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Maarten Janssen, 2014-

PSCR1530

1737. Carta de Teresa Vicência de Jesus Maria, pseudónimo de Teresa Maria de Jesus, para Ana Maria Teresa de Jesus.

ResumoA autora pede à destinatária notícias dela e do seu sobrinho que estava preso, e conta-lhe que está de cama.
Autor(es) Teresa Maria de Jesus
Destinatário(s) Ana Maria Teresa de Jesus            
De S.l.
Para Portugal, Viana do Castelo, Mosteiro de S. Bento
Contexto

Esta carta encontra-se, juntamente com outras seis, no processo de Teresa Maria de Jesus, também conhecida como Teresa Vicência de Jesus Maria, presa pela Inquisição a 6 de Novembro de 1738 por fingimento de visões e revelações. Teresa Maria de Jesus era uma jovem muito beata, moradora em São Pedro de Rates, que dizia que tinha visões de Cristo e que este lhe falava. Ela fazia-se muda e só dialogava com o seu confessor, fazendo-se entender por gestos com as restantes pessoas, e dizia que tinha êxtases e que previa o futuro. Desde a Quaresma de 1737, Teresa Maria de Jesus estava a assistir na casa de Joana Luísa de Santa Clara e de sua mãe, no Campo da Feira em Viana do Castelo porque o seu padre confessor se encontrava a pregar naquela cidade e ela o quisera acompanhar, como sempre fazia, pois ficava doente quando se separava dele. Conhecendo a boa fama de Teresa Maria de Jesus, por a ter ouvido ao confessor desta, Josefa Maria do Espírito Santo, religiosa no convento de S. Bento de Viana do Castelo, chamou-a para a conhecer e, assim, a jovem passou a visitar as religiosas frequentemente, falando com elas por gestos através da grade da igreja. Josefa Maria do Espírito Santo contou que Teresa Maria de Jesus lhe enviara cartas, afirmando que Cristo a autorizara a escrever-lhe, e que, ao princípio, convencida da sua virtude, se sentira muito orgulhosa desse facto, trazendo as referidas cartas ao peito como relíquias. A ré trocara ainda correspondência com outra freira desse convento, Ana Maria Teresa de Jesus, que já a conhecia antes desta ter vindo para Viana do Castelo, pois tinha um sobrinho preso no Porto que, ao passar por S. Pedro de Rates no caminho para essa cidade, tivera conhecimento da virtude desta jovem e escrevera à tia sobre ela. As duas mulheres tornaram-se amigas, e Ana Maria Teresa de Jesus pediu a Teresa Maria de Jesus que encomendasse o seu sobrinho a Deus para o livrar da prisão. As duas continuaram a trocar correspondência quando ela foi para Viana do Castelo. Todavia, rapidamente as pessoas perceberam que tudo o que Teresa Maria de Jesus fazia era a fingir, uma vez que as suas previsões eram falsas e o seu procedimento incoerente com a virtude que proclamava ter (não jejuava, comungava sem sem confessar, etc.). A jovem foi então denunciada à Inquisição, quando já tinha partido de Viana de Castelo e se encontrava em Coimbra com o seu conselheiro espiritual. O confessor de Josefa Maria do Espírito Santo aconselhou-a a rasgar e queimar as cartas que a ré lhe tinha enviado, pelo que só restavam duas (PSCR1527 e PSCR1528), que ela entregou à Inquisição quando veio testemunhar. Também Ana Maria Teresa de Jesus entregou ao Santo Ofício cinco cartas da amiga (PSCR1529, PSCR1530, PSCR1531, PSCR1532 e PSCR1533), embora acreditasse plenamente na virtude dela. Teresa Maria de Jesus foi condenada a ser açoitada publicamente e degredada por três anos para Évora, sendo ainda proibida de regressar ao Porto, Braga ou Viana do Castelo.

Tem escrito no topo "Escrita à madre D. Ana Maria Teresa de Jesus religiosa em S. Bento.

Suporte duas meias folhas de papel escritas numa das faces, a primeira com sobrescrito.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 2914
Fólios 92r-93v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2302846
Transcrição Maria Teresa Oliveira
Revisão principal Fernanda Pratas
Contextualização Maria Teresa Oliveira
Modernização Fernanda Pratas
Data da transcrição2016

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A Snra D anna ma thereza de jezus no con bento de s bento viana J M J

Minha querida senhora e amiga toda do meu coracão o Divino amor arda e ferba na alma de vm e lhe dea mt balor pera turar todo o o todo trabalho e padecer q tem q eu aqui estotou nesta cama athe quando Deos quiizere mande me dizer como esta seu prezo q estou com grande cuidado e de vm com muntas saudades eu tenho no meu coracão em Deos pera lhe pidir mt e mt por vm hele lhe de a pasencia e a seu e prezo possa a vm me escreva todo todos os coreos q da livio nas minhnha penas e ame mt Deos amor amor feitiseiro das almas moramos de amor demos lhe tudo q so hele he tudo hora demos lhe de com comer q tem mat fome q o memos mais e mais he q nuca digamos basta me muntas saudades saudades a sor sua irman e todas desta sua amiga thereza vicencia de jezus hoje vente nove dias


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