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Maarten Janssen, 2014-

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[1770-1772]. Carta de Bernardo da Silva do Amaral, padre, para Ana Maria de Jesus, freira.

Autor(es)

Bernardo da Silva do Amaral      

Destinatario(s)

Ana Maria de Jesus                        

Resumen

O autor, padre, aconselha a destinatária a não tirar a sobrinha de sua casa, assegurando-lhe que não há razões para escândalo.
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[1]
cauza reparo ao mundo: viver em companhia de huã mulher velha, de boa vida,
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e de todos sabida, a qual a criou; isto he q escandaliza qtos homes, e mulhe-
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res Ds criou! porq? porq esa mulher velha está em caza de Padre.
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Pois o P não he confesor de ambas velha, e moça? pois huã May ainda de cre-
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ação não pode viver com sua filha, esteja a May, onde estiver, comtanto q não
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seja caza ruim? Pois não se supoem guardada, defendida, segura, livre de peri-
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go huã filha diante de sua May; ainda q na caza onde vão, estejão homẽs perdidos?
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Podese imaginar, q huã May de creação, mulher velha, mulher sta, mulher mto, e mto
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amte de sua filha ha de ser consentidora de couzas ruins etca Não he isto, o q
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estámos vendo em tantas cazas de Padres, sem nota, sem reparo, sem escanda-
[11]
lo de pesoa alguã? Pois como so este Padre, q escreve, chamãdolhe todos bom, he
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o desgraçado, q o mũdo ha de praticar com ele outros direitos, os quaes o mesmo
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mundo não uza com Padre dos quaes não tem bom conceito? Ora o certo he
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q neste negocio anda Demonio solicitador, Demonio envejozo do bem das al-
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mas.

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Dirá Vmce: estivese Clara com ma sobrinha; ou vivese ela em compa de seu

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cunhado; ou viese pa onde estão seus parentes. Ao pro respõda Clara, q he mto boa
[18]
testemunha, a qual diz q não quiz, nem quererá; porq não he tola, pa estar morrendo
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a fome, e dezamparo; tendo de comer, e vestir, Mir Caza boa onde morar, Misa, e confi-
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ção a tod a hora, confeçor de caza, e interro feito. Ofereceuse Clara pa vir tratar
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de mim por hũs dias emqto ensinava o meu preto a cozinhar. Nunca o quiz en-
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sinar, nem se quiz ir de ma caza por mais q lhe dei a entender. Não quiz correr
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eu com ela podendo: porq sabia as necesides q pasava em compa de sua sobrinha;
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e porq não sou ingrato; e tirano visto o bem, q me servio, e amor, com q cuidou
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de mim, depoes q veyo pa ma caza. Estar sua sobrinha com seu cunhado, he o mes-
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mo q querer perder o temor de Ds: porq era tão sem cautela, q ouvindo-se tinha
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acto matrimonial com sua Irmãa, e fazia a vista de todos outras couzas inde-
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centes com sua mulher, sem aproveitar avizos etc. Bastava a caza andar revol-
[29]
ta sem comer, nem durmir a horas eta pa q sua sobrinha não podese servir a
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N Sr em compa de tal cunhado. Cazamto, apartamto[ diz o ditado] bastava esta
[31]
razão so, qdo não houvese outras mtas e mtas Ir pa caza de seus parentes ao pa-
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recer era mto sto, mas ponderado tudo, eralhe mto mto e outra vez mto prejudicial.
[33]
Segure-me Vmce mta solidão, mto recolhimto, mta abstração de creaturas em caza de-
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seus parentes [sem o qual tudo não pode pasar sua sobrinha por ser chamada de Ds]
[35]
segureme o sustento, e vestido [palavras, e promesas não são obras, e deve
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acreditar mais obras, q palavras] segureme frequencia de sacramtos duas ve
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zes e tres na semana no mato, segureme Director existente sempre no mato per-
[38]
to, e capazisimo[ pois sua sobrinha carece comunicar Director com toda frequencia]
[39]
segureme, q mudanças não prejudicão ao spirito, e tãobem mudanças de confesor[
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o q todos reprovão] segureme outras mtas couzas bem necesarias a qm trata de perfei-
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ção: e eu então lhe seguraria a ida de sua sobrinha pa caza de seus Parentes.

[42]

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