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Maarten Janssen, 2014-

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1602. Cópia de carta de João Nunes Baião para Isabel Mendes, sua mãe.

Autor(es)

João Nunes Baião      

Destinatario(s)

Isabel Mendes                        

Resumen

O autor pede à mãe que lhe mande entregar vinho na prisão e que trate dos seus assuntos enquanto ele não o pode fazer. Mostra-se apreensivo em relação ao que a Inquisição lhe pode vir a fazer.

Texto: -


[1]
Oje sestafra doze do mes vi o seu feito a nove
[2]
o q diz do Livro branco ja q ha de ser pudera ser o q eu disse pois tanto custa assi como assi q esse desencadernado não sei qual
[3]
e ouverame de dar outro sinaL mais delle, perq pode ser algũ q não cõvenha ao tempo.
[4]
o pe pareçe q tem pouca vontade de mandar o seu, e de esCrever como prometeo, portanto não o forsse mto.
[5]
O vinho não venha polla snora perq não passara qua como o outro.
[6]
mãdelhe pedir o frasco Ja q bebeo o vinho.
[7]
E se o bulle vier tãobem o arrecade, per q não ficara aqui.
[8]
Dos pardaos Ja disse tudo se me entendeo perq não se sofre, nẽ eu o fiz senão per obedecer.
[9]
E saiba ella q os mandei eu pedir de meu nome. per contempori-zar q bem sei quantos terá despendido
[10]
E pode ser q maL pois tarda tanto, e passa assi per tantas mãos.
[11]
e Lembresse VM q se algũ dia pedir eu outros sem dizer o pera q q me entenda, pois aqui não mercançias,
[12]
E não queira ella Remar d ambas as mãos.
[13]
A letra Leo milhor q toda a outra como ja disse mtas vezes, e ainda q fora ruim a lera mto bem,
[14]
E per vida de VM, e minha q nẽ hũa palavra deixo de entender,
[15]
e o q digo pollo q deixa de esCrever, q o mesmo dissera ainda q viera esCrito de forma
[16]
perq se VM me não escreve do AneL q tantas vezes lhe disse, q tem de ver não ler bem a letra, q mais Clara pa mỹ, e a leo milhor q a d antonio,
[17]
e isto posso jurar
[18]
de VM Ler esta bem e esCrever tãobem tãobem folgo tanto q lho não sei dizer q sinal de boa disposição,
[19]
per isso dou mtas graças ao snor q sempre lha dee
[20]
per isso não me diga mais não Leo bem
[21]
, e q Lea devagar, perq lhe mandarei o seu esCrito da minha Letra todo pa q veja se leo bem como agora estive pa fazer.
[22]
Das devoçõis e Romarias Mto bem sei as q fará, mas meus peccados são mtos
[23]
e se não forão as oracõis de VM q não sei o q fora Ja de mỹ, perq não mereço a Ds senão castigos maiores q estes, os quais elle abrande per sua mya pa q ainda o sirva como elle quer.
[24]
Digame se sabe do pe po tavares q foi capellão de francisco da silva se está aqui ou onde e como.
[25]
quanto o q passei tudo vai fundado sobre Adão e Eva, e q sendo assi não posso ter contribuido,
[26]
e per aqui mil ameassas embussadas, com q me dão a entender q se não des-cubrir passarei maL.
[27]
Mas eu sei q não senão o q ja tenho dito, mas eu tenho cobrado tanto medo, q cuido q tudo o q dizem será assi, e pior,
[28]
e ja puderão estar desenganados perq me tem tentado per todas as vias brandas e asperas q puderão.
[29]
per isso folgara de saber a q custumão achegar pa estar sobre avizo
[30]
A mãy da chiqua tãobem cuido q passou mto disto. mas não sei como,
[31]
quando digo q não callo nada dizẽ q outros disserão o mesmo, e q quando se virão em pressa disserão.
[32]
per isso reçeo q me fação algum sinaL pa ver se achão em mỹ o mesmo.
[33]
Ja disse mais do q queria perq não sei como este passara, e per isso não digo o mto q deixo;
[34]
VM me diga o q lhe parece, q eu per me dizer q assy custume estou quieto
[35]
algũ tanto fiquo com cuidados deste
[36]
respondame a elle.
[37]
Das seis mangas vi quatro da Rua per duas vezes, e hũa folha de papeL sabdo

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