PSCR0118 1571. Carta de Diogo Lopes Serralvo, ferreiro, para a sua mulher, Maria Álvares.
Summary O autor dá à mulher a notícia de que a filha de ambos foi presa pela Inquisição. Relata a sua consternação e põe a destinatária a par das providências que já tomou, aconselhando-a a manter a esperança.
Author(s)
Diogo Lopes Serralvo
Addressee(s)
Maria Álvares
From
Portugal, Évora
To
Portugal, Beja
Context A presente carta foi apreendida ao réu, Diogo Lopes Serralvo, logo após ele a ter escrito. Como se tinha dirigido a Évora para visitar a filha, soube à chegada que ela tinha sido presa pela Inquisição, notícia que logo quis transmitir à mulher. Foi por isso mesmo preso e de imediato interrogado sobre o conteúdo da carta e sobre as pessoas nela mencionadas. Posteriormente, o seu processo transitou da Inquisição de Évora para a de Lisboa.
Support
uma folha de papel dobrada, escrita nas três primeiras faces.
Archival Institution
Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository
Tribunal do Santo Ofício
Collection
Inquisição de Lisboa
Archival Reference
Processo 66
Folios
17r-17v
Online Facsimile
http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2299936
Transcription
Tiago Machado de Castro
Main Revision
Rita Marquilhas
Contextualization
Tiago Machado de Castro
Standardization
Raïssa Gillier
POS annotation
Raïssa Gillier
Transcription date 2017
View options
Text : Transcription Edition Variant form Standardization - Show : Colors Formatting <pb> <lb> Images - Tags : Detailed POS Lemma Linguistic notes
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minha querida
molher
/ fasovos a saber hem como a nosa filha
beatrys lopez lume dos meus holhos
a ña vy nem sey se a verey hem meus dias
porq çheguey quynta feyra amtes das
matynas a hevora homde achey as
portas de mynha fylha seradas por
fora com doys homeys asemtados num
bamco a porta he pregumtey homde hera
m he nã me queriam dizer todavia
me dixeram como aviam premdido
tamto q me dixeram me deitei da besta
arbaxo com gramde choro pregumtei
homde hestava frãsisco rodrigues he di
xeram me q hem caza de baltazar rodrigues
nem sabia domde morava fuime a ca
za de bemto rodrigues he bati a porta q
nã heram aymda herguydos he tamto
q me conheseram loguo s ergueram todos
he fizemos muỹto gramde de pramto por
q loguo ho sobe frãsisco rodrigues he veyo
/ he tornamos ao prãto de novo louvores
a noso snor he ay hestive duas horas
hem q veyo muỹta gemte he day fomos
a caza de baltazar rodrigues he torna
mos ao choro de novo de maneyra q todo ho
dya he noyte ate aguora q vos hescre
vo esta com lagremas sem hembarguo
q hesperamos hem noso snor de ter
bom lyvramento hõte pela manha
fuy a nosa snora da grasa he mãdey
dyzer hua mysa q ma quizese lyvrar
he a nos tambem dovos novas q toda a
sidade hesta muỹto pezaroza de sua
pryzam porq nos dyzem q ho barza
lay o coxo a foy aquzar porq a muỹtas
testemunhas q lhe ovyram dyzer q avya
d aquzar dyzemdo q hua raparygua de be
ja que morava debaxo dos arcos q se hes
comdya por lhe nã dar hesmola quãdo ho
vya de maneyra q dysto a muytas teste
munhas quẽ prometya de lhe fazer deytar
hum abyto asi snora q não vos aguasteis
porq ho casireyro he muyto grãde amiguo
de baltazar rodrigues porq a noyte q a prem
deram lhe mãdou fazer hua cama he le
var ho menyno he o berso he quheyros
/ he lhos lava amtonya he lhos levam
asi q lhe dys ho casereyro q com ajuda
de noso snor hele a livrara he asi ho proqu
rador d elrey q prequra na caza todos
dyzem que hesperem he noso snor q nã
a de ser nada queremos fazer hua pety
sam a meza q tyrem quatro ho seis teste
munhas de como dezya q avya d aquzar
asi que hoje a partyda d afomso lopez
se foy framsisco rodrigues pera sua caza
he lhe hemtreguaram sua fazemda sem
hembarguo q lha avalyaram nã vos aguas
teis como dyxe ao lopez do grãde trabalho
q la vay noso snor vos tenha da sua mã a vos
he a nos temde bom corasam porq heu vos yrey
ver sedo com ajuda de noso snor como hese
homem se vyer dyzey a meus fylhos q me me
temperem hesas fouses nã tenho falado aym
da nas q eu troxe hese fato q temdes cobertor
he sayas he o mays q tyver despomde em
dobro
Legenda:
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