O autor queixa-se ao destinatário, seu patrão, de uma intriga que, a propósito de um carregamento de aguardente, lhe foi movida pelos ingleses de Gibraltar.
[1] | huma porcam de agoa ardente he forçozo com
|
---|
[2] | tudo que o Navio de Resgate cujas forças nam pos-
|
---|
[3] | so reprezentar sem auxillio de Vossa merçe pois
|
---|
[4] | só hum braço pederozo pode valler em semilhan-
|
---|
[5] | tes ocazioens por mais que eu quizesse escrever na-
|
---|
[6] | m podia dizer pello estenço e circunstançias da
|
---|
[7] | intriga e do ajuste do negoçio entre mim e soçio de
|
---|
[8] | agoa ardente: Por mais sustos e ahinda os maiores
|
---|
[9] | terrores que a Nasçam Ingleza me queira reprezen-
|
---|
[10] | tar, Eu Nunca abandonei o Navio por obriga-
|
---|
[11] | çam e por atençam a hum patram como Vos
|
---|
[12] | sa merçe nada mais posso dizer por ora só sim
|
---|
[13] | que he necessario de Vossa merçe deregirse Mano-
|
---|
[14] | el Joze Serra para que elle escreva aqui a Carva-
|
---|
[15] | lho hum dos mais honrados Portuguezes que
|
---|
[16] | ha nesta terra a fim de que dezenvolva e acabe
|
---|
[17] | aqui a renhida questam que eu nam deixo
|
---|
[18] | finalizar sem a sua delliberaçam: Recomendo
|
---|
[19] | a minha afelita familia e que lhe entregue
|
---|
[20] | a encluza sou de Vossa merçe venerador e mais
|
---|
[21] | humilde Servo Francisco Quintino da Cruz
PD hum malvado marinheiro que por circuns-
|
---|
[22] | tancias pagandolhe o despedi foi o autor das mi-
|
---|
[23] | nhas intrigas e afelicoens
|
---|