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Maarten Janssen, 2014-

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1679. Carta de António de Araújo para a mãe e o irmão, Manuel de Araújo.

SummaryO autor manda à mãe e ao irmão notícias para toda a família, e queixa-se da sua má sorte no Brasil.
Author(s) António de Araújo
Addressee(s) Anónima30            
From América, Brasil
To S.l.
Context

Processo de Domingas de Araújo, moradora na freguesia de Rio Caldo, Terras de Bouro, acusada de bigamia. Conteúdo do processo: o padre Manuel de Araújo, cunhado da dita Domingas e morador em Santo Tirso, denunciou-a à Mesa no dia 11 de março de 1690. Domingas de Araújo era casada com António de Araújo, barbeiro, irmão deste padre Manuel, e tinha com ele dois filhos. Depois de o seu marido se ausentar para o Brasil por 18 ou 19 anos, e estando ele ainda vivo, esta terá casado pela segunda vez a 20 de janeiro de 1687 com Francisco Afonso, "o Fidalgo", lavrador, natural e morador da freguesia de Rio Caldo, concelho de Bouro, de quarenta e três anos de idade, com quem viveu dois ou três anos antes de o seu marido voltar do Brasil. À data da denúncia, António de Araújo encontrava-se a viver em casa de seu irmão e Domingas continuava a viver com o segundo marido.

O padre Manuel de Araújo lia sempre à sua cunhada as cartas que António lhe mandava, escritas com a sua própria letra. Também Filipe Bravo, da mesma cidade, teria voltado do Brasil e lhe foi dar notícias de seu marido, pelo que ela saberia que ele estava vivo.

Domingas de Araújo pediu então uma audiência para confessar as culpas. Disse que só sabia que o marido escrevia porque o irmão deste, o padre Manuel de Araújo, assim o dizia, e que dele nunca recebeu carta alguma. Disse que escreveu ao marido e dele não obteve resposta, pensando então que estaria morto.

Disse ainda que só fez os bens d'alma do seu marido por ter sido perseguida, com esse fim, por um abade e um cura locais.

Disse também que só se casou com o dito Francisco Fidalgo porque os seus parentes a perseguiram para que tal fizesse.

Finalmente, disse que, quando soube que o seu primeiro marido tinha chegado do Brasil, logo se afastou do segundo e se recolheu na casa de sua cunhada, Isabel Francisca, permanecendo lá por dois meses. Aí deu à luz uma criança, filha do segundo marido, mas logo a entregou ao pai.

Disse também que o seu primeiro marido entendeu que ela não tivera a menor culpa, e então mandou buscá-la para que voltasse para junto de si em agosto. E que quando a prenderam já estava em casa deste e que viviam juntos novamente. Depois de inquiridas as testemunhas e de analisados todos os factos e documentos, a ré foi considerada inocente e foi absolvida, mas teve que pagar as custas do processo.

Support uma folha de papel dobrada escrita na primeira e na terceira face
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Coimbra
Archival Reference Processo7445
Folios 36r-37r
Transcription Leonor Tavares
Main Revision Fernanda Pratas
Contextualization Leonor Tavares
Standardization Fernanda Pratas
POS annotation Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Transcription date2008

Page 36r > 37r

Snora Mai:

estimarei estas duas regaras ache a Vm con bo saude en conpanhia de meus irmãns resebi hũa de Vms en como gozabãn bõa saude o que moito estimei por cer a primeira q neste Brazil vi de Vmsehũa e hũa de domingas de araujo o que mto estimei pacace con boa saude eu alguas tenho escritas dellas nam vii reposta mais que esta que vi na era 1675 annos do que eu não tenho sulpa nem mais pouquo Vms a tem por estar longe do porto de mar que eu por min o gulgo estou dozentas e vinte legoas do porto de mar da baia metido ao sertam no rio de cam francisquo acim nam ha rezam de queixa de par a parta agora tibe por noticia estavan alguas de Vms na vaia e acim as mando busquar con toda a diligencia posto que Vms me rellataram fo na primeira carta que foce pa eca cidade pois qua me nam achava ben o dezejo he mto mas qu quem deve ha de pagar e quem não tem pa pa- pagar no bargil ce deixa andar ate ter por donde page porquato me tem hido mto mal nestas partes de bargil, que ja fui rouvado do gimtio escapado delles me matar acim tenho pouquo ou nada pa poder ire pa esa tera mas espero en des; en tendo algua coiza fazelo e cem nada nam vou lla porquanto numqua nimgem me deu nada quanto mais hoje q não cei ce me conheseram acim estou esperando por novas vas da saude de Vms quada de pre sim pois os nomeo nesta a todos adonde estou nam te-nho papel e acim os acupo todos nesta con mi-nhas lenbransas aqueles que de min quizerem ouvir novas pois elles mas não mandam reverendo padrer meu irman diga a domin de araujo que este serve tamben de novas minhas pa saver de sua saude e de maria da con conceisãm porquanto nam tenho papel nam se agaste tenha pasiensia q muitos a temos por mais não poder que ainda e cedo pa cazar a a conseicam e lhe mando minhas bencõs que des lhe de mais descanso do que me deu a min mandou dezer na cua queria recolher a conbento pode o fazer mais cedo melhor porquanto eu não sei qu quando irei e acim cempre esta bem descancada pois a fortuna coreo conosquo des corte mas tenha pasiencia que des he melhor quen no busqua esperando cempre por novas da caude de Vm reverendo padrer de Vm irman a Anto de arujo de vos domingas de araujo conpanheiro e marido voso pa diante des aquelles que o merecerem des ate a do muitos recados a meu irman joão de araujo adonde quer qu elle estiver e a minha irman maria de araujo e a meu primo joão frernandes na cr crs da pedra mais espero de me mandar a minha bencam a cenhora minha mai me bote a cua bencam e peca a cenhora da conceicam que me garde athe a calvamento a cua canta caza e todos aquelles que bem me dezejo que ando en teras muito prigozas entre o gentio pa ber ce posso agencear algua couza pa irr dar conta de min como tenho



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