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Maarten Janssen, 2014-

PSCR1255

1612. Carta de Bárbara Pimentel de Leão para Fernão Rodrigues, cura de Santa Justa.

ResumoA autora relata um conjunto de notícias relativas à comunidade portuguesa de Ruão. Entre elas, refere os seus problemas pessoais com alguns elementos dessa comunidade, a questão de o seu irmão aparentemente se ter convertido ao judaísmo e outros factos ligados aos seus negócios.
Autor(es) Bárbara Pimentel de Leão
Destinatário(s) Fernão Rodrigues            
De França, Ruão
Para Portugal, Lisboa
Contexto

Pela nota processual, terá sido o destinatário a entregar as cartas no Santo Ofício, sendo que uma delas (PSCR1256) vinha endereçada a um pasteleiro em Lisboa, pelo que se presume que fosse para evitar a sua interceção. De interesse é também a extensa informação sobre a comunidade portuguesa de Ruão, que, pelas palavras da autora, estava fortemente influenciada pelo judaísmo, em relação ao qual Bárbara de Leão sentia clara inimizade.

Dentro do fundo do Tribunal do Santo Ofício existem as coleções de Cadernos do Promotor das inquisições de Lisboa, Évora e Coimbra. O seu âmbito é principalmente o da recolha de acusações de heresia. A partir de tais acusações, o promotor do Santo Ofício decidia proceder ou não a mais diligências, no sentido de mover processos a alguns dos acusados. Denúncias, confissões, cartas de comissários e familiares e instrução de processos são algumas das tipologias documentais que se podem encontrar nestes Cadernos. Quanto ao crime nefando e à solicitação, são culpas que não estão normalmente referidas nestes livros.

Suporte quatro folhas de papel escritas em todas as faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa, Cadernos do Promotor
Cota arquivística Livro 206
Fólios 32r-35r
Socio-Historical Keywords Tiago Machado de Castro
Transcrição Tiago Machado de Castro
Contextualização Tiago Machado de Castro
Modernização Sandra Antunes
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2013

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Ao ldo Fernão roiz que ds guarde cura de samta justa em Lixboa Jhus em Ruão 12 de dezro 1612 Snor Fernão roiz

