D. Filipe de Moura confessa ao inquisidor Pedro de Castilho que reincidiu em atos de sodomia; pede perdão por carta, alegando estar demasiado doente para ir pessoalmente à Inquisição.
sr Pedro de Castilho
Todos estes dias andey esperando q meos achaques me dessẽ
lugar a me poder yr bottar aos pes de VM e desses sres a pedir
misericordia Em meos Erros, porem meos males
me tem em
tal estado q venho do conso a estas horas, Em estado q total
mte fico na Cama Emtrevado dos quadris, E xoelhos, com
tão exescivas dores q nem em braços
me posso bulhir, e
pera
ver si assim o podia fazer esperey ate as duas da tarde em
q faço este, pello qual me presento a VM E aos mais sres com
fessando q
depois do tempo q me presentey nesse sto tribunal
q foy no anno de 643 cay no pecado de nefando, E sodo
mia quatro veses unicas duas dellas no anno de 644
cõ
Manoel de Mendonça filho de tristão de mendonça no Lugar
das caldas, E as outras duas no mesmo anno, ó no prin
cipio do sigte comfe minha Lembrança Com Anto de la Tor
re morador nesta Cidade, E me
diçe q de pte vive em Cabo
berde das quais me acuso de presente Com todo arrepen
dimto E dor devida q a VM E a esses sres pode assegurar
a emenda de sette annos a esta parte,
Em q não tenho
Cometido (pella misericordia de deus) outra culpa, E muy
to mais posso assegurar a continuação desta Emenda
(q de novo prometto) com a impossibilidade de meos acha
ques idade, E Lugar, q
occupo, assegurando a ess VM e a
Esses sres q si elle não fora, eu mesmo me fora don
de não aparescera no mũdo, por esta reincidencia
E assim postrado aos pes de VM,
E dos mais sres peço tenhã
misericordia commigo, E com minha emenda continu
ada E prometida, fazendome merçe de me aceytarem
esta comfissão a qual
juro aos stos Evangelios (por