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Maarten Janssen, 2014-

PSCR1711

1763. Carta de João Ribeiro Coelho, licenciado, para António de Sá Tinoco, cirurgião.

SummaryO autor mostra-se solidário para com o destinatário, vítima de acusações injustas, e recomenda-lhe coragem para enfrentar as adversidades.
Author(s) João Ribeiro Coelho
Addressee(s) António de Sá Tinoco            
From América, Brasil, Minas Gerais, Vila de São José
To América, Brasil, Rio de Janeiro
Context

O cirurgião António de Sá Tinoco, residente na comarca do Rio das Mortes (Minas Gerais, Brasil), foi alvo de perseguição por parte do vigário de Santo António de Itaverava, Manuel RibeiroTaborda, que o privou dos sacramentos por ser "pecador público e notório". O vigário acusou-o de atentar contra o 6.º mandamento ao defender publicamente que quem cometesse adultério não tinha a alma condenada ao inferno. Causas de escândalo, também, foram as acusações de que vivia em concubinato com uma escrava crioula, que desobedecia aos ministros da Igreja e que injuriara o Estado Eclesiástico ao ameaçar o vigário com a sua espada caso ele recusasse confessar a escrava crioula e admiti-la pelo preceito da quaresma.

As cartas particulares anexadas ao processo, algumas remetidas a partir de Minas Gerais, datam do período compreendido entre a emissão do mandado de prisão (novembro de 1761) e meses antes de o réu ser encaminhado para a Inquisição de Lisboa (agosto de 1763), altura em que foi depositado à guarda do mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, por ordem do Tribunal do Santo Ofício. A incorporação das cartas no processo teve uma função claramente abonatória e corroborou o sentido do depoimento de várias testemunhas. Com efeito, vários religiosos beneditinos acabariam por ser partidários do réu, acreditando ser falsa a culpa movida contra ele. O motivo estaria antes no "entranhável ódio que o reverendo vigário Manuel Ribeiro Taborda e seu irmão João Ribeiro Taborda lhe tinham como capitais inimigos". Supunha-se inclusivamente que o fim último de todas aquelas acusações consistia em expulsar António de Sá Tinoco da sua freguesia para que ficasse o irmão do vigário com o monopólio do ofício, ainda que "a curar ignorantemente". O beneditino frei Amaro de Jesus Maria Rangel atestou a "bondade de génio" do cirurgião e a falta sentida pela sua ausência junto dos pobres de Minas Gerais, a quem dava "os remédios de graça e dinheiro para o sustento". Mesmo confinado ao mosteiro fluminense, muitos procuraram o cirurgião pela fama da sua caridade e poder de cura.

Support meia folha de papel escrita no rosto e no verso.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Lisboa
Archival Reference Processo 2490
Folios 123r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=2302413
Socio-Historical Keywords Ana leitão
Transcription Ana Leitão
Main Revision Raïssa Gillier
Contextualization Ana Leitão
Standardization Raïssa Gillier
Transcription date2015

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Ao sr Ldo Antonio de Saa tinoco gde Ds ms ans em S Bentto Rio de Janro Snor Ldo Antonio de Saa Tinoco

Não posso Serteficarlhe Coanto Sinto, e tenho Sentido a sua imfamia, q lhe tem acomulado, os meus, e seus emnemigos: porem como Deos a suma verde, padeço eu e vmce por ella, e os Leibozos se vão descobrindo as suas falcides, como bem notorias por todos estes mimos; pello q a mim e a vmce tem feito

Espero em Deos nos vejamos, porque de premitir darlhe vida, e a mim soltura pa mostrarmos ao mundo, q os Emnemigos por vinganca pa mim com testas falssas se valem da Lei novisima, q foi instetoida pa bom Regimem dos vaçallos, e se valem della pa vingança dos emnemigos, e a vmce o q lhe acomulao, em que tambem me culpao, coando me comvidarão, o sr vigro pa dizer o q não disse e so o que ouvi, e a verde sem ofença no q se lhe emputta, q a vmce numca ouvi a essa vós emtroduzir os mesmos q nos culparão.= Deos de a vmce passiencia eu estou pa arezoar o final, q não temo, porque a verde está bem provada emthe por testas dos mesmos emnemigos, e tudo o que dis respto aos particulares seus q que la tem, dandome Deos a soltura que que espero, são meus pa obrar o q vmce mereçe. espero Alvará da Relacão, porq o sor ouvor emformou a mesma, e agora Escrevo a Jozé, q pa foi pa a fianca, q me prometeo qando seja necessro dalla: e tenha firmesa em Deos q de acudir com a verde Deos o leve e traga a salvamto; como no mesmo sor Espero. vila de S Jozé a 8 de Julho 1762

De vmce Mto Amte A Joam Ribro Coelho

prezte se achou o Amo Thomas Jozé dessas e se mda mto a vmce, q por ser de noute lhe não escreve, mas q desponha delle o q for servo, q pa tudo fica com os Braços aberttos. etc


Legenda:

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