O autor relata a sua saída de Aveiro para Bordéus e queixa-se de um juiz que lhe extorquiu dinheiro para o proteger de uma ameaça de perseguição inquisitorial, afinal uma falsa ameaça.
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[2] | jhus Ma
em bordeos
a 24 de novembro de 1603 anos
Posto que VM me nam quis escrever temdo, portador tam certo como
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[3] | foi frco da fonqua portador desta, nem por iso ei de deixar de
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[4] | lhe fazer estas breves regras pa nellas lhe pedir me mande mtas novas
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[5] | suas, pois sabe o gosto e amor, com que sempre folgarei de ouvir
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[6] | boas novas suas, as quais queira deos me venham sempre como este seu
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[7] | compadre e amigo lhe deseja, e o nan ter eu feito isto ha mtos dias
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[8] | nam foi por me faltar vontade, mas como eu qua andava enfadado
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[9] | esperando todos os dias me tirasse deos de lla em pas minha molher
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[10] | e fos e mos trouxesse diante meus olhos nam andava de todo
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[11] | e em cuidar do modo que me vim sem falar com nenhum amigo e
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[12] | estava ao sabado a noite em minha caza bem quieto, e que
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[13] | ho ladram do juis me aVia de mandar Recado que logo me saisse
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[14] | porque pella menham me avia de prender, proque tinha en
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[15] | sua mão hum Rol de diogo vas pereira pa iso e me fes sair a mea
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[16] | noite sem me despedir de nenhum amigo nem parente, so a
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[17] | fim de levar corenta mil reis que minha molher lhe deu e des
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[18] | mil reis que me la devia e Vinte mil reis que me levou per
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[19] | outra falsidade, mas querera deos que page tudo por junto
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[20] | pois me fes desaquietar de minha naturesa e amigos, Mas oje nan
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[21] | me peza de me ver qua pois estou en boa terra aonde nan fal
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[22] | tam igreijas, e mosteiros nem o mais necesario asim pa a alma como
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[23] | pa o corpo, seja deos louvado que me trouxe a ella e me livrou
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[24] | de testemunhos falsos que com verdade estava tan livre
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