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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

1619. Cópia da carta de Leonor de Caminha para Francisco Gomes, seu sobrinho e genro.

ResumoA autora informa o destinatário do bem que lhe fazem os escritos trocados na cadeia e do andamento do seu processo e do de outros presos.
Autor(es) Leonor de Caminha
Destinatário(s) Francisco Gomes            
De Portugal, Coimbra
Para Portugal, Coimbra
Contexto

As cartas PSCR9401 a PSCR9403 encontram-se no processo de Francisco Gomes, de trinta e seis anos, legista e prebendeiro, natural e morador em Coimbra, preso pela inquisição de Coimbra em 1618. A carta PSCR9401 foi entregue na mesa da inquisição em 1619, por Diogo da Fonseca, também ele preso, que declarou que a carta fora entregue na sua cela e denunciou Francisco Gomes como autor da mesma. Interrogado, Francisco Gomes reconheceu a letra da carta como sua e confessou que a mandara para a cozinha, pedindo para que fosse enviada aos presos que se encontravam "na primeira casa do corredor de cima, contra São Bernardo", escondida na panela que tinha uma "ataca na asa". Confessou igualmente que recebeu e enviou muitos outros escritos a outros presos (nomeando muitos deles), mas que destruíu, "rompeu", muitos dos bilhetes recebidos. Para comunicar por escrito com outros presos, Francisco Gomes foi inicialmente auxiliado por Leonor de Caminha - sua tia e sogra - que durante algum tempo fora cozinheira do cárcere e que passava as cartas escondidas em panelas. A determinada altura, Leonor de Caminha foi transferida da cozinha para outra cela. Quando chamado à mesa para ser interrogado sobre a carta PSCR9401, os inquisidores encontraram no bolso de Francisco Gomes duas cartas "que pareciam ser escritas a carvão": uma que lhe fora enviada por Maria de Sousa (em que informava que Leonor de Caminha fora transferida da cozinha) e outra escrita por Leonor de Caminha (quando ainda era cozinheira do cárcere). No processo de Francisco Gomes existe um traslado destas mesmas cartas (PSCR9402 e PSCR9403), com a indicação de que os originais foram anexados, respetivamente, aos processos de Maria de Sousa e de Leonor de Caminha. Até agora, não foi possível encontrar os originais. Durante o interrogatório, Francisco Gomes confessou que os presos comunicavam não apenas por escrito, mas também "por pancadas" nas paredes das celas.

Suporte duas meias folha de papel escritas em parte do verso da primeira e no rosto da segunda.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 7468
Fólios 56v, 57r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2307544
Socio-Historical Keywords Teresa Rebelo da Silva
Transcrição Teresa Rebelo da Silva
Revisão principal Raïssa Gillier
Contextualização Teresa Rebelo da Silva
Modernização Raïssa Gillier
Anotação POS Raïssa Gillier
Data da transcrição2016

Page 56v > 57r

[1]

Os vossos escritos me animão e dão alivio neste

[2]
valle de Amargura em q estou mettida por meus
[3]
peccados. E vejo nelle mettido todo o bem q na
[4]
vida possuia pello q peço pellas chagas de xpo
[5]
me não faltem enquanto puder ser e ao q dizeis
[6]
acerqua de eu dar os Ais cousa he q eu não
[7]
faço porq des q Vim pera esta casa se me
[8]
fechou o coração de maneira q nem fallar me
[9]
ovem e se não fora o favor destes escritos ja fora
[10]
morta

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