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Maarten Janssen, 2014-

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1818. Carta de João Machado para Lino Machado, seu irmão.

Autor(es)

João Machado      

Destinatario(s)

Lino Machado                        

Resumen

O autor escreve ao irmão do degredo no Rio de Janeiro queixando-se da sua sorte e pedindo ajuda para obter um indulto.

Texto: -


[1]
Meu Manno do Co
[2]
Munto estimarei que te tenhas tido felecidades Como eu pa mim dezejo i Juntamente em Compa da nosa Mai dos mais irmaus
[3]
pois eu sahi da cidade do porto a dezoito de nobro de mil 818 i chiguei aqui a esta pisão de desta cida do Rio de janro Com trinta digo Com sesenta dias de viaige
[4]
pois eu acheime no mar munte mal pois ja não pensava de tornar a minha saude prefeita porque estive sete dias sem comer nada
[5]
se não me fose hua garafa de vinho que bubi ja estaria noutra vida porque não hera senhor de me ter em pe nem quem me fiezese remediu algum
[6]
isto agora deu os meus Inemigos
[7]
porem se eu la tornar nada lhe he de ficar a dever
[8]
eu meti hum requerimento ao rei mas ainda não tive reposta dele
[9]
asim que tiver alguma resposta eu te avisarei
[10]
Meu Manno do Co eu des coando veio o carvalho aonde ao porto não tornei a recever carta tua
[11]
estive a ispera dela emthe ao dia que sahiporem
[12]
i mais esperava por algumas pa remediar a minha Libardade porque se eu as truxese decerto aqui tinha lebardade
[13]
asim talves irei pa u meu destino
[14]
porem bem sei que naci pa ser desgracado
[15]
eu não tive quem precurase por u meu Libramto senão talves não chigaria aqui
[16]
talves me veria o mal donde eu pensava que me viria o remedio
[17]
oixaLa que te não faco Como a mim
[18]
eu bem sei que tu não me pudias fazer mais Nada do que me fizestes nem eu tanto te mercia
[19]
eu vem sei que tu ficastes munto emdevidado com a caza e que te não terão feito pagamento
[20]
eu escrevolhe agora
[21]
mandolhe dizer que te faco pagamento
[22]
Meu Manno pecote peLas cinco chgra chagras de cristo i pela aLma do noso pai que sais desa tera pa fora senão decerto hes prezo
[23]
u meu coracão não me dis outra couza
[24]
eu vem sei que não has de crer deixar os benes senão senpre os deixavas
[25]
oixaLa que eu não souvera dar noticias
[26]
eu se souvera que buscaba este caminho antes havia de morer na geira do que chigar o que chiguei
[27]
i fasme mtas vezitas a minha Madrinaha ao Joze a todas as primas ao cer carvalho i a mulher
[28]
fasme muntas vezitas a tia de quintela aos primos i muntas ao franco theixra i a joaquina gles
[29]
vezita ao Joze martens ao Irmão
[30]
Meu Manno Não facas pouco cauzo a respto da tua livrdade
[31]
isto he se não puder aragar a librarte La perparate i bemte butar aos pes do Rei
[32]
eu não espero Librdade aqui senão ningem te havia de fazer isto com mais vontade do que eu
[33]
u mto que te pode Livrar são nove ou des moedas
[34]
em seis mezes bens i bais mto a tua vontade
[35]
u noso Rei indolhe falar em pesoa Não dis que não a ningem
[36]
Logo que receveres esta iscreveme duas cartas hua pa engola outra pa esta cidade
[37]
eu emcoanto não acavar de todo aonde quer que istiver senpre te hei de escrever
[38]
eu aqui tive noticias do nosso feito e so foi pa u seu destino
[39]
com esto fasme vezitas ao franco de cavarelhe minhas i do filho soldado q aqui tem vindo aonda mim
[40]
adeos emthe a vista
[41]
João Machado
[42]
Meu Manno se não puderes arangar u Libramento sem ca vires tras cartas do Silveira para vernardo da silveira que ele fas tudo quanto quer Com o Nosso Rei
[43]
deos emthe a vista

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