar eu sor casei tres vezes como sabera aguora vay em houto anos que estou viuva em casa de meu filho ele me tem muito homradamẽte e mto homrado e virtuoso e mto bem eista e asi he sua molher não tem filhos nem numqua pario vai quinze anos e suas irmãs tem a mais velha quoatro filhos e a mais moça fylho e fylha e a mais velha tem filho mto frermouso e as quatro filhas a minha soubrinha filha de minha irmã a mais moça tem duas fylhas e fylho esta viuva de poqo tornou a digo sor que eu casei meu filho minha soubrinha e a tomei sem nada e fui eu melhor tya que meu tyo que ds perdõe que por eu ser pobre não me quys por nora e tomou a filha de minha pryma por o dinheiro e não por mais frermosa nem por mais dresquerta nem por mais molher mas ds como digo ds lho perdoe que me tyrou o meu e a quẽ eu tanto quis que quãdo sounho vosa m me não peza nada e as soras suas irmãs e as janelas da sua casa de baxo. que aguora quãdo sounho todo o paçado e agoura sounho algũas horas não sou triste que ja que não vejo vosasmerçes folgo de hos ver por sounhos que mtas vezes me pareçe que os vejo e falo como se foçe asy nisto faz o pacado amor e me lebra ẽtre houtras cosas as cartas que me vm escrevia hymda as tenho e me lebra hũa noite de hemdoenças adando as igregas dexo isto e torno a meu queixume que tenho de meu tio que eu fora hyda casada e vos sor tambem mes o dinhero que eu agora tenho se ẽtam o tevera eu fora mulher de vosa m hymda que era metade castilhano e castilhano gente tam baxa por deradeyro todos avemos de morer asi os riquos como os pobres como as da ma casta como as da boa e não fiqua senão ds e a virgem maria nosa sora Senhor A sora sua irma do meu nome aja esta por sua e que soube como estava mto fermosa e riqua que folgey mto mas que seu espouzo esta mto velho e carreguado de trabalhos e sem mai nem irmã e tem a irmã e soubrinha casa e muitas demadas e pouquo lembramça dela nem falar nela por sonhos e tem filho que adoura esta pobre digo pobre que hey doo dela e que ds se lembre dela e de suas irmas asi as viuvas como a moça e a morta, ds a perdoe a todas minhas ẽcomẽdas e que lhes beijo as mãos mtos cẽtos de vezes a sora sua sougra de vm e as soras suas filhas e que sobede do trabalho de seu neto ds sabe quãto me pezou e não ay mais que dar graças a ds e a nosa sora e roguar lhe que de vida aos vivos pa servir a ds. a sora sougra de vosa m que bem sentira quãto desgosto senteremos as novas d ese filho lhe ser tãmto deshoubidiente e ser feito de sua vontade pa dar nojato a todos ele não fiquou riquo nem nos o poderemos ajudar nada eu a trỹta e quatro anos que o não vi nem sei como e feito ele bem me podia ver a mỹ mas eu a ele não praza a ds e a virgem maria que o veja eu vida e desquaço e asi o rougo eu a ds e que ho tire ds de tanta poubresa e que não mora a fome e que se lẽbre ds de sua moçedade. sor por o meu melhor firmado saberias todas as novas de minha casa e da gente que tinha toda moreo no tempo da peste que foram houto cãtivos braquos e houto negros todos os mais criados casa e não siti tãnto como siti ese que me dixe ser filho se ho e que era morto não sei se deixou algũa cosa nem sei de que moreho não folgara que vivera pa por ele saber de todas vosas merçe e sobre todas saber da sora sua sougra como esta se esta mto velha eu lhe quero mto que a ningem devo eu mais que a ela que me deo hũa albarada de prata quãdo casei e houtrem não devo nada nem valia de meo real e folgo mto vm lhe de abraco por mto apertado e lhe beije as mãos muitas vezes por todas e que lhe dou novas que estou mto bem ds seja louvado e mta saude e mto bem desposta e todos os meos detes mto alvos e lypos e hando mto dereta como dira o filho de vm que bem me vio e dira se e verdade e vem labrado de seda e cosedo e velado que asi me achou minha soubrinha a qual he muito honrada e vertuosa e minha amigua e me quer mto e mais que filha obidemte e asi meu filho he mto honrado e amigo a ds sam me mto obidentes tudo que me fazem ser moça isto digo que diga vm a sora sua sougra porque sei que a de folgar mto asi como eu folgo seu bem não tenho que mais lhe diga nem a vosa merçe nem as soras suas irmãs porque não sei falar por carta o que quiria isto abasta e pa vm seu beijo pois o fez ds tam desquerto e letrado ds lhe de muita vida saude pa servir a ds e a nosa sora e a todas as soras e filhos e netos amẽ lembrame isto que se seu sougro que ds perdoe deixara a meu pai o que deixou a quem o deixou que ele o tevera agoura e não lhe fizera o mal que feze por lhe pedirem o seu eles sam agora hos mais riquos e validos o alheho isto basta pa vosa merçe. Sor hũa liaor medez que foi minha vyzynha se vosa merçe a vir lhe diga que hos seis mil rs que eu tinha seos que seu conhado mos tomou por gestiça por hũa percuraçam que tinha sua e que lhos não pude tirar pa lhos mãdar se ela hi não estever o for morta o escreva ysto a sua filha por me fazer merçe e asi as novas de todos

feyta de noite as doze oras muitas lagrimas de vomtade e saudades grades que cheguã ao coraçam


Legenda:

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