PT | EN | ES

Main Menu


Powered by <TEI:TOK>
Maarten Janssen, 2014-

CARDS1033

1760. Carta não autógrafa de Rosa Maria Egipcíaca, escrava forra, para Pedro Rodrigues Arvelos, lavrador.

SummaryRosa toca em assuntos espirituais e em assuntos correntes. São de salientar a alusão a uma demanda na Justiça, a referência ao porte de cartas entre o Rio e São João del Rei (Minas), as notícias sobre duas filhas do destinatário que estão no Recolhimento de Nossa Senhora do Parto, a autorreferência enquanto "criatura de cor humilde e pobre" e os conselhos sobre o envio de uma escrava do destinatário para o Rio de Janeiro.
Author(s) Rosa Maria Egipcíaca
Addressee(s) Pedro Rodrigues Arvelos            
From América, Brasil, Rio de Janeiro
To S.l.
Context

Há três fontes documentais e uma monografia que permitem contextualizar a personagem histórica de Rosa Maria Egipcíaca, bem como o círculo em que se movia: trata-se dos processos 2901, 9065 e 18.078 da Inquisição de Lisboa, arquivados no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, e uma monografia da autoria do antropólogo Luiz Mott (Mott, L. 1993. Rosa Egipcíaca, uma Santa Africana no Brasil. Bertrand Brasil). As pessoas envolvidas nos processos 2901 e 9065 enquanto réus são Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz, escrava forra (natural de Ajudá, na costa de Benim, África, de etnia courã e residente no Brasil), o Padre Francisco Gonçalves Lopes (português, residente no Brasil) e o Padre João Baptista de Capo Fiume (italiano, residente no Brasil). Os primeiros dois conheceram-se em São João del Rei (Minas Gerais), ainda Rosa era escrava. Segundo o seu testemunho, em 1748 converteu-se à vida religiosa guiada pelo Padre Francisco Gonçalves Lopes e abandonou um passado de prostituição. Afirmou à Inquisição ter sentido “invasões espirituais malignas” e ter sido exorcizada pelo padre. Alguns acontecimentos foram contribuindo para a crescente má fama de Rosa e para a desconfiança das autoridades em relação a ela. Em 1749, numa igreja, estando Frei Luís de Peruggia a discursar, Rosa levantou-se e gritou algo sobre os demónios presentes no local, caindo depois no chão. Foi imediatamente exorcizada, mandada prender pelo bispo e açoitada no pelourinho da praça pública, episódio que a terá deixado paralisada do lado direito. Depois disso não havia quem a confessasse e Rosa pediu uma audiência ao bispo de Mariana para provar a sua sinceridade. Foram feitas provas de exorcismo na presença de vários sacerdotes, mas a escrava não conseguiu convencê-los de que estava possuída. Vendo o seu desespero, o padre Francisco Gonçalves Lopes convenceu Pedro Rodrigues Arvelos ‒ um lavrador amigo de ambos – a comprar Rosa à sua proprietária, e assim a escrava foi trocada por um “moleque”. Em 1751, Rosa e Francisco Gonçalves Lopes decidiram ir para o Rio de Janeiro, dada a sua fama de "velhaca" em Minas, e segundo o testemunho do Padre Filipe de Sousa, próximo dos réus, porque quiseram fugir a um possível julgamento de Rosa. Foram vivendo em casa de amigos do padre e a escrava mudou de nome, acrescentando-lhe "Maria Egipcíaca da Vera Cruz". Em 1751, Rosa aprendeu a escrever com Maria Teresa do Sacramento. Há dois documentos originais da sua letra nos processos da Inquisição, ao lado de muitos outros de que foi autora mental por os ter ditado à sua mestra de escrita. O seu director espiritual passou a ser Frei Agostinho. Em 1754, Rosa, o padre Francisco, frei Agostinho e alguns patrocinadores fundaram o Recolhimento de Nossa Senhora do Parto. O bispo do Rio de Janeiro, Dom António do Desterro, nomeou como primeira regente Maria Teresa do Sacramento (de 28 anos, natural de Lisboa), embora fosse Rosa a verdadeira responsável pela instituição. O Recolhimento seria destinado "a mulheres pecadoras que nos confessionários diziam que tinham ofendido a Deus por não terem casas para morar" (p. 42 do livro de Luiz Mott) e teve diversas recolhidas de várias idades. Maria Teresa não se sentiria como total regente, e, juntamente com Frei Agostinho cujos exorcismos não resultavam com Rosa, denunciou a africana ao bispo pelo seu comportamento estranho. Isto porque Rosa continuava com frequentes ataques e desmaios, chegando a agredir e maltratar quem estivesse por perto, necessitando de muitas atenções e diversos exorcismos, descritos por algumas testemunhas do processo inquisitorial. Frei Agostinho deixou de ser seu director espiritual, também por ter adoecido, e foram nomeadas outras pessoas para essa função. A fama de Rosa agravou-se também porque, estando numa igreja a assistir à missa, viu que estavam duas senhoras a conversar e avançou sobre elas. Destas duas pessoas, uma pertencia à elite do Rio de Janeiro (Dona Quitéria), o que fez com que, por ordem do bispo, Rosa fosse expulsa do Recolhimento de Nossa Senhora do Parto (1758). Dificilmente a ré se livraria da fama de embusteira, mas para que Rosa não recebesse nova sentença de açoites ‒ que teria, como escrava -, pediu a Pedro Rodrigues Arvelos a sua carta de alforria, e tornou-se liberta. Nos sete meses seguintes, Rosa viveu em casa de uma amiga, e depois na casa do padre Francisco Gonçalves Lopes, anexa ao Recolhimento. Entretanto, ficou como seu director espiritual Frei João Baptista, e durante este tempo Rosa disse ter a premonição de um dilúvio. Houve alguma expectativa em relação a esse acontecimento e, quando ele se deu, cresceu ainda mais a sua fama. Voltou a entrar para o Recolhimento sem explicação aparente (mas como na época o bispo estava doente, pode