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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

1832. Carta não autógrafa de Luzia Bela do Carmo para Joaquim Alexandre Gravelho, preso.

ResumoUma mulher conta ao destinatário, preso em Elvas e seu antigo amante, como está a decorrer o seu processo e lamenta o facto de ele não a apoiar
Autor(es) Luzia Bela do Carmo
Destinatário(s) Joaquim Alexandre Gravelho            
De Portugal, Lisboa
Para S.l.
Contexto

No processo a que pertence esta carta, uma ré é Luzia Bela do Carmo, presa em 1832 no Limoeiro com dois outros réus, soldados. Segundo a corregedoria de Elvas, os três eram autores de vários roubos naquela cidade. Luzia Bela correspondia-se com Joaquim Alexandre Gravelho, soldado de artilharia em Elvas, também envolvido nos roubos. A ré testemunhou em 1833 que já tinha estado presa e que fora condenada ao degredo para Miranda do Douro, mas como não sabia o caminho, e como tinha licença do Juiz para ir à sua terra, para além de ter estado muito tempo doente, fora então para Elvas viver com uma amiga de frente para a prisão do Trem, onde estava preso Joaquim Gravelho, que tinha sido seu amante, indo depois viver para Campo Maior, de onde era natural, numa casa que arrendara. As suas cartas são de quando estava presa no Limoeiro pelo processo de 1832, e de quando estava em viagem, tendo sido apreendidas ao destinatário numa rusga feita a sua casa. Luzia afirmou não saber escrever: quem o fazia por ela, em Lisboa, seria Angélica Maria, outra presa, casada com Francisco Joaquim, preso juntamente com Luzia Bela no processo de 1832. Segundo a ré, Angélica Maria "escrevia a ela respondente as cartas, bem como às outras presas que lá se achavam, dando-lhe por cada uma um vintém". Como prova de que Angélica Maria era a autora material de tal correspondência, o processo inclui também duas cartas anónimas apreendidas em Elvas (CARDS0047 e CARDS0048) que nada têm a ver com as acusações a Luzia Bela. No entanto, Angélica Maria, quando interrogada, defendeu-se negando saber escrever.

Suporte meia folha de papel dobrada escrita nas três primeiras faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra L, Maço 4, Número 31, Caixa 11, Caderno [16]
Fólios 7r-8r
Transcrição Sara de França Sousa
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização José Pedro Ferreira
Modernização Clara Pinto
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2009

Page 7r > 7v

castelo de são jorge 20 de 8bro de 1832 Meu querido Joaqm do C

he de estimare q ao resebere desta q estejas milhore Joaqm heu ao fazere desta fico boa resebi a tua carta com mto gosto por sabere notisias tuas a quale estimo mto q ja saises fora do haspitale ja sei q respondeste a comcelho no dia des deste mes i nem secera mo mandaste a dizere tendoto heu recomendado tanto pois mo dise ho lobo q esta no limoero guntamente com ho franco i ho Maio a respeito de me mandares dizere q falaste com ho João ho casadore i q heu me escondi por não querere hire com hele pois não ha tale se heu me escondese não lhe diria q queria hire com hele pois deesde q me entregou ho denheiro não ho vi mais de q 2 vezes huma ves foi a saida do castelo i houtra foi com ho majore na rua da prata se heu podese hire como tu pencas ja la estava pois a minha vontade hera esa porq heu não gosto de lisboa apezare de tu me mandares dizere q heu lhe tomei bem ho gosto pois nese tempo podia heu ire milhore com hele de q não agora porq não tinha feto ho recerimento a sua magistade como agora esta feto



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