J M J
Meu amo e sor
o correyo passado mandei procurar a
Amarante carta de Vmce porq como lhe escrevi de salto
por hum estudte q assiste em
S Cruz q vinhamos pa a
da Va imaginava achar ja nella notas da sua saude
este correyo não tive
occazião de o mandar saber De me
Vmce boas novas suas porq as dezo ha mto tempo e a
gora andamos por perto da Amarante
aonde posso man
dar buscar as cartas ao correyo. Meu compo tambem
anda bom, como eu e elle escreveo a Vmce o correyo pas
sado, se lá chegasse a
carta, ja Vmce sabera o seu nego
q he sobre hũa denuncia de sollicitante. A sollicitada
pro, veyo ter comigo, e não querendo tomar
o meu conso
se foi ter com elle, e entendo q pro foi a outro clérigo e
eu julguei ser cazo digno de se denunciar por se compre-
hender na clasula ser
; porem
vi fallar a sullicitada com o sollicitante em segredo, e
o mesmo se confessou com meu compo e tinha seus segre-
dos e meu
compo tambem a confessou ou fes menção
disso mtas vezes, e disto e de ver andar o sollicitante
alegre, inferi q havia dado em algũ meio
pa ella
o não denunciar e fazendo meus juizos creio q acertei em
q resolverão q elle se accuzasse por via de meu compo
e
tendo esta sospeita despois q viemos daquella terra disse
a meu compo q se assim senão mandava a de
nuncia della, mal, porq pretendendo esse tribunal q havendo elle confessado
a penitente so metia a fazer as ptes do sollicitante, lhe daria algũa
reprehensão e
q me não parecia q com isso ficasse ella livre da obrigam de denunciar, e elle se
mostrou escrupulozo, e lhe vi escrever outra carta
pa Vmce e não a pra q determina-
va mandarlhe, suponho q Vmce o aceitara de q em
semilhtes cazos devemos fazer
porq ellas se consentem, mto não querem denunciar o complice como ja me
sucedeo mtas
vezes, e se isto se pode remediar com dar pte a elle q accuse
estamos bem: porem a mim não me doa isto, porq a accusação delle pode perder se
e
não chegar lá e assim ficar o delicto sem casto. Ja viemos a Amarante
de Camo porq nos disserão ser ainda cedo pa a missão por estar
a principal gente por
fora e q ficasse pa o fim deste mes, porem ja vejo q ficará pa despois do Na-
tal: a mer
q me escreveo a carta q a Vmce mandei não a vi, porq está mui
distante da terra porem algũns frades Dominicos me derão algũas novas
desta
diabolica tratada e mais plo meudo mas deo cá certo sogeito q sabe de tudo, porq se
aconselhou com elle a mer a quem
Ds abrio os olhos, e q ja a esse tribunal mandou
varias relacoes deste nego eu não a conheço mas sei q mora daqui meia le
goa
pouco mais ou menos e do q ella sabe e disse sey eu mto. Tambem nos
derão algũas instrucois pa tocar em algũns pontos nos sermõis, q
agora serão por estas
ptes e principiámos na Lxa, daqui himos ao convto de Cramos das Cruzes
q he daqui quazi meia legoa, e
correremos Cortes de Filgueiras e Unhão.
porem eu desconfio mto e sempre desconfiei do bom sucesso da missão emqto a isto
e se a minha fé fora ma
pa o milagre certamte não se fás: porem poderá Ds
fazelo, e sahir alguem, q eu boa vonte lhe tenho hũ dos dias passados
q eu
perguei veio aqui o fidalgo de Simõis com quasi toda a sua gente a pé
q he meia legoa piquena e nos convidou pa a sua frga
e lho prometemos e
tambem
tambem pa assistirmos em sua caza: porem eu hey de fazer mto por q lá não vamos
porq
como lá está a Marianna, pode tocarnos com algũ diabrete ou darnos algũa couza a comer
com q tenhamos em q cuidar, meu compo
ainda tem mais medo q eu porq ja anda préve-
nindo de raizes de aypo cozidas na noite de S João, e tambem sabe algũa couza disto
q
eu lhe disse e algũa couza q ouvio aos frades de Amarante. porq qui fallase em algũas
diabruras, mas não he com fundamto nem com cauza, senão por
sospeitas, nem estas pessoas
q nisto fallão sabem da tratada real, mas por verem algũas couzas dizem he obra de
demo quererá Ds qdo
for servido q isto se ponha em termos q esse Sto tribunal possa
remediar este damno. o mesmo sr
o gde a Vmce
Va Cova da Lixa
5 de 9bro de 722
Mto amo c e s de Vmce
Fr Anto das chagas