ter havido um aproveitamento da sua debilidade). No ano de 1759, as quatro filhas de Pedro Rodrigues Arvelos e Maria Teresa Arvelos entram para a instituição (Maria Jacinta, de 13 anos, Faustina, de 16, Genoveva, de 19, e Francisca Tomásia, de 11). Rosa era motivo de adoração, tal como as suas relíquias (dentes, sangue, cabelos, cartas, roupas e saliva, com que se faziam bolinhos para alívio das meninas que sentissem maus espíritos). Chegou-se a mandar fazer um retrato de Rosa para ser adorado na igreja, mas a Inquisição nunca o conseguiu encontrar. Já em 1762, a 22 de Janeiro, Dom António do Desterro pediu que Rosa e o padre Francisco Gonçalves Lopes fossem presos por culpas de heresia formal. Coube ao Promotor do Juízo Eclesiástico local, Dr. António José Correia, formalizar o auto de denúncia, levando a portaria a casa do Padre António José dos Reis Pereira de Castro (principal representante da Inquisição no Rio de Janeiro), que tinha sido já quem ordenara a sua anterior expulsão do Recolhimento. Não há indicação da causa de uma acusação formal repentina, mas, segundo Luiz Mott, seria por Frei Manuel da Encarnação ter sido eleito em 1761 Vigário Geral, e ter sido ele um dos que pressionaram o bispo para que punisse Rosa na altura do incidente com Dona Quitéria. Ao todo foram ouvidos no Rio de Janeiro doze homens e sete mulheres, sendo o primeiro o Padre Francisco Gonçalves Lopes, que relatou episódios passados com a ré, mas sem a acusar. No entanto, a maior parte dos testemunhos foram incriminatórios e o comissário declarou haver fundamento para um mandado de prisão, que foi dado a 4 de Fevereiro de 1762. Mais nove testemunhas foram ouvidas até ao dia 13 do mesmo mês, também elas maioritariamente incriminatórias. No dia 20 começou o interrogatório a Rosa, e o padre acabou também por ser detido a 8 de Março do mesmo ano. No dia 6 de Março, Maria Teresa Arvelos apresentou-se ao inquisidor e entregou-lhe 55 cartas que ela e seu marido tinham recebido em São João del Rei (26 ditadas por Rosa, 22 do Padre, 4 de Maria Jacinta e 3 assinadas por Faustina, ambas filhas dos Arvelos), bem como um manuscrito que relatava algumas visões da ré. A 12 de Março foi a vez de seu marido se apresentar, procedimento comum na época, pois quem tivesse relação com um réu auto-incriminava-se, já que os arrependidos ou confessados podiam ter a condescendência do Tribunal do Santo Ofício. Rosa e Francisco Gonçalves Lopes estiveram presos durante um ano seguido à espera de ordens de Portugal. O único bem confiscado ao padre foi inexplicavelmente o seu escravo Brás, que por causa das acusações contra seu senhor também foi preso. Foi leiloado em Agosto, e do processo consta o "Auto de Arrematação do Mulato Sequestrado do Padre Francisco Gonçalves Lopes", que foi vendido por 510 réis. A 1 de Março de 1763, o escrivão deu os autos como conclusos, pois da parte da justiça do bispo já não se poderia actuar. A 29 de Março do mesmo ano, o Comissário António José dos Reis Pereira e Castro determinou a remessa dos presos para o Tribunal do Santo Ofício de Lisboa. As despesas da viagem foram pagas com o dinheiro conseguido com a venda do escravo Brás. Chegaram a Lisboa a 2 de Agosto de 1763 (a viagem terá demorado cerca de três meses) e foram encaminhados para os cárceres da Custódia. Foram revistados e o que confiscaram ao padre foi: uma caixa de tabaco velha de prata, um breve de marca com seu cordão, tudo em ouro, um garfo e colher de prata, 60 réis e um lenço com um embrulho de papéis. Ainda nesse dia foram transferidos para os Cárceres Secretos. A partir de 19 de Outubro, Rosa foi ouvida, mas o padre adoeceu, de modo que passou um ano até ser interrogado pela primeira vez. Na sala de audiências estariam o réu, os guardas que controlavam as saídas, um inquisidor e um notário. Rosa teve seis sessões de interrogatório muito espaçadas, que decorreram até 4 de Junho de 1765 (ano dos seus 45 anos) ficando sempre presa no cárcere inquisitorial. A Mesa pediu que todas as onze testemunhas do Brasil voltassem a ser inquiridas e que se encontrasse o terceiro réu do processo, Frei João Baptista de Capo Fiume. Mandou também que se procurasse o retrato de Rosa que era adorado no Rio. Quanto a Frei João Baptista, o familiar responsável disse ter procurado o sacerdote, mas os que o conheciam disseram que tinha voltado para Itália (terá falecido em 1786, em Bolonha, no seu convento, aos 74 anos). Quanto aos interrogatórios feitos ao padre Francisco, esses tiveram início a 29 de Março de 1764. O réu tentou desresponsabilizar-se alegando que tinha sido enganado por Rosa e pelo crédito de que ela auferia, enquanto santa, da parte de sacerdotes com posição hierárquica superior à sua. Entretanto, descreveu no processo as experiências vividas com aquela ré, chegando inclusivamente a relatar um episódio em que Rosa o terá tentado seduzir. A Mesa conclui que o réu seria culpado, suspendeu-o de confessor e de exorcista, obrigou-o a orações diárias e condenou-o a cinco anos de degredo em Castro Marim. Permitiu, no entanto, que continuasse a celebrar missa. A 24 de Março de 1766, o sacerdote partiu para o degredo, mas o facto de ter adoecido em Castro Marim levou a que lhe fosse autorizada a transferência para a sua Beira natal. O processo de Rosa ver-se-ia prejudicado pelas novas audiências às testemunhas do Brasil, na sua maioria desfavoráveis à sua libertação. Este processo termina com um escrito de Ana do Coração de Jesus (rapariga recolhida no Rio de Janeiro) com acrescentos ao seu depoimento.