em 9 deste resebi huã de vm de 10 do pasado e com a igualdade com que estimei saber novas da saude de vm simto o estado que vm me aviza de minhas couzas o que atrebuo a minha pouqua vemtura porque inda que os tempos se levantarão comtra estava eu serta que temdo a vm pa me fazer ms nada me podia fazer dano e mal me pareseo que com a car-ta que escrevi a vm em 16 de setembro de que agora tive re-posta fizese vm tam pouquo como foi não me tirar os titolos he mais papeis da mão de diogo roiz pois vm sabe mto bem que as cazas não estão empenhadas nem lhe devo nada e que qualquer procurasão inda que tivera mtas duvidas bastava pa isto mas por mi se pode dizer que auzemte não tem amigo pois afirmo a vm que meresia eu ter mtos mas seja ds louvado com tudo que me pos nestas partes tamto comtra minha vontade mas comfio nele que me a de tornar a por nesa terra mais sedo do que emagina nhũa pesoa que esteja nela que se eu não sou a portadora desta he por estar ja camsada de caminhar por terra e ser isto inverno mas espero em ds que tamto que vier março se eu tiver vida ate emtam que eu me embarque logo o que poso fazer mto comfiada porque ei de levar mto boas justificasois da cristamdade com que sempre porsedi e esta não a de ser de purtuguezes pois eles o não são a diogo roiz escrevo a que com esta sera aberta que vm me fara m fechar e darlha e semdo servido tirar os papeis de sua mão e fazer me as ms que lhe tenho avizado em mtas o pode fazer quando não pasiensia farei de comta que não tenho nada de meu e como tenho a ds espero nele me a de acodir em tudo e peso mto a vm que ou fazendo a escretura com diogo roiz ou tirandolhe os papeis da mão e vendendo as cazas a outrem me fara m sendo posivel mandarme o dro logo pa pagar o que qua devo a framsezes que me emprestarão sobre pesas minhas pa me sostemtar que a isto me chegou em terra alhea o que diogo roiz uzou comigo e ate não dar esta satisfasão não me poso ir e sentirei mto ser cauza e não me vir este dro de estar por qua mais tempo do que eu quizera pois este que estou he mais por forsa que por vontade. Vejo as novas que vm me da de luis vas ser chegado a esa terra e disme vm lhe da credito a que ele não tomou os panos porque lhe jurou que não fizera tal he vm mto fasel de crer sertas pesoas mas como vm o não conhese mais que de dous dias e tem bom peito pareselhe que todos o tem asim e eu como o conheso de mais tempo e sei os males que fes a minha mai e os que me tem feito a mi de que vm he testemunha de algũs doulhe o credito que merese e mto galamte he dizer ele a vm que o pora com os guardas que forão com ele folgara de saber se os guardas se abrirão o caixão que hia leado e fichado com duas chaves ou se virão se vinham nele panos ou palha e de simco caixois que vierão em hum navio em nhũ asertarão logo os fransezes logo de bolir senão naquele mas he tal como huas galhetas e saleiro de prata que me furtou das pesas que mandava e tambem o botou ao mestre do navio. mas vm o conhesera e emtendera que so a mi se me pode dar credito e porque a vm lhe não paresa que eu como molher apaixonada de perdas falo e tudo são palavras ainda que nas pasadas avizei a vm que de rosto a rosto deria a vm mtas couzas que não queria por em carta o credito que vm da a luis vas me obriga a mandar a que com esta vai a qual he de hum moso que quando meu irmão e filho de meu pai e de minha mai se chamava joão pimentel e pa que vm saiba a estoria toda lha quero contar. tamto que cheguei a esta terra dahi a des ou doze dias mandou antonio mendes a ese fidalgo que ca esta a minha caza e que levase dela a lianor e joão que não hera bem estarem em minha companhia pois eu hera catoliqua a lianor deixou em sua casa pa o servir e a luis mandou que levase joão caminho de olanda ao qual deixase feito o que esta e se fose ele pa esa terra a busquarlhe ese dro que dis ser seu. em hum dia deste mes de setembro pasado veio a esta caza andre mendes e me trouxe esta carta dizendo que lha mandara em hum maso seu fernão d alves melo que esta em olanda onde esta joão e que hera de meu irmão diante do dito andre mendes abri a carta e afirmo a vm que quando vi o sinal dela ele e eu ficamos mudos porque numqua nos pareseo que ese fidalgo que la