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Maarten Janssen, 2014-
Resumo | O autor queixa-se da forma irresponsável como um rapaz, protegido do destinatário, se está a comportar no Brasil. |
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Autor(es) | João Luís Cerqueira |
Destinatário(s) | José Pedro da Costa Aço |
De | América, Brasil, S. Luiz do Maranhão |
Para | Portugal, Lisboa |
Contexto | Em 1823 António José Nunes, cirurgião do Hospital Nacional de S. José, processou o próprio filho por culpas de vadiagem. Depois de uma sentença de degredo para a Índia por cinco anos, o pai reconsiderou e perdoou o filho, Ezequiel Nunes, de modo que a sentença foi revogada. Na súplica que o pai dirigiu ao Corregedor do Crime do Bairro da Rua Nova (Lisboa) está o elenco das suas queixas, que incluem a memória da passagem do rapaz pelo Brasil. O processo inclui também duas cartas de 1823 de cirurgiões do Hospital Nacional de São José (um explicador particular e um professor particular de anatomia) atestando que Ezequiel Nunes era "muito descuidado nas obrigações de estudante". Note-se que num período de grande agitação política – o Vintismo mostrava-se incapaz de resolver os muitos problemas do Império Luso-Brasileiro – as redes de apoio e de clientelismo pareciam continuar a funcionar e a Índia permanecia como estímulo corretivo. Transcrição normalizada da referida súplica [Cad. [1], Fl. 2r]: «Diz António José Nunes, cirurgião aprovado, morador na Rua dos Algibebes [...], que entre outros filhos que tem, há bem assim Ezequiel Nunes, ao qual havendo-lhe dado a educação necessária, procurando-lhe até uma loja para aprender o ofício de serigueiro de chapéus da qual fugiu, passou o suplicante aplicá-lo à sua mesma Arte de Cirurgia no Hospital Real de S. José, que exercitou por espaço de 3 anos, porém inutilmente sem estudar, vadiando e praticando desatinos, de sorte que o suplicante, para salvar o seu crédito e evitar a total ruína do dito suplicante, conveio que ele fosse para o Maranhão sendo recomendado ao Físico Mor António do Rego, o qual logo o empregou no hospital da mesma cidade, vencendo 100 réis por mês e ração; mas no fim de 6 dias, desamparou e fugiu para bordo de uma charrua e vindo a terra cometeu a aleivosia de extorquir um relógio e cadeias de ouro ao dono da casa em que estava hospedado [fl. 2v] passando a vender os ditos trastes por cujo facto foi preso e voltando a esta cidade, lhe fez o suplicante assentar praça no Batalhão nº 3 destinado ao Rio de Janeiro, de que logo deu baixa. O suplicante ainda quis ver se o dito seu filho tomava novo caminho evitando a sua ruína, tornou a mandá-lo para o Hospital Real de S. José aonde anda há [justo?] de 4 anos, inutilmente, porque se entregou ao ócio e vadiagem, inda lhe extorquido [sic] de casa alguns livros e miudezas. [...]». |
Suporte | meia folha de papel dobrada escrita em todas as faces. |
Arquivo | Arquivo Nacional da Torre do Tombo |
Repository | Casa da Suplicação |
Fundo | Feitos Findos, Processos-Crime |
Cota arquivística | Letra E, Maço 1, Número 24, Caixa 2, Caderno [2] |
Fólios | 8r-9v |
Transcrição | Sara de França Sousa |
Revisão principal | Rita Marquilhas |
Contextualização | Miguel Cruz |
Modernização | Clara Pinto |
Anotação POS | Clara Pinto, Catarina Carvalheiro |
Data da transcrição | 2009 |
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