O processo 18.078 consiste na minuta da certidão da fé de notários e auto de falecimento da ré Rosa Maria Egipcíaca e nele pode ler-se: "Em o dia de hoje doze do prezente mez de outubro do prezente anno de mill setecentos e setenta e hum fomos ambos chamados aos carceres secretos desta inquizição e indo em companhia do guarda António Bapstista e dos digo que serve de Alcaide do Medico e mais guardas ao carcere da cozinha nella achamos hum corpo morto que reconhecemos ser da preta Roza Maria Egisiaca contheuda nestes auttos na qual se achava preza aqueles ditos Medico Alcaide guardas nos foi dito que ella tinha falecido de sua morte natural originada de varias molestias que padesia complicadas com achaques e que for a vezitada pelo nosso medico e cerurgião administrandoselhe varios remedios neçessarios para a dita enfermidade e recebera o sacramento dascensão de que se pasou esta certidão que asinamos em os ditos doze do corrente mez de 1771 Manoel Ferra. De [Mez.]".

Support uma folha de papel dobrada escrita nas duas faces.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Lisboa
Archival Reference Processo 14316
Folios 51r-52v
Transcription Ana Guilherme
Main Revision Rita Marquilhas
Contextualization Rita Marquilhas
Standardization Sandra Antunes
POS annotation Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Transcription date2008

Javascript seems to be turned off, or there was a communication error. Turn on Javascript for more display options.

