Plácido escreve à cunhada e a um amigo, provavelmente em código privado. Fala de roupas e dá as últimas novidades políticas, pedindo à cunhada que destrua a carta depois de a ler. Mais reveladores são os relatos que faz, na segunda metade da carta, a um companheiro, Almeida, que certamente partilhava as suas preferências ideológicas. Aí discorre sobre os últimos acontecimentos políticos e militares.
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Carlota
Dezeijo-te saude e a todos. Suspende por ora todos
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[2] | os teus passos e nada mais fassas sem eu te man-
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[3] | dár
dizer porq como o Mel Jozé nem mesmo o Eusta-
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[4] | quio tomão intregue ó se encarregão de coiza algu-
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[5] | ma a respeito do Janoario
por isso não tens q reçi-
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[6] | áres coiza alguma, e vâmos a vêr finalmente o que
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[7] | elle manda dizer sobre a tua correspondençia q
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[8] | lhe
mandastes: e como eu ainda desta vez lhe escre-
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[9] | vo vamos a vêr o q elle manda dizer, porque eu des
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[10] | ta
vez toco-o bem tocado em tudo e por tudo,
cuja
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[11] | correspondençia ahi te remeto pa a vêres e manda
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[12] | res-me dizer se vai bôa e a teu gôsto; porém tu des-
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[13] | ta vez não lhe escrevas porque eu mando-lhe dizer
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[14] | que
tu está emcomodada de saude, e não lhe man-
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[15] | des asepipe algum. Agora hé perçizo q tu ve-
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[16] | nhas o mandes a Lisbôa pa me
mandâres
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