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[1770-1772]. Carta de Bernardo da Silva do Amaral, padre, para Madalena Tomásia de Jesus, mulher de desembargador.
Autor(es)
Bernardo da Silva do Amaral
Destinatário(s)
Madalena Tomásia de Jesus
Resumo
O autor lamenta-se pela separação da sua amada e amaldiçoa quem os apartou. Verseja sobre a sua sorte.
Texto: -
[2]
lembrame, q a ouvia cantar=
[3]
Mal
haja qm inventou no mar andarem navios ; pa padecer agora
saudades, e desvios=.
[4]
Eu não rogo pragas, Ds me livre: mas di-
go, q hé homicida qm inventou tal viage.
[5]
Eu lhe confeço ma ver
de q ja não poso com isto,
[6]
tem-me custado gotas de sangue.
[7]
Eu qdo
a vi noutro dia, pareciame de verde; q ha hũ ano, q não via, nem
me parecia, q me podese fartar de a ver;
[8]
mas agora qdo a vir
me ha de parecer, q ha cem ans a não vejo.
[9]
Acrediteme, q ando
a modo de pateta, q não sei q me falta;
[10]
em huã palavra isto
custa mto,
[11]
e so por N Sr se pode levar.
[12]
Olhe se eu apanhase aque
la velha enfeitada q he cauza de tantos distroços, havialhe dizer, q
se não sabia a qtas vidas dava golpes, não metese a faca.
[13]
Emfim
quero chorar ma desgraça
Pois logrado me fazia,
o q desfaz longe o amor.
[14]
ja fui feliz, ja logrei
Qm sincero mto amava;
[15]
Ma ventura igualava,
Quanto dizer eu não sei,
[18]
Perdi do semblante a cor
Com perder em qm vivia.
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