Sentence view 1576. Carta de Julião da Costa, oficial da Coroa, para Maria de Almada, sua mulher. Author(s)
Julião da Costa
Addressee(s)
Maria de Almada
Summary
O autor mostra-se confiante quanto à entrada da filha no mosteiro de Chelas. Além disso, dá notícias da sua estada na Índia e faz recomendações à destinatária, sua mulher.
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e por tãoben sra
cunprir o q me mãodaes tenho detriminado e asi A de ser de as
não comer
e nisto estou mui seguro e o mesmo podeis sra estar
vede sra mtas vezes As minhas lenbransas e fazei tudo ho
q nella pesso
e não aserte de fiqar algũa couza de ver
por falta de a ler e asĩ me escreva se arecadou
todo ho dro q se me devia e se vendeo a roupa e por
coanto –
coanto A Jorge da Costa mãodolhe q en tudo lhe obedesa
e q se venha pa qa asin o aconselhes de coanto este
ver en lixa pouze con minha tia ou con algũ amigo
q não seja de caza do jeronimo pra ou onde quizer
ho
mesmo follgaria q fizesen os maĩs ospedes porq são
contrairo de gritos e desenquietasões e por asin ser cus
tume a quen não ten seu marido en caza como sabe
o mesmo voso irmão ãto fragozo
e asin o uzão en caza
de vco lourenso e mais porq hos ospedes são de condisões
q fallão senpre e fazen couzas q eu não fallo nen
fasso ho q e perjudisiall asin pa a vizinhansa
como pa quen ten hũa fa molher A ql não
e rezão q ousa mtas couzas q se fallão q dizen eles q não
e nada
e do mais folgaria q ouvese mta conformidade
e amizade
A sra vosa tia beijai por mĩ mtas vezes as mãos q seu fo luis
d allmada anda mto ben desposto mas não ten dinhro
q foi Agora daquy ãtes q eu viese pa malaqa con
fazda de hũ omẽ q he cazado con hũa prima de sua
molher A sra Izabell de teves
e sua fa beijay
por mỹ as mãos e o mesmo a minha tia e prima
e a minha comadre ca do carvalhall –
coando me escrever respondame A tudo o q lhe escrevo sen
falltar nada e pa iso veja a ese tenpo as cartas
Coanto as encomẽdas q mãodo as pas do q troux outras vão no cai
xão q leva Jo gomez na nao Caraoja ho ql e marinhro
della
pella minha lenbransa no cabo della vera ho q
e pa cada hũ ho q tudo sra mãodareis asĩ como o mãodo
por
q me vai niso meu credito
e se as porsellanas q mãodo ao
bispo e a martỹ ao ao po quebrarẽ algũas seja A quebra d anbos
pa q não fique hũ con tudo e outro nada –
as encomendas
todas vão en hũ quaixão q leva Jo gomez marinheiro na
nao Caraoja q e nesesario l mãodar pidir a ãto soares ou A
mell pĩto q v mãode recado aos goardas q ho deixen tirar seu
ser A caza da india e tanben maodai recado ao bpo q mãode
lla pidir q não vão as suas encomẽdas A caza da india
e
se forẽ paguẽ os donos das encomendas os direitos –
eu mãodo A don Jo vinte e coatro aratẽs de q laqure e hũ
buzio lavrado da china q tudo vai dentro no caixão de minha q he
fa e ma duzia de canas de bengalla
o q tudo lhe mãodareis con
A minha carta e hũs carosos e pevides de laraõjas q elle mto
A de prazar as qs não sei Ainda en q irão
se mãodar algũ
dinhro disto tomaio e escreveme o coãto e o q faz e não lhe
esquesa de mo escrever pa saber ho q ey de fazer
en antes
outras encomẽdas suas Areqadareis de don jo martĩ ao hũ
cruzado de frete das encomendas e tres joas de po frz e se
o bispo mãodar algũa couza tomaio – q ja de qa vai pago
Jo gomez – hũ bertollameu de llemos vai este ano e ãto
lopez q cudo q vos irão ver
escreveme sra quen vos vizita
e ve pa saber A quen devo –
mãodaime sra mtas novas de vos por me fazerdes m pq de
dellas so vivo e nellas tenho minhas esperãosas Ate q noso
sor aja por ben de me levar diante dos seus olhos
A quen peso se lenbre de vos e de mĩ e de nosos fos
pa seu sviso A quen cubra de sua grasa e de sua ben
são
a quen e a minha bensão os cubra e a vos elle
de vida por se não acabar a minha
de coçhin
A 3 de dezro de 1576
de voso marido
Jullião da costa
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