A autora escreve em nome de um terceiro, José Xavier, transmitindo ao destinatário as últimas notícias sobre a situação política em Lisboa.
Illmo
Joze Xavier me pede q lhe escreva e lhe diga
q tudo aqui esta soçigado, mas, meu Amo, para
isto chegar o estado em q está, q sustos, q lagri
mas e q disgostos nós tivemos! o Infante fogio,
como sabe, e apos delle foi hindo toda a tropa.
outro tanto fes o Rei e nós ficamos sem tropa
sem, Rei, e sem Governo: estiverão os prezos do
Castello proximos a sahir e os do Limueiro e os da
Cova da Moira com Armas pa nos asaçinar
e robar. porem, o Comerçio e os goardas Naçionais
he q defenderão Lisboa ate q chegou a tro
pa q, chegando aos postos q tenhão dezam
parado, deitarão fora o Comerçio e os Soldados
Naçionais com mto desprezo. emfim, meu Amo,
ja não estamos em tempo de dar novidades
sem q corra risço e por iso não digo qto sei e mes
mo porq ahinda não tenho cabeça apesar
de ter ja dormido duas noites huma hora ca
da noite, coiza q a mto me não soçede. não sei
como não tenho morrido. tenho chorado tanto