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Maarten Janssen, 2014-

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1762. Carta de frei João Batista para Paulo de Carvalho e Mendonça, prior.

ResumoO autor comenta um caso de um réu acusado de bigamia, critica os clérigos regulares e felicita o destinatário pela sua promoção a prior.
Autor(es) João Baptista
Destinatário(s) Paulo de Carvalho e Mendonça            
De América, Brasil, Pará
Para América, Brasil, Pará
Contexto

Este processo diz respeito a Matias da Silva Gaio, advogado mulato de cinquenta anos de idade, acusado de bigamia. Filho de Matias da Silva Gaio e de Maria de Jesus, o réu era natural da Bahia e morador em Lisboa, tendo casado uma primeira vez a 8 de setembro de 1735, na freguesia de Santo António Além-do-Carmo, com Adriana de Cerqueira Novais, com quem teve um filho; casou uma segunda vez com uma mulata chamada Maria de Almeida, e uma terceira vez, já na cidade de Belém, com Dona Ana Ferreira Maciel, sendo viva ainda a sua primeira mulher. Teve cinco filhos desta terceira mulher. José Gracês do Amaral foi testemunha do casamento do réu com Dona Ana Ferreira Maciel. Preso a 15 de Setembro de 1767, o réu foi condenado em auto-da-fé de 20 de setembro do mesmo ano a abjuração de leve, degredo para Cabo Verde por cinco anos, instrução na fé, penas e penitências espirituais e pagamento de custas. Terá falecido cerca de um ano depois, a 15 de outubro de 1768.

Suporte uma folha de papel dobrada, escrita nas três primeiras faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 9274
Fólios 48r-49r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2309413
Socio-Historical Keywords Raïssa Gillier
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Raïssa Gillier
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Raïssa Gillier
Anotação POS Raïssa Gillier
Data da transcrição2015

Texto: -


[1]
Illmo e Exmo Sr
[2]
Com a carta de V Exa que tive a honra receber nesta Frotta consegui o inexplicavel prazer de observar, que a V Exa lhe asiste milhor saude, pois tão rigorosamente se me préga com aquelle espirito, que sendo tão es-pecial, he commum em os senhores da caza de V Exa; isto he, de fidelidade, e amor ao Rey de attençam e affecto á Patria;
[3]
e se estas coizas são tão claras, não he de admirar, que o Rey Fidelissimo mostre que as reconhece, pois esta Lembrança, que novamente teve de V Exa ao conferir-lhe a Dignide de Dom Prior; dou a V Exa os parabens, e espero não sejam os ultimos, que lhe hei de dar;
[4]
Nesta terra he muito publico, que Mathias da Sylva Gayo he cazado com duas mulheres,
[5]
a mim mo delataram em officio:
[6]
porêm como tenho a noticia, que ja ao Santo Tribunal se fez nesta materia, e dêo huma conta em que hum propio cunhado seu, sendo chama-do pelo falecido comissario Lourenço Alz Roxa de Potmiz depós ser verdade; e actualmente o Rdo Pe Caetano Eleuterio de Bastos tãobem commissario remete outra clareza, assentei com elle, que cuidasse enteiramente no ponto, porque a mim me não falta em que cuidar:
[7]
mas com efeito ha escandalo nesta materia, pelo jul-garem capaz destes, e outros desmanchos.
[8]
Não me descuido dos interesses da- Bulla, se bem me desconsola presumir com bom fundamento, que inda as doutrinas jesui-ticas estão semeadas na terra;
[9]
e não sei se alguns Regulares, por não fazerem esse piqueno gasto com as gentes, que trabalham nos seos citi-os, ou Rossas, estão na mesma intelligencia.
[10]
Nas Rossas dos Regulares vive muito Povo,
[11]
nascem, morrem, e os bautizam.
[12]
Eu não tenho vezitado estas Fazendas, por me não expôr aos desatinos desta gente, ma-iormente Padres do Carmo, com quem me não entendo, exceptuando tres, ou quatro Religiozos de Portugal sérios, e graves, em que não en-tra o Provincial actual, por mais que Ore por elle muita gente, á força de Cacáo, e de caffé.
[13]
Dê-me V Exa muitas oc- occazioens de o servir ja que tem conhecimto do affecto, e verdade com que sempre dezejei dar gosto á Pessoa de V Exa q Ds Gde ms anns
[14]
Pará 17 de 7bro d 1762
[15]
Illmo e Exmo Sr Monsr Paulo de Carvo, e Mendca De V Exa Fiel, e enfmo. capellao, e mais obrigado Fr João Ba do Pará

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