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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0649

1736. Carta de Domingas Rodrigues para o seu marido, Luís dos Santos, carpinteiro.

ResumoA autora responde ao marido, criticando o facto de ele lhe ter pedido para ela não o tratar por marido, antes por parente. Diz ainda que lhe enviará um linho pedido e comenta haver rumores quase certos de que ele estaria casado no Brasil, onde teria dois filhos.
Autor(es) Domingas Rodrigues
Destinatário(s) Luís dos Santos            
De Portugal, Viseu, Cercosa
Para América, Brasil, Pará, Belém
Contexto

O réu deste processo é Luís dos Santos ou Luís André, acusado de bigamia. Após ter casado em Portugal com Domingas Rodrigues, aos treze anos, e de ter com ela vivido maritalmente por um ano ‒ casamento do qual nasceu uma filha chamada Maria -, Luís dos Santos teve de ir a Lisboa e, ao saber da frota para o Maranhão (Brasil), para lá se ausentou. Casou-se lá com Catarina Correia de Oliveira e com ela teve cinco filhos. O caso soube-se e, apesar de o processo já decorrer desde 1737, duas acusações foram formalmente feitas à Inquisição em 1744 por Manuel Cruz, cónego, a quem Luís dos Santos dirigira uma carta para saber da sua família em Portugal (PSCR0652), e por Manuel Rodrigues, homem residente no Brasil, que não conhecia diretamente o acusado. Luís dos Santos seria posteriormente sentenciado a açoites públicos e a cinco anos de degredo nas galés, de onde fugiu, tendo sido novamente sentenciado (Processo 516-1 da Inquisição de Lisboa) a cinco anos de degredo para as galés. Como prova da condição marital do réu, neste processo estão inclusas oito cartas, duas das quais da sua primeira mulher (PSCR0642 e PSCR0649).

Suporte meia folha de papel não dobrada escrita em ambas as faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 516
Fólios 34r-v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2300390
Transcrição Mariana Gomes
Revisão principal Raïssa Gillier
Contextualização Mariana Gomes
Modernização Raïssa Gillier
Data da transcrição2015

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Ao sor Luis dos Stos Meu Primo gde mtos annos Na sidade de Belem do gram Para J M J Cercoza 20 de janro de 1736 as

Meu Primo e sor não sei como tempere estas gaitas: eu Escrevovos como a espozo e vos quereis seja como parte serto he q o sois pois ja me deixastes hũa fa por prenda vossa agora ja este titalo não vos serve que he o proprio falarvosei a vontade pois bem sabeis q senpre em tudo vola fis de q me peza: porq se vola não fizer outro gallo me cantara; mas ja não tem remedio e asim respondendo a vossa carta digo resebi a vossa carta que mto estimei por nella me asigurares lograis saude esta vos de Ds por largos annos e vos abra os olhos, e emtendimto pa conheseres o q me deveis e mo venhais pagar em servisso do mesmo sor e pa dispores da q posuimos q esta certa a vossa obidiencia

Ora Primo na vossa me dizeis fostes desta terra Ocorido: não sei q tenhais rezam pa tal dizer: porq não levares o q vos hera nesesario: não ha pesoa nesta vida q tenha tudo o de q nesesita: o comprar a hũs e a outros bem eu asim o fasso: eu esperava este anno por vos me mandais dizer vireis pa o outro asim o espero em Ds o dro sempre serve de disculpa pa o cobrares ja noutra me dezias o mesmo emqto ao pano de linho q me pedis não vay porq não o tenho preparado por cuidar na remessa delle por falta de via por qm volo agora darei orde a elle e volo não negarei o mais que eu tiver q tudo me paresera pouco pa ofertar qdo Ds vos trouxer diante dos meus olhos e no emtretanto em havendo ocazião hira o vosso cunhado M S Roiz pa volo remeter no cazo q vos dizeres mais visto agora não poder ser

Emqto ao q me dizeis q eu vos mandei dizer q queries cazar nessa terra com rezam pois as notisias q tenho he q ja tendes dois fos e que he hum morto verdade verdade sim falei neste particullar a qm escreveu a carta pa vos hir mas não com tenção de De se por na carta porq eu sei desimullar mtas coizas e não comsidero tal havies de fazer porq pa vos Deos ajudar haveis de pagar o q deveis e este vosso dizer forão setas q me destes e tãobem o dizeresme que não punhes duvida em vir pa; esta terra mas q series coando não ouver mais mandos q corer foi rezam de cabo de escoadra: porq ahi não ha mais q hum mundo e vos quereis ver mais sera no outro depois de fecharmos os olhos: e escuzai esse pento q inda que andeis toda a vida não haveis de chegar ao cabo deste; e se não vieres logo pa vossa caza daremos credito ao q se dis As imquirisois q me mandastes pedir não vão agora mas eu me não descuidarei se Ds vos trouxer pa as mandareis O Capam Pedro da silva inda he vivo e o Capam João Andre tãobem não tenhais pena por hiso q brevemte as ei de tirar

Eu todos os annos vos escrevo mas como não sei a monção da frota não chegarão duas a tempo de hirem e asim me antesipo em mandar esta tão sedo pa que vos va e aseitay recados saudozos de min e de todos desta caza e dos vezinhos e parentes com isto Ds vos gde mtos as Cercoza dia mes e anno Ut supra

Vossa Prima e mto amte Domingas Roiz

Legenda:

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