A autora relata um conjunto de notícias relativas à comunidade portuguesa de Ruão. Entre elas, refere os seus problemas pessoais com alguns elementos dessa comunidade, a questão de o seu irmão aparentemente se ter convertido ao judaísmo e outros factos ligados aos seus negócios.
[1] |
|
---|
[2] | Vejo as novas que vm me da de luis vas ser chegado a esa terra
|
---|
[3] | e disme
vm lhe da credito a que ele não tomou os panos porque lhe
|
---|
[4] | jurou que não
fizera tal he vm
mto fasel de crer sertas pesoas
|
---|
[5] | mas como
vm o não conhese mais que de dous dias e tem bom
|
---|
[6] |
peito pareselhe que todos o tem asim e eu como o conheso de mais
|
---|
[7] | tempo e sei
os males que fes a minha mai e os que me tem feito a mi de
|
---|
[8] | que vm he testemunha
de algũs doulhe o credito que merese e mto
|
---|
[9] | galamte he dizer ele a vm que o pora com os guardas que forão
|
---|
[10] | com ele
folgara de saber se os guardas se abrirão o caixão que
|
---|
[11] | hia leado e fichado com
duas chaves ou se virão se vinham nele
|
---|
[12] | panos ou palha e de simco caixois que
vierão em hum navio
|
---|
[13] | em nhũ asertarão logo os
fransezes logo de bolir senão naquele
|
---|
[14] | mas he tal como huas galhetas e saleiro
de prata que me furtou
|
---|
[15] | das pesas que mandava e tambem o botou ao mestre do
navio.
|
---|
[16] | mas vm o conhesera e emtendera que so a mi se me pode
dar
|
---|
[17] | credito e porque a vm lhe não paresa que eu como molher a
|
---|
[18] | paixonada
de perdas falo e tudo são palavras ainda que nas
|
---|
[19] | pasadas avizei a
vm que de rosto a rosto deria a vm
mtas
|
---|
[20] | couzas que não queria por em carta o credito
que vm da a luis
|
---|
[21] | vas me obriga a mandar
a que com esta vai a qual he de hum
|
---|
[22] | moso que quando meu irmão e filho de meu
pai e de minha
|
---|
[23] | mai se chamava joão pimentel e
pa que vm saiba a estoria
|
---|
[24] | toda lha quero contar. tamto
que cheguei a esta terra dahi a des
|
---|
[25] | ou doze dias mandou antonio
mendes a ese fidalgo que ca esta a
|
---|
[26] | minha caza e que levase dela a
lianor e joão que não hera bem
|
---|
[27] | estarem em minha
companhia pois eu hera catoliqua a
|
---|
[28] |
lianor deixou em sua casa pa o servir e a
luis mandou que
|
---|
[29] | levase joão caminho de
olanda ao qual deixase feito o que esta
|
---|
[30] | e se fose
ele pa esa terra a busquarlhe ese
dro que dis ser seu. em
|
---|
[31] | hum dia deste
mes de setembro pasado veio a esta caza andre
|
---|
[32] | mendes e me trouxe
esta carta dizendo que lha mandara em
|
---|
[33] | hum maso seu fernão d alves melo que esta em
olanda onde
|
---|
[34] | esta joão e que hera de meu
irmão diante do dito andre mendes
|
---|
[35] | abri a carta e afirmo a vm que quando vi o sinal dela ele e eu
|
---|
[36] | ficamos
mudos porque numqua nos pareseo que ese fidalgo
|
---|
[37] | que la esta se não comtemtase
de ser o que he e mostrou nestas
|
---|
[38] | partes ser senão que ainda emganase hum rapas
e o tirase
|
---|
[39] | de minha caza pa o deixar feito o que
esta e tivese tam pouqua
|
---|