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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0688

1718. Carta de Ana da Conceição para o marido, Teodoro Pereira da Costa.

Autor(es)

Ana da Conceição      

Destinatário(s)

Teodoro Pereira da Costa                        

Resumo

A autora dá ao marido notícias sobre a venda de umas casas suas, sobre a doença de uma criada e sobre como se sente abandonada pelos seus conhecidos, tendo encontrado apoio apenas numa pessoa. Expressa as saudades que ela e o seu filho sentem dele, e o desejo de o ver em breve.
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Querida prenda dos meus olhos

Estimarei q estas regras vos ache com perfeita saude Livre de toda A molestia q vos possa aflegir q he o que eu mais estimarei Ds vos asista com aquella saude q vos dezejais pa meu Amparo; recebi duas vossas e dellas fis a estimacão q vos me meresseis servindo de grande Alivio em meio de tam dilatadas esperanssas

En ellas me dizeis me mandaveis hũms lenssos A minha mãe não chegarão tambem me falais em hũas coartas de tabaco, huma so recebi estando Inda vos na Baya eu estimey mto por ter A fortuna de ver prendas vossas nesta frota veio ordem pa se venderem As cazas como se venderão e pello gosto q tinha nellas as mandei Arematar e chegarão a des mil e tantos cruzados este favor me fes hum compe nosso Jozeph Ribro salvado o qual he padrinho de Crisma do nosso Anto elle he dessas partes do Reino e nelle tenho Achado huma vontade tam grande Acompanhada da obra em o dezejo de vos servir pello q de vos tem ouvido medindo o meu dezemparo com a vossa falta q posso dizer tive em ella nelle parte de hum grande Abrigo q Aquelles Amigos q vos ca tinhãs, nem huma sede de Agoa delles recebi q despois q vos fostes desta terra nenhum mais me soube a porta porq eu não tinha quem mandasse fazer vesitas de grassa e A thomazia he a que athe agora me tem mandado lavar a minha roupa pello Amor de Ds pois q foi tal a minha fortuna q fiquei com Joana toda podre q athe aqui me não tem feito couza nenhuma por estar cheia de Alporquas o prestimo q tem he fazerme dar Dro ao capam do mato quebrando sempre o regimto das curas se não fora huma negra de meu compe não tinha Com quem hir ouvir huma missa pormita Ds o trazervos ja A vista dos meus olhos pa meu emparo pa sessarem tam dilatadas esperanssas por ser couza de mim mais dezejada pellos meus pecados me castiga Ds sostentandome em esperanssa tão perlongada q cada momento me paresse huma eternidade fora de vossa vista não sei como ja estou viva por cauza das mtas penas e doenssas q tenho tido despois de vossa partida o q em outro tempo em vossa bao compa tudo hera nada pa mim por ter em vos todo o Afago e Abrigo nao vos molesto mais so pesso a Ds me satisfassa a minha vontade com a vossa boa prezenssa e compa hoje 13 de marco de 1718 desta vossa mto Amte e oBediente espoza q mto vos quer Athe a morte Anna da Consseicão

Nosso filho se recomenda em vossas memorias e vos tem sempre prezente emcomendando todos os dias a Ds a seu Pay com a mta saudade q tem vossas elle Anda aprendendo A solva


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