PT | EN | ES

Main Menu


Powered by <TEI:TOK>
Maarten Janssen, 2014-

Sentence view

[1777]. Carta de Anacleto José Rodrigues para José Anastácio da Cunha, matemático e poeta.

SummaryO autor conta um seu desgosto amoroso e fala do panorama político em Lisboa na semana da morte do rei D. José. A Inquisição resumiu-a assim: "Carta de Anacleto Joze Rodrigues em que lhe da noticia da morte de El Rey D. Joze 1º carpindo em metafora de tutelar Numen arruinados seus interesses e traz a palavra =Ente que nos pudemos comprehender=".
Author(s) Anacleto José Rodrigues
Addressee(s) José Anastácio da Cunha            
From Portugal, Lisboa
To S.l.
Context

Pequena biografia de José Anastácio da Cunha (1744-1787), preparada por Fernando Reis para a página "Ciência em Portugal" do Centro Virtual Camõeshttp://cvc.instituto-camoes.pt/ciencia/p7.html:

Matemático e poeta, nasceu em Lisboa a 11 de maio de 1744. De ascendência humilde, o seu pai, Lourenço da Cunha, era um pintor com alguma notoriedade, que passou um curto período em Roma de forma a melhorar a sua técnica. A sua mãe, Jacinta Inês, foi criada e recebeu educação elementar. José Anastácio da Cunha foi educado em Lisboa, no Convento de Nossa Senhora das Necessidades que pertencia à Congregação do Oratório. Segundo testemunhos do próprio Anastácio da Cunha à Inquisição, os Oratorianos ensinaram-lhe Gramática, Retórica e Lógica até aos 19 anos. No que diz respeito à Física e à Matemática foi um autodidata. Em 1764 foi colocado nomeado Tenente do Regimento de Artilharia do Porto e colocado na praça de Valença do Minho. O Regimento de Artilharia do Porto era constituído por uma maioria de oficiais estrangeiros, muitos deles protestantes, que influenciaram Anastácio da Cunha. Terá então aderido a ideais como a tolerância, o deísmo e o racionalismo, que vieram a integrar a sua produção científica e poética.

Devido à sua relação de amizade com os oficiais britânicos, aprendeu a falar inglês fluentemente o que, juntamente com os conhecimentos que tinha de outras línguas como o francês, latim, grego e italiano, lhe permitiu traduzir autores como Voltaire, Pope, Otway, Horácio, Rousseau, Holbach, Helvetius e outros. Pensa-se que foi neste período que aderiu à maçonaria, por influência dos seus amigos estrangeiros.

Em 1769 fez, a pedido do Major Simon Frazer, uma memória sobre balística, intitulada Carta Fisico-Mathematica sobre a Tehoria da Polvora em geral e a determinação do melhor comprimento das peças em particular, onde apontava erros e falta de precisão que encontrou em alguns trabalhos sobre artilharia. Em 1773 o Marquês de Pombal nomeou-o lente de Geometria na Universidade de Coimbra, na sequência da Reforma da Universidade levada a efeito em 1772. Anastácio da Cunha não encontrou ambiente propício ao desenvolvimento e aplicação das suas capacidades e após a morte de D. José I, em 1777, foi denunciado à Inquisição, preso em 1 de julho de 1778 e acusado de envolvimento com os protestantes ingleses em Valença, de ler Voltaire, Rousseau, Hobbes e outros autores perigosos e de corromper as gerações mais novas através da sua eloquência. Foi considerado culpado das acusações e excomungado, afastado do seu cargo na Universidade, dos seus títulos e viu confiscados os seus bens. Foi ainda condenado a participar num auto da fé e a ficar encerrado na Congregação do Oratório em Lisboa, após o que seria deportado para a cidade de Évora durante 4 anos. Foi ainda proibido de voltar a Valença e a Coimbra. Após dois anos nos Oratorianos a sua pena foi reduzida a residência obrigatória nos Oratorianos.

