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Maarten Janssen, 2014-

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1719. Carta de Gaspar de Matos Fonseca, produtor de aguardente, para a sua cunhada, Isabel da Ribeira.

Autor(es)

Gaspar de Matos Fonseca      

Destinatário(s)

Isabel da Ribeira                        

Resumo

O autor escreve à cunhada contando que o seu marido estava casado com outra mulher em Lisboa.

Texto: -


[1]
Irmaã minha, e snra Muito me alegrei com as suas novas de vmce por ver nellas q lograva felis saude;
[2]
Nosso sor lha conserve por mtos annos com mta paciensia pa sofrer tantos trabalhos,
[3]
Eu, e sua cunhada Maria Mendes ficamos de saude Ds louvado e nos recomendamos com mil saudades a vmce e a noso sobrinho, e a nossos cunhados, e cunhadas
[4]
Snra No tocante a seo marido Jozeph tem sido falço tanto a vmce como a El Rey de Castella, e como a El Rey de Portugal
[5]
costume mto a ter noticia certa ahonde elle estava
[6]
eu fui o pro de janro a Lxa, estive com elle, e o achei cazado naquella corte com Joanna dos Santos com qm eu tambem estive, e conhesi de certeza estar recebido com ella,
[7]
e chamando a elle em segredo lhe dice como estava cazado sendo sua pra molher viva pois a tinha em minha caza
[8]
e elle tomou tal sobresalto q me não soube dar respta,
[9]
mas logo o levei comigo a fallar com hũo frade de são Dos pa q o aconcelhace e se fosse acuzar ao Tribunal do sto offo pello não prenderem, e o asoutarem, e mandarem pa as gales, e se fosse logo fazer vida com sua mulher,
[10]
e elle me deo pallavra de hir, mas suponho como treydor em tudo o ha de ser.
[11]
A noticia q me veyo neste correyo de Lisboa foi q ha outto dias não aparesia ja, e agora não sey pa honde elle foi
[12]
pode vmce suppor q he veuva, e fazer bem pouco cazo delle pois não tem cara pa apareser diante de qm o conhece
[13]
e se eu tiver noticia delle eu o hirei bus Eu o hirei buscar, e o levarei comigo pa fazer vida com vmce,
[14]
e pode estar descansada nese negocio porq lhe hei de fazer toda a diliga,
[15]
e o não ter escripto a vmce pa lhe dar conta do q se passava hera por não ser ahinda a notisia certa do q se passava.
[16]
No tocante ao q vmce me manda dizer de meo sobrinho determina sua Tia q se vmce o quizer deixar vir pa sua companhia q tratará delle como seo filho
[17]
e rezolvendose vmce a deixalo vir me remetta huma carta por qualquer almocreve q venha pa este reyno que logo a hirei buscar,
[18]
e não necessita a mandar por Rios a fazer custos,
[19]
e a carta virá dizendo no sobreescripto a gaspar de Mattos q fas agoa ardente atras do Convento de Santa Catharina
[20]
o proprio entregara a vmce vinte, e quatro rialles pa vmce lhe pagar o seo trabalho e de sua cunhada
[21]
aseite vmce hũo abraso, e outro a seo sobrinho, e eu fasso o mesmo
[22]
e pa tudo o q tiver prestimo fico pa lhe obedeser
[23]
a qm Ds gde mtos annos.
[24]
Evora 10 de fevero de 719 annos
[25]
deste seo cunhado q mto lhe quer Gaspar de Mattos da Fonca

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