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Maarten Janssen, 2014-

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1748. Carta de Madalena Josefa do Rosário, religiosa, para destinatário não identificado.

SummaryA autora descreve o que lhe aconteceu quando duas mulheres entraram na sua cela e a agrediram.
Author(s) Madalena Josefa do Rosário
Addressee(s) Anónimo86            
From Portugal, Lisboa
To S.l.
Context

A ré deste processo é Maria do Rosário, religiosa do Convento do Santíssimo Sacramento de Alcântara da Ordem de São Domingos, em Lisboa, acusada em 1752, pela Inquisição de Lisboa, de crimes de bruxaria e feitiçaria. No processo há várias cartas de religiosas do mesmo convento que testemunharam terem sido frequente e violentamente atacadas por Maria do Rosário, acompanhada por Teresa Quaresma e por uma jovem. A denúncia inicial foi feita por escrito pela Madre Soror Helena Josefa de Santa Maria (44 anos), religiosa do mosteiro do Santíssimo Sacramento. Disse, nas sessões de interrogatório, que mesmo desde que Maria do Rosário havia sido presa, continuava a entrar no seu mosteiro por volta da meia-noite, acompanhada pelo Demónio (que estaria sempre lá, sob a figura de "uma fantasma enorme e horrenda") e por outras feiticeiras, ameaçando as religiosas residentes naquele local, sofrendo várias transformações, antes das quais se untava com um unguento e invocava forças demoníacas, para além das agressões físicas feitas a várias pessoas e de blasfémias contra Deus e os santos (fl.12r e seguintes). A ré e as suas companheiras também furtariam muita comida e utensílios, pelo que causavam alguns prejuízos ao mosteiro. Outras cartas referem, em vez de Maria do Rosário, outras "feiticeiras", de nome Páscoa e Úrsula. O processo não tem qualquer conclusão, pois termina com a última carta de denúncia de uma das religiosas. No primeiro fólio apenas ficou atestado que no dia 22 de dezembro de 1752 se aguardavam mais provas. Colados no papel da denúncia inicial (CARDS3108) estão dois papéis dobrados, contendo um deles um pedaço de cabelo, referido no processo como sendo de "uma rapariga muito bonita de 14 anos da qual são os cabelos juntos a este requerimento" e "os quais mostram ser de pessoa asseada por estarem oleados com banha cheirosa".

Support uma folha de papel dobrada escrita no rosto e verso do primeiro fólio.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Lisboa
Archival Reference Processo 13693
Folios 39r-40v
Transcription Mariana Gomes
Main Revision Rita Marquilhas
Contextualization Mariana Gomes
Standardization Catarina Carvalheiro
POS annotation Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Transcription date2009

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[1]
ta se abriu e sahiu ella vestida mesmo de olhando mto
[2]
pa mim se foi pello Dormitorio adiante the que a perdi de Vista
[3]
anno pouco mais menos que são tantas as Vezes que
[4]
tenho Visto dentro neste mostro em varias ptes duas molheres q
[5]
não poso dizer qtas hũa baxa de Corpo e Larga gorda e tem
[6]
cabelos brancos a outra Alta magra e tem os cabelos negros
[7]
das feiçois não sei dar Rezão porque os comflitos em que me vi
[8]
com éllas me não davão Lugar a tomar niso sentido o Ordina
[9]
rio Vellas Despidas; cem Cabelo, mãs alguãs Vezes me tem
[10]
aparsido Vestidas porem pa dizer sertamte a Cor dos Vestidos
[11]
me Lenbra que hũa tinha hũa Capinha de baeta azul
[12]
mto Clara mto desbotada; e a saya negra Parda; sei que
[13]
era escura; e isto a mais mosa; que nos da Velha não estou Serta
[14]
Isto que digo tudo foi antes do acto da féé
[15]
Despois Delle as tenho Visto que me Lenbre sertamte tres qua
[16]
tro Vezes Duas com as caras no noso Postigo o qual está sem vidra
[17]
sa porque ellas ma quebrarão mais tempo e duas Dentro na
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nosa Cella são as mesmas que via antes do Acto da féé e senpre
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tem vindo Despidas de todo; a ultima ves que me vezitarão que
[20]
foi na noute de Do pa Sigunda fra 4 deste mes de Novembro; hin
[21]
do eu Recolherme despois de matinas; perto das Tres Oras da noi
[22]
te ao Abrir a porta da Cella; Vi tinha o Postigo Aberto deichan
[23]
doo eu fechado; Logo me deu mto Susto mãs sem saber como Em
[24]
trei pa Dentro; e se fechou a porta e detras dela me sairão as doas
[25]
Molheres de sempre e sustentandome hũa (a mosa) a Cabesa por de
[26]
tras; a Velha fes grdes deLigas por me abrir a boca e meter nella
[27]
seu Peito mãs nunca poude; o que vendo élla dise queriate Refres
[28]
car; e Logo fés acção de querer deitarme Leite pello Rosto mãs não
[29]
o deitou mostrou o não tinha; mãs a deliga foi bastante; e diserão
[30]
ja que não podemos Refrescarte agora Pagao; pegarãome antão lo
[31]
go na Cabesa; (pa o que me sentarão no chão) e fazendo do noso Veu da
[32]
Cabesa como hũa trouchinha o chegarão Lus de Rolo que eu ti
[33]
nha levado acezo; e com elle ardendo me esfregarão o Rostro de sorte que
[34]
ficarão os sinais nelle de queimada e bem junto de canto da boca da
[35]
pte Esquerda tinha hũa bolha do tamanho de hũa aVeLãa de que são

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