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1758. Carta não autógrafa de Rosa Maria Egipcíaca, escrava forra, para Maria Teresa de Jesus, mulher de lavrador.
Author(s)
Rosa Maria Egipcíaca
Addressee(s)
Maria Teresa de Jesus
Summary
A autora agradece a sua carta de alforria. Escreve longamente sobre
assuntos de devoção e pede no final uma esmola para fazer um ramalhete
para pôr nas mãos da Virgem.
q he de seu maior agrado por hiso he q ele busca os humildes e pobres
peCadores Como a mim o sahir eu de caza não foi efeito das Criatu
ras mas sim dele porq ja havia dois annos q ele me tinha dito q eu
houvera de sahir do Recolhimento mas q primeiro havia de morrer pa
ResuCitar e Com efeito asim me sucedeu e lhe perguntei tãobem Como he
ra esta ResuCitasão Respondeume q hera ResuCitar da morte da
culpa avida da grasa e q o mesmo socediria a todos aqueles q Com
veras me Chamasem mai e qdo Chegou o tempo da ma sahida me dise e
le eu sou o Capitão general do teu exzercito andai vamos eu
quero hir tirar Listra daqueles q andem habitar debaixo da ban
deira da ma Crus, e quero sahir o Campo do exzercito Combater
Contra Lucifer porq eu venho buscar Corasoins Comtritos e humi
lhados; dito isto houvi Logo hũa vos dezafiar Liçifer
dizemdolhe eu estou aqui vé o q queres de mim; eu estou aqui preza e ata
tada a meu Snor se algũa Couza queres de mim ele he Capitão ge
neral do meu exzercito tudo isto houvi na novena do noso Pe São
Franco q estava fazendo; e Logo sem que nem pa que moveuse o Com
fesor Contra mim q foi qm ele foi buscar pa instrumento e taobem
me trose hũa mosa ilhoa dizendo q se queria Recolher e esta trouse
todos os diabos Comsigo q asim Como emtrou não quis Renderse
a obidiensia nem do padre Comfesor nem da irmaã Mestra não da
irmaã Regente dizendo q vinha pa governar e não pa obedeçer
e desta sorte se forão dispondo as couzas no dia do santicimo nome
de maria fomonos Comfesar depois q Recebi o Snor houvi hũa vos
q me dise não quero neste Rebanho amor fidalgo senão amor
maquaniquo eu q houvia isto fiquei toda Confuza e não sabia
o porq se me dizia isto Chegando a noite fomos pa nosa Reza mo
veu o Snor a sua justiÇa sobre nos q nos vimos no inferno hera
tanto o susto e o temor entre nos q não sabiamos o q fizeçemos todas
proCuravão a deliCuente pa fazerem nela a exzecusão as peque
ninas gritavão Snor Ds mizeriCordia; os Corpos das Criaturas voa
vão e todas me vinhão ter Com o meu Pe e Comigo porq nos he q
a estavamos amparando Com as Imagens Rezando e pedindo a Ds soCo
rro por ela Ma Snra foi tal a Comfuzão q tivemos por espaso de
sinco dias q ja tinhamos medo de Rezar as Criaturas todas não dor
mião nem socegavão sempre estavão em pé e algũ boCadinho q se
emCostavão estavalhe o Corpo tremendo e Combatendo Com a furia dos
demonios A Snra se o Juizo feito no Corpo das Criaturas he tão horendo