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1819. Carta de Francisco José de Araújo, mestre de navio, para José Dias de Campos, negociante.

SummaryO mestre do Carolina, um navio roubado, procura ilibar-se de culpas inventando uma história.
Author(s) Francisco José de Araújo
Addressee(s) José Dias de Campos            
From S.l.
To S.l.
Context

José Dias de Campos e José Joaquim Ferreira acusaram José Luís de Lima, negociante, de lhes ter furtado um navio, o Carolina. Em setembro de 1819, o navio foi mandado sair do porto de Lisboa, rumo a Gibraltar, pelos donos, negociantes de fazendas, persuadidos por José Luís de Lima, o réu deste processo, e um companheiro. Estes, em conluio com o mestre do navio, venderam à socapa a carga a um outro negociante e fugiram com o Carolina. José Luís de Lima foi apanhado e preso, tendo confessado, para além do roubo, que a embarcação tinha sido encalhada de propósito em Esposende. Em carta com local falso (Noia, Galiza), o mestre do navio relatou o roubo ao patrão procurando ilibar-se de culpas e alegando, entre outros episódios inventados, que teria sido feito prisioneiro ao largo do Cabo de Santa Maria.

Support meia folha de papel escrita nas três primeiras faces, e com sobrescrito no verso da última.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Collection Feitos Findos, Processos-Crime
Archival Reference Letra J, Maço 2, Número 5, Caixa 6, Caderno 1
Folios 15r-16v
Transcription José Pedro Ferreira
Main Revision Cristina Albino
Contextualization José Pedro Ferreira
Standardization Ana Luísa Costa
POS annotation Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Transcription date2007

Text: -


[1]
Galiza Noia Snr Joze Dias De Campos Meu amo E snr
[2]
Serve Esta a dezer a Vmce Em que No dia 9 De Setembr fui prizioneiro Dos EmSurgemtes jumto ó Cabo De sãota Maria 10 leguas fora Da tera omde os Ditos tirarão algumas Cozas Milhores E Meterão o Navio a Pique
[3]
No dia 10 Nos querião Butar Em tera Porem EmComtrarão huma fragata que li deu Caça Emte o Dia 11 que ficou a Perder De vista
[4]
No Dia 17 18 EmComtrarão huma galera amerecana ahomde li Embarcarão 9 Peçoas E mi deixarão a Bordo Mais Dois marinheiros
[5]
Na altura Dos asores No dia 20 De sbro Emcomtrarão hum Brigamti òlomdes que Vinha Para AMestredam E Me Embarcarão Mais os Dois Marinheiros
[6]
No do Dia 2 De Nbro Carigou o tempo Pelo Nordeste Por altura De finistera segumdo a Volta Da tera
[7]
Pidi ó Capetão que Me botaçe Em tera E fui No bote
[8]
ali Não Mi quizerão Dar Emtrada Porque Dizem que amdão algumas Navios Com peste No Mar
[9]
ali Estive 5 Dias No bote E mi mandarão que Viece a Bigo ó Comculo Pois o Pimcipali Destas teras
[10]
Não tive Rimedio senão hir lomgo Da Costa
[11]
No dia 9 Sahi Da dita tera homde fui que i li xamão Corcobião Pela Manham Com bonamça
[12]
as 10 horas Da Note Mi axei Por tera Dos baxos De corebedo homde Demos Em huma Pedra
[13]
aRombou o Bote Por tres Partes e tamos Com a mes Ropa
[14]
E fomos a Varar Em tera omde Vim a Este Porto Vila De Noia que hera a Mais roximo Vila do Mar amdamdo toda a Note Por Montes que MilagrozaMente Escapamos Deste Naufraugo Em humas Pedras tão Prigozas
[15]
Nada Mais tenho a Dezer a Vmce
[16]
deste seu Vinerador E criado Franco Joze de Araujo 10 de Nobembro 1819

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