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Maarten Janssen, 2014-

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1809. Carta atribuída ao Padre António Vidal Ferreira Pinto, assinada com o nome Godinho de Albuquerque e enviada a António Simão de Oliveira.

Autor(es)

António Vidal Ferreira Pinto      

Destinatario(s)

António Simão de Oliveira                        

Resumen

O destinatário da carta é insultado e ameaçado por andar a maldizer um padre da terra.

Texto: -


[1]
Sr Anto Simam de olivra
[2]
Irmam carissimo das santas almas, nunca peguei na pena com tanto dissabor como na prezente ocazião pa vos communicar o mto que sinto o ruge ruge dos vossos procedimtos
[3]
Dizem q estais feito hum Almanach desse Cururupu, quero dizer hum Corro da posta, q levais, e trazeis novides e q sois hum pesquizador excelente da vida alheia, deteriorando mtas pessoas no seu credito, sem atenção aos seus carateres, e dignidades,
[4]
entre estas ao Pe desse Cururupu, de qm tendes falado com mta largueza, como fizestes hua vez na va de Guimes satirizando-o de Tabalião do Alfes Anto Martins por cauza do esquecimto da asinatura de hua carta, de que outros tão bons, histo he pedantes, como vós mofarão
[5]
O tal Pe teve logo qm o inteirasse das boas auzencias que delle fizestes, tanto nessa occazião como de outras, em q vós na mma Villa despejastes o vosso Papinho,
[6]
tal foi em dia de Natal em caza de Mel Ignacio, q dormindo vós na vespora, em caza de Joaqm Mel estando ahi o dito Pe o q ouvistes o fostes pintar na Va mto diverso do original, o q vos faz objeto de irrezão e aborrecimto
[7]
Olhai Irmamzinho das almas da santa Cari Caridade, metei a vossa lingoinha no Cu, ou ponde hum freio na boca, e se não tiverdes algum que vos sirva mandaimo dizer, pa vos mandar fazer hum q vos contenha no modo de falar,
[8]
aliás estais em maos lansois; porq eu ouvi dizer ao dito Pe qdo veio a esta Cidade, em q se falou em vós, q esperava ocazião de vos agradecer os vossos elogios;
[9]
lembraivos, q elle tem amigos, e está na aceitação de mtas pessoas de bem nesta Cidade, e q o acreditão mto
[10]
e tambem he constante q o Coronel de Guimaraens he seo Ao a qm o mmo Pe communica os vossos dilirios, e de outros, tambem, da vossa religião
[11]
lembraivos q sois mto verde, como vos chamou o do Coronel, hua ves, q vos ameaçou com a cadeia, por seres bacharel,
[12]
daqui podeis infirir, q he mor perder por carta de menos, que por carta de mais:
[13]
acompanhai com os bons;
[14]
vede o cazo que fazem de vós;
[15]
lembraivos da supradita noute de Natal, em caza do referido Joaqm Mel, em q toda a noute asociastes com o seleiro, em q papastes por Albardeiro, e q cosmestes á meza em pe, como oficial de Albardas, sendo vós hum oficial de Malias:
[16]
tudo efeitos de vós seres hum verdugo contra o Pe de qm o dito Joaqm Mel he mto amigo
[17]
Estas, e outras mtas notas q por falta de tpo vos não relato, me tem ferido os ouvidos, e magoado o coração
[18]
Meu rico Irmãozinho das bentas almas, conciderai o q sois, não vos façais grande, sendo da marca pequena,
[19]
abatei essa bazofia, que tendes de sabio, e esperto, sabendo todos q sois hum Asninho;
[20]
dizeime, tendes ja ganhado algum habeto de Christo pello oficio de marandubeiro?
[21]
mas he ja pençao q tem os da vossa estatura de quererem chegar com a lingoa, aonde não podem com o corpo
[22]
Sede pois, caladinho, não vos emporte a vida de ninguem, e adquerireis a estima de todos.
[23]
Emfim qm esta vos escreve, não he Ilheo, q vos furte a Imoça q comprastes por dois frascos de agoardente, nem qm se despeque por cartazios, nem a qm vós tinhais por homem de saco, e botige, nem a qm vós digais q dorme em cama de folhas de Joçara,
[24]
he hum vosso parente mto chegado por pte de Pai, e Mai, q vos qr mto e continuamte está com as camandollas na mam, pedindo a Deos q abençoe os vossos progetos.
[25]
Dezem me q cazara vossa Irmam, e q achara bom marido, o q estimo
[26]
Dailhe lembranças mas e a vossos Pais:
[27]
E a Deos, q vos faça milhor do q sois, e q permita torneis a estima daquelles q tanto tendes agravado;
[28]
e se vos não servir esta carapuça; hide vos sepultar no obim, com mais de mil Diabos indegar caboucullas, e pretas, pa lhe beberes os ovos, q han dem ser ser coadonados á vossa quiza.
[29]
Vosso Servo Godinho de Aboquerque Maranhão 25 de Janeiro de 1809

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