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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0055

1544. Carta de João Dias, tecelão, para Francisca Nunes, sua mulher.

ResumenO autor manifesta as saudades que tem da sua mulher e a intenção que tem de a visitar.
Autor(es) João Dias
Destinatario(s) Francisca Nunes            
Desde Portugal, Évora
Para Portugal, Beja, Odemira
Contexto

João Dias era réu num processo de heresia movido pelo Santo Ofício. Dado como culpado, foi condenado a cárcere e hábito perpétuos no ano de 1543. Numa carta do inquisidor-geral de 1544 (fól. 40) foram-lhe abrandadas as punições, atendendo a que cumpria com humildade a sua pena. Foi decidido que abandonasse o cárcere, transitando para uma casa na cidade de Évora, de onde só sairia aos domingos e em dias festivos. Perante este abrandamento da pena, resolveu ir visitar a sua mulher a Odemira, a quem escreveu a presente carta. No caminho, foi visto por trabalhadores do campo a esconder o hábito penitencial que era obrigado a usar. Interpelado por estes, foi entregue à justiça sendo-lhe movidas novas diligências judiciais.

Soporte duas folhas de papel escritas em ambas as faces.
Archivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fondo Inquisição de Évora
Referencia archivística Processo 6047
Folios 48r-49v
Socio-Historical Keywords Tiago Machado de Castro
Transcripción Tiago Machado de Castro
Normalización Catarina Carvalheiro
Anotación POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Fecha de transcipción2013

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pa a mto prezada estymada Frca nunez ẽ Odymira mynha mulher Snra molher

meu ds seja louvado sou ja fora do quaçere/ E a mays dor que no lovey ey no casere e a mor trebulaçao q nele tyvy e poder saber Recado nẽ novas nenhũas de vos posto q hos meos ffos ho fyzerão mall comomigo q nũqua deles ouvy Recado nhũ e porẽ tudo yso E p sra molher os meus olhos nũqua erão exutos e me alẽbrar o vosso amor posto q as vezes me vossas q esquyvãças me vynhao a memorya eu as lãcava logo de mỹ poque as vezes vos me daves os bom cõselhos e eu nũqa volos quys tomar porẽ a y mall q as vezes vẽ po bem sabemos em q ajuda de nosso sor eu sou ffora do quaçere e derão me esta cydade d evora po prysão/ poque ho sor ymfamte avemdo myserycordya de mỹ e doutros muytos/ e asy espero nosso sor q çedo me dara lugar pa me yr pa la pa vos ver poque outra cousa mays não desejo q vervos/ eu sey q me não vyestes vos ver sẽ vosa grande pobreza ao glz veio qua e me deu novas de vos e me cõtou ho vosso desẽparo e eu muyto ho creo poque eu neste mũdo o que ca mays desejey de vyr bonãça o quall vos nũqua ho quysestes crer pois logo o acabares de crer/ sabẽns sra molher q neste mũdo mays não desejo senão de estar mays dese tres dyas cõvosquo e entonces façades de mỹ aquilo q veja for seu sãto serviso/ sabẽns q foy ho meu prazer tamanho quãdo me derão as novas de vos como ffoy o dia da mynha sulltura pq sabens q mays vos tynha po morta q po vyva aimda q viva trabalho/ eu sra vyvo esperãnça de vos yr ver mto cedo ajuda de ds e peçovos mto por amor de noso sor q tomeys paixão po mỹ mas ho aves de fazer e ẽcomẽdades me nas vosas horações e Rogar a ds q me acabe seu sãto Svyso e poque sabẽns q ds pmramte me fazẽ qua mta merçe poque me fazẽ mta mce todos estes grãdes e me dão ho que ey mester/ sra molhereu vos mynha amada ho que eu cudey q tamto temo e trago na alma eu vos tyvera mãdado allgua cousa mas po ter po quẽ volo mãdar mãdey la vos mãdo quatro vỹtes pre o potador ao glz sra dayme mtas ẽcomendas a po de prata e a sua fa e a seo Jenro mell vaz e amdre Roiz cabeção e a sua molher frca de bayros poq todo sua caça poque sey q lho devo e a vos sra molher fazey de gysa q se lea esta carta porã ele e e porq peço a võs sor mell Roz q me tenhas cargo desa molher como sẽprẽ tyvestes e ysto e em vos afrymo q vos mo devẽs poque ao temdedor pouquas palavras/ e agora não dygo mays senão q senão q vos mãdo beyjar as mãos e vos Rogo q Roygeys a nososor sor po mỹ q me de graça pa q ho sva e allvo ao meu copadre me day mtas ẽcomẽdas

do voso marydo e grãde amygo Joo dias

Leyenda:

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