esta se não comtemtase de ser o que he e mostrou nestas partes ser senão que ainda emganase hum rapas e o tirase de minha caza pa o deixar feito o que esta e tivese tam pouqua vergonha que se fose a esa terra e na carta que fernão d alves melo escreveo a andre mendes em companhia desta lhe dezia que ja joão tinha conhesimto do snor como os que estão naquela terra e que ja se chamava jacobo israel pimentel e que luis hera o mesmo mas que não mudara nome porque hia a lxa arecadar dro mas que em vindo uzaria do nome como os mais a esta carta respondeo andre mendes como quem he e de maneira que o melo não folgaria ver a reposta. fis mtas deligensias com andre mendes pa que me dese a carta do melo pa a mandar a vm com esta mas como estes homẽs dependem de negosio e tem corespondensia em todas as partes não pude acabar com ele a ma dar antes apertou mto comigo rompese esta de joão e a não mandase a vm a quem peso me fasa m que tamto que a vir queira ir a caza do ldo sabastião mendes e a ele e a minha tia lha mostrar e lhe ler este capitolo pa que saibão o em que se tornarão os filhos de meu pai criados em tamta cristandade e vejão a obra que fes ese fidalgo que tem em sua caza porque o rapas hera moso e como tal não emtendeo mais que o que lhe diserão seu irmão e cunhado ser bom. sobre esta carta fis eu o que devia e respondi a joão lembrandolhe a cristandade com que meu pai e mai nos doutrinou a todos e que inda estava em tempo arependendose de se salvar que olhase o que devia a ds que o criara. a esta me não respondeo afirmo a vm que saber este suseso me custou samgraremme sete vezes seja ds louvado que dos filhos de meu pai e mai que so eu sou e serei ate morte a que lhe onrarei seus osos em ser cristam como eles sempre forão tem me tirado o juizo ver que teve ese fidalgo tam pouqua vergonha que fazendo o que fes e uzãdo por estas partes o que uzou se for a esa terra queira noso snor por sua devina mezericordia que desa doemsa de que vm se doeo tamto o aja levado pa si pa não ser mais dezomra dos osos de seus pais e como qua deixava estas boas obras feitas e a suas irmãs e irmão tais como ele por iso dise a vm que eu não tinha nada nas dividas que la estão paresendolhe que eu como catoliqua fico fora de ter parte nas dividas. não sei que procurasão geral e verdadeira pode levar pois nela deve de ir asinado joão pimentel chamandose onde esta como vm vera pela carta pois eu que sou a prinsipal e titora não vou asinada nela e iso peso a vm veja porque mto faselmente fara o meu sinal falso como ja fes em hũa carta que mandou em meu nome e com hũa letra de cambio a seu tio manoel vas a frandes e dito seu tio ma mandou a pa que me precatase a qual não mando tambem a vm com esta porque me emporta tela em meu poder pa sempre poder mostrar quem ele he e por ela derão nesta terra tamto credito que pelo furto dos meus panos me pasarão mandado pa o prender e ele andou bem em se ir a esa terra e não vir qua vm me fasa m fazer todas as deligensias posives por que ele não arecade hum vintem ate eu estar satisfeita do que se me deve e da tersa que he minha como se vera pelo testamto de minha mai que ds tem em tudo fasa vm como lhe mereso que tudo saberei servir que lhe afirmo lhe mereso me fasa mtas ms. despois de minha tia e seu marido virem esta carta de joão que mando a vm me a vm de fazer m emcomtrarse com graviel ribeiro e mostrarlha porque a ele e a eitor mendes avizo que vm a mando a qual vm me fara m não larguar de sua mão e despois de fazer com ele as deligensias que lhe peso ma guarde mto bem guardada pa quamdo eu embora for ma dar porque me emporta mto a minha onra e fazenda tela em meu poder e se não fora ao snor fernão roiz ao qual tenho na comta que me merese d outra nhũa pesoa do mundo a fiara e atemte vm não a veja luis porque he tam desavergonhado que da mão de vm a tomara e a fara em pedasos e a ele lhe pergunte vm sem lha mostrar onde deixou seu irmão e como se chama agora e no que ele diser a vm sobre isto emtendera as verdades que fala e emtam lhe diga vm de palavra tudo o que vai na carta e a limgoa que deixou aprendendo a seu irmão pareseme daqui a marco mto tempo q tomara fora oje pa me tirar desta babilonia emfernal pois de mais de trimta