J M J J A

Meu mto querido fo e snor Compadre Pedro Roiz arvelos Resebi a sua Carta Com sumo gosto por me dizer Lograva saude e ma filha e Comadre e toda a mais familia Ds lha Comserve por muntos annos em seu santo serviso e tãobem estimei mto que viese pa baicho porque ja eu e o meu Padre e as meninas estavamos Com cuidado e desconfiados q o portador não chegaria a tempo por Cauza da sua perna porq emqtao ca esteve esteve Com ela doente e chegou ja Com ela molestada e tãobem estavamos Com o Cuidado não lhe sobreviese algũa grande dor que não pudese andar pelo Caminho; eu Ca emtreguei ao Snor das mizeriCordia a sua Cauza ele permita esqueserse dos meus agravos e emgratidoins e mas Comrespondensias dos seus benefisios que me fas e por; os seus devinos olhos de mizericordia e clemensia na Cauza de vmce e dar a Cada o q for seu; Ca resebi a esmola q; me mandou seja pelo amor de Deos noso Snor permita acresentarlhe mais e mais o amor de Ds e a Caridade do proximo pelas esmolas q; fas aos pobres nesesitados e Como a nosa Constituhisão he pobre e não tenho eu e as minhas filhas senão aquilo q nos dão pelo amor de Deos porq a Religião está no prinsipio da sua fundasão e opremida de desprezos e escarnios e Com isto mesmo me alegro eu e elas tãobem porq o noso general Cristo Jezus asim andou no mundo ele permita que sejamos verdadeiras ovelhas do seu Rebanho e nos grasa pa pastarmos no pasto da pasiensia e Resignasão Com a sua vontade porq aqueles q me dão algũa esmola para Repartir com elas eu lhe digo a elas q oferesão a Ds aquelas esmolas nas suas orasois Como victima de secorro por tensão de quem as pa q a devina providensia despois Remunere na vida e na morte e as depozite nos meresimentos de seu Santisimo fo e sua May Santisima para despois darem em Remisão desculpas e pecados e perdão delas a Cada dos fiẽis exzersitantes das esmolas; Ca vi o primo da minha filha e Comadre estando eu Com o meu Padre que esta de cama qdo veio emtregar Emtregar o dinheiro pa o gasto da demanda faleilhe na saudasão quando entrou para dentro e meu Pe me dise que hera ele ele não me tornou a falar mais nem me proCurou isto digo pelo q vmce me dis na sua que se me pedise algũa Couza que lho dese q me pediria este pedir a hũa Criatura de cor humilde e pobre ou o q lhe poderia eu dar se fose pecados que eses tenho eu de abundansia e de sobejo eses não havia ele querer e asim não tinha nada de meu q lhe dar porque de maldade e emgratidão sou eu Senhora eu folguei de o ver he bonito he gentil homem Ca falou Com suas primas e o Snor o fasa hu seu servo e o emcha dos seus devinos dons e amor e a Snra Santa Anna o tome a sua Conta tãobem vejo a vmce dizer que Reparou não falar nas meninas o Como vão e Como estão na ma Carta Como elas antão tãobem esCreverão ese foi o motivo por donde não falei nelas ou para milhor dizer foi esquesimento do sentido para eu dizer Como elas estão; ese sentido de vmce perguntar o Como estão eu o não emtendo porque ha munto sentido de perguntar Como estão se vmce pergunta Como estão do Corpo Respondo que estão boas de saude e se vmce me pergunta o Como estão de espiritos que quer dizer Como estão no espiritual que o ultuymo fim para que esta Caza foi fundada e a devina Magestade as foi buscar para seus maiores aproveitamentos e de vmces todos diso não sei para Responder sei para me Calar e sei que elas estão munto Contentes Comforme a sua Confisão dando parabens a sua dita de Deos as trazer para sua santa Caza Como elas me não descobrem os entriores das suas almas não sei o que neles pasão das duas piquenas sim que a mais pequenina tem mta devosão Com o espirito santo para lhe emsinar mtos versinhos ao Corasão de sua Mai e a outra tãobem he lumiada porq Como são mais menores na Idade podeselhe traser as Condisois e pinitensialas para sugeitalas a obediensia e humildade e he o que se pratica na vida espiritual em todas as Religioens e em toda a Reforma de vida por hiso he q ha nas Religioens Mestres espirituais e Padres comfesores para exzer Exzersitarem os prinsipiantes