Entre 1778 e 1781 teve que se dedicar ao ensino privado para subsistir e em 1783 foi contratado pelo Intendente Pina Manique para o Colégio de S. Lucas da Casa Pia como professor de Matemática, tendo aí elaborado o programa pedagógico da Casa Pia. Enquanto esteve na Casa Pia concluiu a sua obra Princípios Mathematicos. Por volta de 1785-86 perdeu a sua posição na Casa Pia, por razões que se desconhecem. Morreu a 1 de janeiro de 1787.

O processo inquisitorial de José Anastácio da Cunha foi inicialmente estudado e parcialmente publicado por Teófilo Braga, António Baião e João Pedro Ferro: Teófilo Braga (1898) Historia da Universidade de Coimbra nas suas relações com a instrucção publica portugueza. Tomo III 1700-1800. Lisboa,Typographia da Academia Real das Sciencias (pp. 611-636), António Baião (1924/1953) Episódios Dramáticos da Inquisição Portuguesa, Vol. II, Lisboa, Seara Nova (2ª ed.) e João Pedro Ferro (1988) "O processo de José Anastácio da Cunha (1744-1787)", in Inquisição: Comunicações apresentadas ao 1.º Congresso Luso-Brasileiro sobre Inquisição, Vol. III, Lisboa, Sociedade Portuguesa de Estudos do Século XVIII, pp. 1065-1086.

Sobre a vida e obra de José Anastácio da Cunha, consulte-se a edição de Maria Luísa Malato Borralho e Cristina Alexandra de Marinho (2001) José Anastácio da Cunha: Obra literária, Vol. I, Porto, Campo das Letras.

Support meia folha de papel dobrada escrita nas três primeiras faces.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Coimbra
Archival Reference Processo 8087
Folios 40r-41r
Transcription Leonor Tavares
Main Revision Rita Marquilhas
Contextualization Leonor Tavares
Standardization Catarina Carvalheiro
POS annotation Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Transcription date2009

Text: -


[1]
Tudo horror, tudo confusão.
[2]
ah meo fiel amo; haverá mais desgrasada creatura?
[3]
q me faltará mais q me atormente?
[4]
julga tu como estarei, em q mise-ravel estado se achará este corpo, este Corasão esta alma com a total separasão daquele tutelar numeno;
[5]
e este foy o enviolavel descreto do En-te q nos podemos comprihender:
[6]
ah, pensa tu em q tribulasão, em q remorsos não arde este peito:
[7]
emfim mas não não o poso não tenho va-lor pa o dizer, finalmte não existe D. Th.... em S. e viverei eu?
[8]
aDs não poso mais.
[9]
Morreo o noso augusto monarca, temos as mais solidas esperansas de hum reinado felisisimo,
[10]
do Marquez se fala claramte e disem esnor-midades dele,
[11]
todo povo não cesa de falar e desejarlhe etc
[12]
o esmoler mor esta prenderão antes do enterro no mesmo dia pela menhãa
[13]
esta excusão foi polo nuncio.
[14]
todos os frades clerigo q estavão prezos estão soltos, onde hum dele he o P Valentim de Bulhoens,
[15]
nas Nesesides fazem todas as funsoens corporaes e esperituaes como de antes,
[16]
o Irmão do Bispo de Beja q era Provincial foy o nuncio da pte do noso Monarca
[17]
D Pedro tiralo do cargo, reprehende lo severamte e nomeou outro,
[18]
os fidalgos todos q estavão presos, espera se com sertesa q sahião brevisimamte e não sei a causa por q ja não sahirão porq as q o povo diz nada nenhuma he serta;
[19]
estas são as novides sertas e as unicas q por ora .
[20]
O Bispo de coimbra tem obtido enfinitas honrras de El Rei noso Sr
[21]
O Marquez está da mesma forma sua caza etc
[22]
porem faz hum rediculo papel em figura, niguem faz caso dele e todos contão historias dele humas verda verdadeiras outras mentiras.
[23]
De Domingo emthe hoje parese Lxa outro mũndo he incrivel a mudança; he a sena a mais comica q he crivel,
[24]
porem novides mais nehumas sertas,
[25]
aDs
[26]
Tem do deste iffelis teo Anacleto
[27]
ah!
[28]
se não tivese tido este golpe!
[29]
não

Edit as listText viewWordcloudFacsimile viewManuscript line viewPageflow view