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1596. Carta de Filipa Gomes para o seu sobrinho, Fernão da Horta, mercador, tratante e banqueiro.

ResumoA autora envia condolências por ocasião da morte da mãe do destinatário.
Autor(es) Filipa Gomes
Destinatário(s) Fernão da Horta            
De Italia, Venezia
Para Portugal, Lisboa
Contexto

Diogo da Horta e o seu irmão, Fernão da Horta, foram acusados de judaísmo e presos pela Inquisição de Lisboa. Diogo da Horta (Proc. IL 229) foi o primeiro a ser preso, a 05/03/1596. Da prisão escreveu duas cartas em pedaços de tecido. Contudo, António de Melo, que estava preso por se fazer passar por familiar do Santo Ofício e por "passar recados dos presos", denunciou-o entregando as cartas como prova na Mesa do Santo Ofício. De acordo com o testemunho deste denunciante, Diogo da Horta "fez os ditos panos de uma toalha da Índia que o dito Diogo da Horta tinha no seu fato e [ele, António de Melo], lhe viu fazer a tinta de vinagre e de fumo da candeia que tomava em uma telha e fez a pena de um pau de vassoura e..." coseu os ditos panos entre o forro dos calções de António de Melo.

Depois da entrega das provas à Inquisição, Fernão da Horta (proc. IL 12087) foi preso, acusado também de judaísmo. Do seu processo constam mais duas cartas, que foram entregues na Mesa do Santo Ofício pelo correio-mor em agosto de 1597. Tinha-as recebido de Duarte Gonçalves da Horta e de Filipa Gomes, seus tios, cristãos-novos, que tinham saído de Portugal e viviam em Veneza.

Suporte uma folha de papel dobrada, escrita nas duas últimas faces. As duas primeiras faces têm outra carta, enviada pelo irmão da autora
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 12087
Fólios 24r-24v; 25v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2300100
Transcrição Teresa Rebelo da Silva
Revisão principal Catarina Carvalheiro
Contextualização Teresa Rebelo da Silva
Modernização Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2015

Frase s-2 por cartas d amto gomez de Roma soubemos do falycymto de sua mãy e yrmãa mynha que serto eu a não tyve ca e a ela tyve sempre por tal pois era tão queryda e amada de mym como a Rezão
Frase s-3 pois de mynhas fas q dyrey
Frase s-4 sertamte sobrynho que fycão elas mto descomsolada e com tamta Rezão
Frase s-5 que o snor deos socoRa a suas tão querydas e amadas fas e fos que tão prestes e tão malograda os quys deyxar orfãos de pay e mãy
Frase s-6 o snr ds sabe que me chega alma sua orfandade e pareçẽ queys ele prover damtes que o fosem de pay e mãy dar nos a snra sobrynha lucreçya d orta pera fycar em lugar de seu ẽparo e abrygo
Frase s-7 q serto não tenho outro alyvyo com que nesta parte as comsolar e me comsolar mais que terem ese emparo
Frase s-8 e lhe pedymos eu e mynha fa cateryna pymymtel que faça com todos asy como meu yrmão desejava fazer com ela que sabe o snor q ele a querya e amava como a coalquer de nos pelo que bem vejo coamto e desnesesaryo esta lembramça mas com estar tão lomge e tão fraca de todas as forças. com ysto me satysfaço em parte q bem sey q a snora lucrecya q e e foy sempre come verdadeyra fa e yrmãa nosa
Frase s-9 o que oje e nesesaryo que Rogẽmos ao snor que tẽnha sua alma em glorya e que lhe vyvão seus fos pa emparo das orfas
Frase s-10 e vos sobrynho meu da mynha alma sejais bemdyto
Frase s-11 e por amor do snor que sejais prudemte velho em tudo como comfyo sereis que tão presto vos foy nesesaryo serdes pay d orfas
Frase s-12 ele vos de vyda e forças pa poder asertar em tudo o que puzerdes a mão
Frase s-13 e lyvre ese moço
Frase s-14 e a todos faça o que ele pode
Frase s-15 e as mynhas sobrynhas se alembre o snor de sua orfamdade
Frase s-16 e a eles e a nos de pacyẽcya pera tal dor e tal chaga
Frase s-17 e sejais todos bemdytos do snor e de mym
Frase s-18 e cateryna fas o mesmo e fyca mto tyste e mto descomsolada
Frase s-19 e todos a emcomẽdamos sua alma ao altysemo
Frase s-20 ele seja com todos

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