nas obediensias mais arduas mandandolhe couzas mais Repugnantes aos seus genios e Castigandoos e Reprehendendoos outras vezes lhe dizem Couzas q não são asim pa ver se elas desculpão e quem obedese ha de meter o seu livre alvedrio debaicho dos pes de quem manda humilde e obediente e manso supondo que quem manda houvindolhe a sua vos houve a vos do mesmo Snor para lhe obedeser humildes e Contritos; em todos os Confesores e mestres de espiritos fala o Snor e aqui neste Santo Colegio com espisialidade fala o Snor Com este seu piqueno Repbanho porque se deicha perseber ver e Conheser se he ele o não aqui fala o Snor Com amor e queichumes de emgratidão de todo o seu povo espesialmente dos que morão Com ele e tãobem emsinandoos Como o devem procurar buscar e achar tãobem fala a Justisa Com zelo de Reprehensois aboninando as Culpas e aniquilando a soberba fala o Snor Como mizericordiozo e Pai noso fala a Justisa Como Juis que nos ha de julgar do bem e mal que fizemos; tãobem falão as Criaturas em aamor e Caridade huas Com as Criaturas outras em união da Congregação porque dis o mesmo Senhor que aqueles q não temerem a Justisa não havera mizericordia para eles; porque; se o conhesem mizeriCordiozo para perdoar e salvar as nosas almas tãobem o hão de Conheser justisa Recta e Juis severo asim Como he piedozo; e amavel e quem asim não; ponderar vai emganado; hũa ves o Snr me dise na orasão que disese as minhas filhas que no seu Reino não entravão senão os humildes do Corasão porque os soberbos e Ativos que la havia que os lansou fora e os sepultou no abismo por hora he o que poso dizer a vmce do que vmce me dis na sua porque quem obedese não ha de ter olhos para ver o q lhe mandão nem Corasão para Retrahir o que lhe dizem em fazendo qualquer Couzas destas he dezagradavel os olhos do divino; amante porq ele he todo puro e fino não se une Com a grosaria do noso emtender Contrario ao seu Mandato no que Respeita a Maria Banguela vir para esta sidade para hir para a fazenda hiso não pode ser porque la está o Snor Doutor e o Snor Lucas Com os seus negrinhos e hũa preta que ele tinha vendeua pela não levar la e deichou a mulher sozinha sendo ela doente e ela queria hir para donde elae está e ele Reziste dizendo que não quer la mulheres venja vmce antão não querendo elae la sua molher Como ha de querer a preta isto he que pasa na verdade as meninas la esCrevem a vmce Meu Padre está mto doente está na Cama ja vai por tres somanas vmce me dis na sua q o Sor Pe João Ferreira ja me mandara Resposta da Carta que lhe escrevi digalhe vmce q ainda Ca não Chegou, eu ao prezente fico de saude Como he vontade de Deos aseitẽ vmces muntas e muntas saudades minhas e lhes emvio as bensois dos meus santisimos Corasois e a minha e ao meu afilhado e mais as mais snras mosas pa que noso Snor e sua Mai Santisim abensõe a vmce e a toda esa nobre caza e lhe dẽ forsas Com Comformidade para Levar a sua Crus athe o fim da viageẽ que iso he o sensial aseite vmces mtas Lembransas de todas as minhas filhas espesialmente das Coatro Anna fransisca do Sacramto Maria Roza do Corasão de São Joze Anna do Santisimo Corasão de Jezus e Anna do Santisimo Corasão de maria e de ma Mai Liandra e de Maria Antonia e da Irmaã Regente e vmce dara mtas Lembransas ao Snor Mel Lopes q adgradeso mto a sua Lça e o dezejo q tem de me ver e ma mai fas o mesmo os santisimos Corasois lhe dem o premio da lembransa q teve de nos e deme mtos Recados a todas a esCravas e escravos de caza e Com isto não emfado mais a vmce que Ds Gde muntos annos em seu santo serviso e na sua devina grasa hoje 12 de setembro de 1760

De Vmce Mai e Comadre munto obrigada Roza Maria EgysiaCa da vera Crus

Remeto a vmce esses papelinhos do snor São Joaquim q lhe coube por sorte a vmce e a minha Comadre este Anno de 1760 pa o de 1761 eu soponho q o santo qr q o sirva q tendome esquesido o Sto mo lembrou a meia noite


Legenda:

ExpandedUnclearDeletedAddedSupplied


Download XMLDownload textText viewWordcloudFacsimile viewManuscript line viewPageflow viewSentence view