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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0590

1765. Carta de Luís António de Macedo para o seu compadre António José Amorim, dispenseiro do Navio Nossa Senhora da Lapa.

SummaryO autor dá notícias ao compadre sobre o negócio do pão e sobre a bigamia do seu sobrinho.
Author(s) Luís António de Macedo
Addressee(s) António José Amorim            
From Espanha, Cantabria, Arcera
To Brasil, Bahia
Context

Este processo diz respeito a José Gonçalves, também conhecido por José Rodrigues, marinheiro, cristão-velho de 31 anos de idade acusado de bigamia. O réu era natural de São Salvador de Árvore, lugar da Quintã, Maia (Porto) e morador no Brasil, na vila de São Jorge, Ilhéus, na Bahia. Filho de Cosme Gonçalves e de Maria José, casou segunda vez com Angélica da Fonseca, estando ainda viva a sua primeira mulher, Ana Maria da Costa. Ana Maria da Costa era filha do ferreiro Manuel António e de Maria da Costa, natural de Chave de Ferro de Salvador de Árvore (Porto). Casou-se com o réu a 31 de dezembro de 1761 e viveram juntos apenas cerca de cinco meses sem terem tido filhos. O réu, seu marido, foi para o Rio de Janeiro para trabalhar e deveria voltar passados três meses, mas no caminho de volta, passando pela Bahia, partiu uma perna (mencionado nas cartas) e teve de permanecer hospitalizado no Hospital da Misericórdia durante dois meses, após os quais embarcou para Porto Seguro, onde se tornou pescador, conheceu a sua segunda mulher e mudou o nome para José Rodrigues. Lá permaneceu nos quatro anos seguintes, voltando a casar-se com Angélica da Fonseca. Segundo consta do processo, Angélica da Fonseca, mulata, filha do capitão Manuel da Fonseca Lobato e de Francisca da Costa, era uma escrava forra de Gregório da Cunha Coutinho que João da Veiga Alomba, um negociante de pescaria para quem o réu trabalhava, arrematara em praça pública por conta de dívidas do dito Gregório da Cunha Coutinho. Após comprar a escrava, João da Veiga Alomba deu-lhe a liberdade para que o filho que ambos esperavam viesse a nascer livre. Os dois tiveram mais dois filhos, mas como esta ligação era ilícita, João da Veiga Alomba tratou de arranjar casamento para Angélica da Fonseca, coagindo José Gonçalves a casar-se com ela. Segundo o réu, o casamento só se realizou porque este, quando conheceu a dita Angélica da Fonseca, estava numa situação de extrema miséria, e João da Veiga Alomba prometeu dar-lhe dois escravos, uma escrava e mais benesses se se casasse com ela, persuadindo-o assim a fazê-lo. Sabendo que não podia fazê-lo por já ser casado, o réu disse ter tentado fugir, mas ter sido disso impedido por João da Veiga Alomba. Com medo de represálias uma vez que sabia da fama do dito negociante de pescaria de ter matado duas pessoas, do seu estatuto de homem poderoso no local e de já o ter apanhado com Angélica da Fonseca uma noite, casou-se, mas as testemunhas que confirmaram que este era solteiro foram todas arranjadas por João da Veiga Alomba. No entanto, alguns meses após o casamento, na semana santa de 1765, José Gonçalves abandonou a mulher por desconfiar que ela mantinha um relacionamento com o seu antigo dono. Voltou alguns meses depois, querendo tirá-la da casa de João da Veiga Alomba para a levar consigo. Este não consentiu e construiu uma casa para que os dois vivessem perto dele, dizendo que precisava dos préstimos de Angélica da Fonseca como doméstica. Recorrendo à justiça para resolver o caso, espalhou-se que José Gonçalves era casado em Portugal, e este não conseguiu tirar a mulata da casa do seu antigo dono. O réu foi preso em Ilhéus e levado para o cárcere do convento de São Francisco da Bahia. Em auto-da-fé de 19 de dezembro de 1767, foi sentenciado a abjuração de leve, suspeito na fé, açoutamento público, degredo por tempo de 7 anos para as galés de Sua Majestade, instrução na fé, penas e penitências espirituais e pagamento de custas.

Support uma folha de papel não dobrada escrita em ambas as faces.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Lisboa
Archival Reference Processo 8697
Folios 50r-v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2308820
Transcription Leonor Tavares
Main Revision Raïssa Gillier
Contextualization Leonor Tavares
Standardization Raïssa Gillier
Transcription date2015

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Arcerar de Marco 7 de 765 Anto Joze Morim Meu Compe

Com Sumo gosto estimarei q esta tenha a da achallo com aquella despozisão q mto lhe dezo e Igualmte ao sr seu filho a qm m recomendo saudozo eu e toda a minha famillia ficamos Bons e com vontade serta pa em tudo lhe dar gosto somte Minha Irmã de prezente fica de coma com gde defluxo mas quis Ds não lhe dar com festio mas vaio levando a gallinha a sra Minha Comadre anda Boa e mais todos os canarios os q tiverão o sarampo ja estam Bons somte Anto aInda anda marinhento porq nunca quis parar na cama savera vmce q sesta frra pasada foi e mais a sra ma comadre a va do Conde a caza do morgado Joze Carvo e lla medimos 64 razas de pam pa vmce a 300 reis e nestas derãolhe de senteio 9 razas e de mo miudo 5 e asim q nos acavamos de medir e pagar o do pam logo o do sr rasgou o escrito q na porta tinha de 300 reis e logo emtrou a medir a 320 reis e aqui nesta tulha querem a 360 reis e dizem q em re torto q ja se vende a 400 reis Ds nos acuda e se lembre de nos aInda não condezi o pam pa caza pello tempo não dar lugar q nos termos em q Isto esta quero metello em minha caza e de ca o hirão comendo q se lho presentem em caza a himporlho tersa fra q se contarão 5 se emterrou franco leite da povoa o novo a qm vmce deve o pam e a seus companheiros de tenha a sua alma na gloria asim pareseme q fizemos Bem em tomar o pam com o dro q avia de dar na povoa e se não quizerem esperar mais val pagar juros do dro do q comprallo o pam com a exurvitancia q elles querem corre hiso por minha conta q como morreo este companheiro poderão querer cobrar mas não lhe de a vmce cuido q tehe donde eu chegar não ha de ser afrontado e temos fallado Savera vmce q o chamado Meu sobrinho o q cobrou a perna na Bahia chamado Joze Gz esta cazado segunda ves em porto seguro com huma mullata com 3 filhos q a tal foi escrava e a filha de João da Beiga e esta noticia he serta porq veio de lla Irmão do genro de Anna do santos e asim o sertefica q deu por testemunhas a dois vianezes e a moso aqui de mindello q foi com elle aqui do porto q savia mto bem q elle hera cazado com q meu amo aquelle esta despachado coitadinha da pobrezinha da mulher q aInda o não save q della he q se pode ter pena q do maganão eu ja o dezejava ver nas galles q he a verdadra descarga q ha de ter e as testemunhas o mesmo q todos são hus patifois e como vmce dis huã gentinha estes dias se deu a terra o pe moroso Ds se lembre da sua alma e das nosas cuando deste mundo forem aseite destas suas criadas mtas mtas sauds e as minhas são em particullar e como não servem de mais Ds gde a sua pesoa os annos q mto lhe dezo

De vmce Amigo e Compe mto seu amte e obrigado Co Luis Anto de Macedo

Legenda:

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