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Maarten Janssen, 2014-

CARDS6048

1817. Cópia de carta de Francisco Quintino da Cruz, mestre de iate, para António Ribeiro Pessoa, negociante.

Autor(es)

Francisco Quintino da Cruz      

Destinatário(s)

António Ribeiro Pessoa                        

Resumo

O autor pede a compreensão do destinatário, patrão do iate que conduz, para os erros que cometeu, listando uma série de atenuantes. Pede perdão em nome das filhas e da defunta mulher do destinatário. Mostra-se tão desesperado que confessa sentir a tentação de se atirar ao mar.
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Senhor Antonio Ri-beiro Pessoa Bordo onze de Fe-vereiro de mil outtocen-ttos e dezassette E dezassette

Infellis de todo aque-lle homem a quem a des-grassa fas timbre de per-seguir, a sua prezença , sempre me foi agrada-vel, eu o respeittei sem-pre como a hum bom Pattram e amavel Paỹ em toda a partte espalhei com o maior prazer as boas quallidades do meu Pattram sempre Sempre incançavel a dizer que homem nenhum poderia ter tam bom Pattram como elle sempre como tal o respeittei, e amei, e sem-pre em vossa Merçe confiei com a maior e com a mais firme por-teçam de bom Paỹ nam meu mais tambem de minha ttristte mulher e tenros filhos. Hoje po-rem que se conttam onze Onze do correntte quando vossa Merçe teve- a bondade de chamarme a sua prezença fi-quei como mortto qu-ando observei a sua indignaçam, a sua in-despoziçam conttra mim e juro a vossa Mer-çe Senhor Anttonio Ribeiro Pessoa que tenho impettos de matarme e atirar commigo ao mar. Eu nam posso Eu nam posso negar ao meu Pattram que commetti erros porem o homem he su-jeitto a erros; seguindo as suas ordens eu me de-regia para Almeria a cum-prillas porem venttos conttrarios me fize-ram abrigar por vezes nesttas desgraçadas abrigadas mudaram todas as circunstançias de entteresses para estta Em Estta Embarcaçam Bons entteresses comtudo tive eu arranjados em Gibraltar os quaes cubriam despezas e da-vam bons lucros porem como pudia eu acau-tellar huma conjura-çam huma denunçia fal-sa que transtornou e tirou os entteresses arranjados com tanto trabalho a es-tta Embarcaçam hum denunçiantte costtuma-do ja a viver de denunçias De denunçias falsas e verdadeiras foi quem me quis lançar o fogo escapei de ser queimado; nam sujeittei o seu Hia-tte a couza alguma asi-gnei as lettras digo algu-ma nam asignei as lettras a que me queriam obrigar por industria e somentte tratei de correr a prezença do meu Patram porque hera o abrigo aonde me julgava se-guro e tambem para E tambem para com-binarmos as maneiras de recuperarmos os perjuizos destta viagem de cujos avensos me julgo ca-pas como ja mostrei nouttras viagens. Es-tou como doido nem sei o que escrevo e portan-to digo a vossa Mer-çe que se compadeça não tanto da minha humil-dade como da minha tris-te e afelitta mulher e tenros filhos eu lhe rogo Eu lhe rogo pella Alma da sua senhora que Deos tenha em glo-ria e pella boa sortte das suas meninas que fa-ça o que he proprio da sua boa alma de huma alma nobre e huma alma grande pois que n'huma ou duas via-gens vamos recuperar os perjuizos e hiçar esttas foram as visttas que me fizeram correr a sua prezença, e do conttrario E do conttrario nin-guem sertamentte me obrigaria a vir sacraficarme e a entregarme nas mãos do meu Pattram a quem amo com afecto e O maior respeitto e como humilde creado e obri-gadissimo F Q da C

PS Estta tarde fui chamado a caza da sau-de e a Mi me apareçeu E a Mi me apareçeu Joze da Barca, com hum Espanhol segundo elle disse a pregunttarme pella agoardentte, a quem respondi o que devia se-gundo a rezam e os toques que me deram Eu nada temo porque a razam me governa para com Joze da Barca, e outtros assim a quem temo he o meu Pa-ttram porem assim mes-mo vim buscar a sua boa sombra


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