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Maarten Janssen, 2014-

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[1720]. Carta de autora não identificada, de alcunha Fénix, para o padre José do Espírito Santo.

SummaryA autora adota um registo erótico para descrever as suas experiências místicas.
Author(s) Anónima71
Addressee(s) José do Espírito Santo            
From Portugal, Lisboa
To Portugal, Lisboa
Context

O réu José do Espírito Santo, padre no convento de Nossa Senhora da Graça, Lisboa, foi preso a 26/08/1720 por acusação de solicitação e abuso do sacramento da Ordem. Destas culpas foi-lhe dada sentença em auto-da-fé privado a 16/07/1722: abjuração de leve, privado de voz ativa e passiva e do poder de confessar e pregar, para sempre; privação do cargo de qualificador, inabilitado para servir o Santo Ofício, suspenso do exercício das suas Ordens, por oito anos; degredo para o convento mais remoto da sua Ordem, por dez anos, onde seria recluso no cárcere, por três anos, dois deles com as penitências impostas nestes casos; proibição de entrar em Lisboa, Évora, Estremoz e Arraiolos; todos os seus papéis e escritos queimados; instrução na fé católica; penitências espirituais; e pagamento de custas.

Support meia folha de papel dobrada, escrita nas três primeiras faces.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Lisboa
Archival Reference Processo 8215
Folios 147r-148r
Socio-Historical Keywords Rita Marquilhas
Transcription Eduardo Serafim
Standardization Catarina Carvalheiro
POS annotation Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Transcription date2010

Page 147r > 147v

[1]

J M J

[2]
Aconpanhe a VM e lhe premitam todos suas lu
[3]
ses pa alumiar a sua Fenes pois q elles o fizeram
[4]
suavicima fonte pa ella beber augoas tam sus
[5]
tanciais pa seo espirito se animar e criar richas
[6]
forsas no amor da sua fenes sentio dia des
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ta somana ser trespasada daquela dor grosa e
[8]
se sentio por veses ferida ella não se quexa de
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outra pesoa mais q do querido das asas q a fe
[10]
rio com setas penetrantes de fogo q lhe cauza
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vam mtos ardores nas emtranhas d alma sen
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tia q com estas setas de fogo se trasformava a al
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ma no mesmo fogo e sentindo em alguas veses
[14]
q este fogo dava mto dileite a alma e q ella
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se deleitava de sorte q lhe parecia ficava tan
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bem trasformada no mesmo deleite ficando
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pasadas estas ocasiois em fortes ancias de amor
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sentiase como muda so com os olhos fixos em o que
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rido e asim sentia a penetravam estas ancias
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richamte e ali se sentia a alma como estalar
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de amor não sabe dizer de q more senão q pa
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dese ancias fortes no amor quarta fra se recolhe
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a fenes achandose com o seo amado crucificado
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tomara saber esplicar o q ali recebeo dele sen
[25]
tia q lhe dava todo seo Santicimo corpo fazen
[26]
dolhe patentes suas chagas e mostrandolhe ti

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