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Maarten Janssen, 2014-

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1602. Carta de Gil Almeida para Alexandre de Abrunhosa.

SummaryO autor pede ao destinatário novas suas e dá-lhe notícias.
Author(s) Gil Almeida
Addressee(s) Alexandre de Abrunhosa            
From Portugal, Coimbra
To Portugal, Lisboa
Context

Alexandre de Abrunhosa (TSO-IL, Processo 16992) e o seu primo Gastão de Abrunhosa (TSO-IL, Processo 13174), tal como outros membros da família de ambos, foram acusados de judaísmo em 1602. Alexandre de Abrunhosa, a sua irmã, Isabel de Abrunhosa, e a sua prima, Ana de Abrunhosa, viviam em Lisboa, na freguesia dos Mártires, onde se haviam refugiado para fugir à vaga de prisões feitas pela Inquisição em Serpa. Mesmo assim, foram presos em 1602. Seriam libertados em 1605, graças a um perdão concedido pelo papa, muito por causa das diligências que Gastão de Abrunhosa promoveu em Roma.

Gastão de Abrunhosa fugiu para Espanha em 1602, no seguimento da prisão dos seus primos. Nas cartas que de lá enviou a Nicolau Agostinho (PSCR1317 e PSCR1318), fica patente a sua intenção de se deslocar a Roma em busca de justiça.

Support uma folha de papel escrita numa das faces.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Lisboa
Archival Reference Processo 13174
Folios 50r e 51v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2313388
Transcription Maria Teresa Oliveira
Main Revision Fernanda Pratas
Contextualization Tiago Machado de Castro
Standardization Fernanda Pratas
Transcription date2016

Page 50r

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Os dias passados escrevi a vm por via do

[3]
pe frei sebastião de faro, a quẽ escrevi tãbẽ, mandan
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dolhe o recado que tinha seu de dona clara, e nunca vi
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mais reposta, nẽ de algũas mais q tenho escrito a vm
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des q dessa terra vim vm ma fassa por o pro que
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se offereser, ou por via de po lopes da fonseca d evora, que an
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da nessa cidade pa ler, de me mandar mtas novas
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suas que so isso estimarei nesta cidade onde fico estas
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ferias pera ver se me posso fazer bacharel este anno q vem
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pa q assi fique livre de autos por ora, lembro a vm que
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me desatinão pellos papeis q lhe deixei e juntamte pello
[13]
perdão, ja tenho escrito a vm que me avise do q he
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necessario e q eu o mandarei logo, que não quero que
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vm nessa parte fique de perda porq o negosio não he meu soo
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ficarei eu toda minha vida obrigado a satisfaser esses servissos
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que vm me fas, q nunca eu poderei pagar senão ser perpetuo
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servidor de vm; e lembro täbẽ as luvas da capella que lhe
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mandei pedir, não se esquessa vm disto que ja he tempo
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e me vejo perseguido mil importunasois novas de moura
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se vm tẽ alguas me mande que ha mto que estou sem ellas,
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como tabẽ das nossas freiras, e quẽ he prioresa; nosso snor de
[23]
coimbra em 29 de abril de 602
[24]
servidor de vm
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Gil almeida

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