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A autora foi identificada como sendo dona Isabel Moniz, filha de um alcaide de Lisboa apelidado de “o Carranca” e moça de câmara da Rainha Dona Leonor. Teve dois filhos conhecidos do rei D. João III antes de este contrair matrimónio com a rainha Dona Catarina de Áustria: Dom Duarte, que chegou a ser arcebispo em Braga, e Dom Manuel, que nasceu morto. A informação bibliográfica sobre a autora das cartas é escassa, dando-se nota que posteriormente foi, pelo menos, freira no Porto.
As duas cartas presentes (PSCR0061 e PSCR0062) aparentam fazer parte de um processo desenvolvido por Dona Isabel Moniz, para obter mercês, justificadas, segundo ela, por parte do rei. Existem, pelo menos, outras duas cartas dirigidas à rainha Dona Catarina, uma em 1554 e outra em 1561, nas quais pede a sua intervenção junto do monarca para a concessão das referidas mercês, para o que aborda a questão de estar a acautelar os interesses de uma “filha”. De facto, a primeira carta (PSCR0061) aparenta ser dirigida a esta filha. No entanto, esta seria uma sua sobrinha, filha de sua irmã, segundo informações recolhidas. Nesta carta surge a seguinte indicação de data: “era de quatro”, o que leva a crer que foi composta no ano de 1504, assim consideraram os arquivistas que organizaram o Corpo Cronológico. A comparação com as assinaturas de outras duas cartas do mesmo fundo permite afirmar que se trata da mesma autora. Pelos temas abordados, a carta será de 1554 e não de 1504, pelo que aqui se atribui à autora a omissão da década em que escreveu a sua carta.
Numa outra carta do fundo (Corpo Cronológico, Parte I, mç. 93, n.º 11), dirigida à rainha Dona Catarina, do ano de 1554, Dona Isabel Moniz queixa-se de graves injúrias que lhe foram feitas, não explicitando a autoria nem o teor. No mesmo ano de 1554, Manuel de Vasconcelos dirigiu-se ao rei, defendendo-se de falsidades e feitos protagonizados contra ele por Dona Isabel Moniz (Corpo Cronológico, Parte I, mç. 93, n.º 43), mencionando uma carta em que Isabel Moniz declara receber 200 cruzados anuais do rei, o que corresponde à primeira das cartas aqui apresentadas e ao apontamento feito por outra mão nela existente. Falou também de outra carta dirigida ao secretário do rei, Pero de Alcáçova Carneiro, a outra aqui apresentada (PSCR0062). Sem outra confirmação, presume-se apenas que as duas cartas que se transcrevem aqui correspondem às referidas por Manuel de Vasconcelos.
Em 1561 (Corpo Cronológico, Parte I, mç. 104, n.º 35), dirigindo-se de novo à rainha, Isabel Moniz voltou a relembrar o assunto dos 6 moios de mercê que lhe eram devidos e que não eram pagos há 3 anos. Além disso, pediu a “quebra”, ou seja, o adiantamento, de 20 mil cruzados para prover uma sua sobrinha, filha de sua irmã Dona Cristina, falecida alguns dias antes, afirmando ainda à rainha e mulher de D. João III ser a mãe de Dom Duarte, o filho ilegítimo do monarca.
Esta carta integra a coleção Corpo Cronológico, fundo documental à guarda do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Trata-se de uma coleção principalmente composta por documentação de cariz judicial e administrativo, que abarca o período entre 1161 e 1696, à qual foi acrescentado um vasto conjunto de material disperso na sequência do terramoto de 1755. A datação dos documentos é critério principal de organização do corpo Cronológico, assim chamado pela mesma razão.
Private letter from Dona Isabel Moniz to Pedro de Alcáçova Carneiro, secretary of State.
The author addresses the secretary of the king, giving him an account of her needs and asking him for his intervention regarding the allocation of favors.
Both letters PSCR0061 and PSCR0062 appear to be part of a process developed by Dona Isabel Moniz, trying to get some favors from the King John III, with whom she had two sons before he got married to Dona Catarina of Austria. There are at least two other letters addressed Dona Isabel Moniz to the Queen Dona Catarina, one in 1554 and another in 1561, in which she requests her intervention so that the monarch will grant those favors, arguing that this is to protect the interests of a "daughter". According to some other information, however, this would rather be a niece, daughter of her sister. These are two of the several letters that can be found in the collection "Corpo Cronológico", a documental fund under the custody of the National Archive of Torre do Tombo. It is a collection composed mostly by documentation of judicial and administrative nature, from 1161 to 1696. After the earthquake of 1755 many scattered documents were incorporated in this fund. Just like the name suggests, the main criterion of organization within the Corpo Cronológico is the documents' date.
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