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Maarten Janssen, 2014-

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1642. Carta de Cristóvão Leitão de Abreu, ouvidor-geral, para [António de Faria Machado], conselheiro do Vice-Rei da Índia.

Author(s)

Cristóvão Leitão de Abreu      

Addressee(s)

António de Faria Machado                        

Summary

O autor conta a um membro do Santo Ofício, seu amigo, que está injustamente preso. Pede-lhe que verifique como as suas razões são verdadeiras.
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[1]
João cajado pellos mtos encarecimentos q o Pe Vgro escreveo o qual
[2]
uzou comigo nesta prisão como Vil e baixo inimigo do infimo
[3]
animo porq não perdoou a todo genero e especia de crueldade, e rigor e
[4]
tirania a 10. de Marco me prenderão o capam da Cidade meu inimigo capl
[5]
por causa de D Ph e me disse que me prendia por ordem especial que
[6]
Vinha de Vm e do sr inquisidor João de Barros por causas da santa fee
[7]
pasmei e repasmei e ainda estive pasmado e Bpo me disse q elle me mandara
[8]
prender e joão alvres me disse q por culpas do Reino o Vigario geral
[9]
me mandou meter no Aljube q he hũa enxouvia de terra e mandou
[10]
tapar hũa genella de barro e a porta e na genella e porta pos sesenta
[11]
e quatro grades com o que ficou puro inferno e so ficou buraco
[12]
por onde entrava a comida Não permitio q Eu nem pecoa algũa estivesse
[13]
presente ao faser do inventario de meus bens tomoume todos os papeis
[14]
cartas escritos provisois devacas portarias q erão mtos porq cada dia D Ph
[15]
me passava portarias. Andou publicando e lendo as minhas cartas
[16]
q eu escrevi ao sr V Rei a Relacão e a s mgde e mostrando os escritos
[17]
de Dom Phel q erão sem conto q foi o q mais este fidalgo e Eu
[18]
sintimos e q merece castigo desse tribunal Lancou fama pa q o povo
[19]
q estava todo da minha Pe me não favoresese q eu matara em Lxa
[20]
o coleitor e q irmão meu queimarão em Lxa e q Eu ja saira com
[21]
sambenito e q meu pai fora queimado q por culpas do Reino me
[22]
prendera q eu aprendera em salamanca e q hera feitiseiro et
[23]
similia. Pello q si posibile est e se a justisa o permite ordene Vm
[24]
q antes q Eu va a esse Tribunal se possa saber a verdade e se faltar
[25]
ponto de tudo o q aqui digo Eu quero q Vm me mandem queimar
[26]
vivo sem me ouvirem e se for verdade como he o q digo resão e mta
[27]
justisa sera mandarme daqui donde estou restituir ao meu officio
[28]
e bens q não sera boa resão de estado disimular com hũa turbillã
[29]
çea tão desatinada e tão notavel escandalo e quando não possa
[30]
ser isto com esta brevidade q Eu creio q se puder ser Vm o fara
[31]
permita Vm q nessa Cidade esteja preso em dos conventos della
[32]
ate ser ouvido e mercendo ser recolhido nos caseres não foge o tempo
[33]
porq meu snor isto se custuma hoje mto no Reino a pecoas conhesidas
[34]
q o rigor grande dos caseres se ordenarão pa judeos daquelle tempo
[35]
todos judeos inteiros e pebleios como Vm milhor sabe.
[36]
[37]
Não sei se me durara tanto esta triste e aborecida Vida pello q
[38]
por amor de Ds q Vm loguo a minha custa me mande patamar
[39]
Com expresa ordem q o Bpo e frei fco não tenhão poder nẽ jurisdi
[40]
cão algũa em mi aqui ha prelados de S frco e da compa q esta aqui
[41]
o Pe Gaspar de avilar grande Letrado da compa q he meu confesor
[42]
e o captam q he fidalgo e mande Vm mto declarada e expecificada
[43]
a ordem com q me hão de tratar e dar de comer e tirar estes crueis
[44]
ferros e sendo nesesario merecendoo minhas culpas hũa corrente
[45]
em so pe bem basta pa seguransa. Foi tão Cruel o Pe frei fco
[46]
q me entregou a Negro seu Crioulo Cachoro sem piedade
[47]
e ao meirinho dos clerigos e ao aljubeiro q a ambos prendi antes

[48]
Ceuta hoje 4 de
[49]
junho. 642.
[50]
Christovão Ltam de avreu

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