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Maarten Janssen, 2014-

CARDS2109

1722. Carta de frei António das Chagas para António Ribeiro de Abreu, Inquisidor de Combra.

Autor(es)

António das Chagas      

Destinatario(s)

António Ribeiro de Abreu                        

Resumen

O autor gaba-se junto do destinatário dos seus grandes sucessos ao tentar exorcizar uma mulher possuído do demónio.
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J M J Meu amo e sor

o correyo passado lhe escrevi a Vmce de Pombeiro, mandeme dizer se lhe foi entregue a carta porq importava, no de não tive carta de Vmce; e como na passada lhe dizia, tenho certeza de q todas as q lhe es-crevi forão entregues, excepto hũa q mandei da Lixa no principio de Novembro, q o não chegar não im-porta mto o ver se por algũa couza importa. eu ja confessei trés da confra do Asmedeo todos ja denunciados, e duas não tinhão nem disserão nada de novo, hũa q he a Roza de Margaride tem ainda mta couza, porq como qdo se confessa e comunga tem luz dos pactos , e ella ha mtos mezes estava falta de sacramtos porq de trés confessores q ti-hão nota do seu achaque q he o clerigo da carta incluza. Fr Mel das Chagas e Fr Anto de gadalupe nehum podia haver , não descobre nada, nem pode sem exorcismos. e como lhe não entendem o mal fica sem remedio, sucedeo dar comigo, e logo conheci o achaque e uzando dos remedios de q estava instruido se declarou e despois da confis-são começou a conhecer novos pactos de sorte q estes dias tem abjurado perto de 150 e eu a absolvi com a palavra de fazer denuncias q eu lhe dissesse era nro q ainda se não puderão fazer nem poderemos tratar disso senão pa a semana, porq nesta temos aqui principiada a missa em Pedra Maria, e aquillo álem de haver mister vagar pa hir declarado em forma, he necesrio ser em dia q ella se confesse e comungue pa estar capas de dizer tudo q sem isso he gde trabo tratar com ella, porq como ainda esta implicada com mtos pactos ocultos, não a larga o demo senão a forsa de conjuraçõis, e qdo se confessa, e comunga, Algúns destes pactos são com pessoas de q ja ella denunciou, porem como são diversos eu entendo se se deve dar conta disto, ainda q ella me dis q as con-fissons não lhe mandavão isso no tempo passado, outras pessoas são novas e de q se não tem feito menção, como ella dis, e algũas tem duvida, tudo reme-terei pa o correyo segte se puder, se bem sei me custará mto a pór isto em forma plas embrulhadas deste ngo mas pla pouca oprtuni-de q terei pa estar com ella hum dia de vagar. ella não esperou pla re-posta pa saber se havia, ou não de hir fallar com a Marianna de Simõis e por sua cabeça, foi fallar com ella dia da conceição, e dis durou a pratica 4 horas d onde se seguio vir mto mto inficionada, como a carta incluza supunha, esta Marianna entendo he piior q qtos demos tem o inferno, e q toda a caza e os mais q trata com ella são quazi o mesmo, porq uzou de pactos antigos com a Roza, , e pola em tronos, q me custou mto o remediarlhe o con-tagio q trouxe, e não sei se está ainda sam desta pte. tenho na minha mão ta variade de couzas q estes dias aparecerão em q estavão pactos, pa se queimarem em achando occazião, e entendo q se eu tivera modo pa tratar de sacramentar esta mer algúns tempos mto mais havia de aparecer, porq ja vou esta- estando destro na matra e tem me sucedido couzas estes dias sobre isto q podião dar a larga escriptura, o demo tem dito e feito couzas notáveis, porem athe qui não levou a sua, e a mesma Roza se admirou de me não enganar o demo em hũa couza q armou, com a qual enganou duas vezes a Fr Mel das chagas, e hũa ao q escreveo esta carta incluza, e eu tendo menos espto e menos letras, e expa disto q nenhũ delles, conheci o engano, e com este co-nhecimto sem algũa da q o demo as fazia semlhtes me avisei a fazer hũa couza q á pra vista parece temeride. destes pactos q se descubrira he entre seis ou 7 pessoas, e se bem me lembro entra tambem nelle a Marianna, e por virtude delle se foi hũa couza, de q ja estão semilhtes das mais horrendas q nesta tratada se fize-rão, hũa das pessoas ou duas são parentes chegadas da da Roza, e entendo q ella os avi-sará, pa q ellas tambem se accusem, eu estou em vir nisso (ainda q ella sem eu vir o fará) pa ver se por este corro ha algũa prova contra a da Marianna pa se proseder, e me admiro mto ter o demo armado isto de sorte q ainda se não possa prender porq ella he a q havia de descubrir tudo, se Ds lhe abrisse os olhos, e assim lhe advirto a Vmce q se ouver algũa opiniãozinha mtos os documtos q estão pa q este diabo se recolha e tire da caza donde está será gde servo de Ds porq ella não está convensida nem pa vay, e metida aonde não tenha espas de ver mais mundo poderá dezenganarse e dar conta do q tem feito, q deve ser couza rara, e por este meio talvés se desse algũ remedio a tantos males como ella tem feito e cauzado. Não ha lugar pa mais. Ds gde a Vmce

Pedra Ma 25 de Dezembro de 722. Mto amo e S d Vmce Fr Antonio das chagas

Agora recebi a de vmce de 2 de Dezem-bro etc


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