PSCR3391
1619. Carta de Álvaro Correia, criado, para o licenciado Clemente Félix.
Autor(es)
Álvaro Correia
Destinatário(s)
Clemente Félix
Resumo
O autor explica a sua conduta protestando junto do destinatário pelas perseguições que tem sofrido.
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Ao Sr Ldo Clemte Felix
snor Ldo
Muito estimey de me diser Luis saravia hũ recado de VM
e muito mais saber da saude de VM a qual seja sempre
muito prefeito havera dous mezes que ando em Lisboa plas
ruas não me faltou quẽ me diçe que eses senhores querelarão
de mim ou avião de querelar tirey hũa carta de seguro
e não vi ate guora que fizeçem diligensia pa me prender e a
mor cautella tirey segda carta de seguro por se me acabar en 38 dias a qual he bem feita
e se me prẽderem cõ ella soltarmeão q os homens pren
dem pera o limueiro mtos mais graves q eu se eu aguora
ando nesta sidade não pera atentar em couza q toque
a jerasão deses sres q ainda q eu tire seguro real não por cou
za algũa senão q dio frz e anto ribro emcontrandome a santo
antão me querião matar e como eu não sou tão valente co
mo cada hũ delles saime cõ boas plavras e não me matarão
e dizerem mtas pas que juravão q me avião de matar por iso me
quis segurar que o diabo me levese e por outra couza nẽ he
eu pretendo o que elles cuidão e se eu de minha parte posso fazer
couza cõ q elles fiquẽ seguros dela po parte eu farey tudo e se
tiver algũ papel o dorey eu fis algũ dia algũa diligensia
ou algũa couza e se elles me não falarão nestas couzas eu ouvera
algũ dia de falar niso mas como vi q elles me falarão de m
antão andei cõ fosquas como Vs Ms aguora andão mas qto di
zerem q não ande em lisboa iso he couza que não pode ser
q quoando meu tio o não pode acaber comiguo vindome de pre
possito a buscar não ho ei de fazer cõ temores destes senhores que
elles não me podem empedir a sidade e se elles não querem que
Eu ande aqui tão bom partido me podem fazer q ou pera anguola
ou outra qualquer parte va que muita vontade tenho de andar
em lisboa con fazer e se me prẽderem juro a esta que
me não ha de pezar e mais que não hao de soltar outra ves e folgara
de saber que niso lhe faso em andar aqui pois lhe não paso pella porta
q ha dous mezes que aqui estou so hũa ves fui a ribeira sem oulla
pera as paredes e pezame muito de ter cõdisão pa sofrer q me tirẽ hum
olho por fazer tirar dous e asim não tem que cansar pa comiguo pren
dãome emforquẽme q hanimo tenho pa tudo que quoanto sairme
de lisboa não ho ei de fazer se não fizerẽ o que diguo mas lembro
a VM q ha de pezar muito a eses senhores atentarẽ a me empedir
lisboa se não se for por esta via e se qualquer deles qzer falar
comiguo digua aonde i eu lhe darey o que dantes me pedião Vs Ms
que eu não quero nada de pesoa algũa desas cazas e se me quizerẽ
buscar pa me matarẽ ou prenderme eu ando pla sidade e ei de tirar
o meu seguro antão mas que me matem e torno a dizer a VM
q ei de andar em lisboa ate q lhe acõtesa hũ dezastre acontesẽ
do outro a mim que como eu estou desfavorescido de meus pa
rẽtes pera mor destes sres avinturado estou a tudo e o tempo lhe dou
o sor gde muitos annos oje sabado 9 de novro
Servidor de VM
Alvaro Correa
e querendome prẽder o sor mel frz tinoco eu o ei de mandar sitar pa di
zer se quer algũa couza de mim e ahi me tem seguro e ficarei loguo
la no limueiro
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