purtuguezas que ha nesta terra sou eu so cristam não digo isto por me abonar que em o ser faso o que devo e a obrigasão que tenho senão que porque sou esta tenho tamtos enemigos e vm como cristão tem obrigasão de me favoreser e olhar por minhas cousas como suas. a minha tia britis vas me fara vm m dizerlhe não escrevo porque lhe tenho escrito tres e de nhũa tive reposta meresendoa eu pois dos filhos de seu irmão so eu sou catoliqua e mostro ser sua filha. de lianor estou bem vimgada de se ir de minha caza por mandado de seu irmão pois cada dia me manda aqui mtos recados com mtas lagrimas que a queira ter comigo que não pode sofrer a vida da caza onde esta o que não farei numqua porque ja oje não são meus irmãos e de todos espero em ds ter vimgamsa. de todas as que mando a vm me fiqua a copia e simto n a quamdo vem as de vm não me respomder a tudo o que nelas digo e deve de porseder de vm aver por mal empregada a ora que gasta em me escrever não lhe meresendo eu ser asim pelo que peso a vm me fasa m quando me escrever por a minha carta a par de si porque se asim fora não escrevera vm a andre mendes que as demandas avião mister rios de dro e que pelo não aver não corrião temdo eu dito em mtas a vm que a neculão pimto lhe dão o terso de tudo o que arecadar e que ele se obrigou a fazer todos os gastos a sua custa e pa iso pedia vm me fizese m ver a escretura que fizemos parese que quando isto asim estava comsertado que não se lhe avia de dar terso e mais dro. mas como digo le vm as minhas depresa e pasalhe o que digo nelas pois me não fala nos alementos sobre que lhe escrevi e nesta esperava reposta. q quamto a graviel ribeiro sem embargo de tudo o que vm o emposebelita eu sei o seu custume e se vm me fizer m como lhe peso em todas e saberei servir de o apertar eu fico a vm que tire sumo e fasame vm m pelo papel que la tem dos tres mil cruzados fazer hum embargo em sua mão porque a semtemsa que ha comtra ele esta tirada em nome de luis vas e he tal que por dous vinteis que lhe de lhe dara a quitasão de tudo como ja fes nesa terra a outras semtemsas que se tirarão em seu nome e prinsipalmte em hũa comtra o fiziquo joão nunes de que hera escrivão luis gomes de bairos que ele o pode dizer a vm que quem perdeo a ds e a fe tudo isto e mais fara. a dito graviel ribeiro escreveo e bem sei que quando vm lhe mostrar a carta de joão que lhe a de negar ter carta minha por duas ocaziois a pra porque lha não manda por via de vm senão botada no correo e a outra porque me desemfado no que lhe escrevo levar me a noso snor nesa terra como espero e ele me pagara se antes diso vm me não fizer m inda vm não achou nesta que eu lhe meresia mandar me hũa sertidão da divida do milão seja embora dar grasas a ds com tudo e com esta carta que mando a vm pa diogo roiz me fasa vm m não pasar como pasou ate gora senão tirarlhe os papeis da mão que se ele dis que eu lhos emtreguei por esta carta que he da minha letra e sinal lhe digo os de a vm porque lhos não dei pa ser snor das minhas cazas e não mas pagar a hum ano. a izabel jorge me fasa m dar mtos recados meus e que lhe não mando nada porque alem de não aver navio estou em tamta nesesidade que nem pa me sostemtar tenho qua mas se vm vemder as cazas me fara m darlhe em sua mão propia tres cruzados pa ajuda de hum manto e não lhe mando mais porque os que herão meus irmãos que ja oje não são me não deixarão ate me roubarem quamto tinha de meu. posto que asima digo que a carta de diogo roiz a feche vm digo lha de vm aberta pa que ele saiba ve vm o que digo nela e lembro a vm me fasa m arecadar o aluguer das cazas deste natal porque ja que a escretura não esta feita nem eu resebi dro o aluguer he meu e como tal me fasa vm m de o arecadar. ainda esta vai por via de cristovão peres o que fis por me temer de luis ir o correo e as tomar despois que tiver recado de vm como as ira busquar ao coreo as mandárei e dos portes se não emfade vm porque quando as venda das minhas cazas não aja efeito proverei logo o dro pa eles ou o pagarei tamto que embora for que emtendo me fara vm m fiar de e não servindo de outro noso snor guarde a vm como pode e eu dezejo.

Barbara pimentel de leão

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