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Maarten Janssen, 2014-

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[1824]. Carta de João Costa, padre, para destinatário não identificado.

Author(s) João Costa      
Addressee(s) Simão da Silva Ferraz de Lima e Castro      
In English

Denunciation letter from Father João Costa to a non-identified addressee.

The author accuses the priests of Elvas of being liberal, «enlightened» and against the Regeneration Regime.

Father Caetano da Transfiguração, the chaplain of the third Cavalry Regiment of Elvas, was prosecuted for his liberal ideas and for disrespecting the good name of the Royal Family. This letter was among the proof that was used against him.

If there is no translation for the letter itself, you may copy the text (while using the view 'Standardization') and paste it to an automatic translator of your choice.

Text: -


[1]
Exmo Snr
[2]
Quem diria que os Ministros de Jesus Christo destinados pelo Espirito Sto pa evangelisarem aos povos a paz, o socego, a tranquelidade publica: a submissão, e rrespeito aos seos mais , o amor á Relligião, e ao Rei: a observancia aos preceitos da lei de Jesus Christo, e do Rei: prégarem em publico a faternidade, a caridade, o temor de Deos, a honrra do Rei, o amor do proximo, se vejão nestes tristes dias convertidos em famintos lobos sequiozos do sangue do seo Rei, dos seos concidadãos, e ainda mesmo do seo proprio sangue?
[3]
oh segueira humana! em quantos precepicios sepultas os mizeros filhos de Adão!
[4]
He isto Exmo Snr o q eu vejo praticado em a Cidade de Elvas.
[5]
Ministros e Sacerdotes do Snr q em lugar de offereser sobre as Aras Sagradas Huma Hotia pura, huma Hostia Santa, huma Hostia Imaculada, o Pão Sto da vida Eterna, e o Calix da perpetua saude pellos peccados do povo, a fim de dezarmar o braço Vingador proximo a descarregar como em outras occazioens sobre nós os flagellos da sua Colera animandonos, e exforçandonos a prostrarmenos com elles entre o Vestibulo, e o Altar pa xorarmos nossas culpas, e conseguirmos as bençãos da sua infinita mizericordia: nos hajão estes mmos de subministrarnos as armas pa o nosso destroço, e pa sermos infieis ao milhor dos Reis, q de nos exijio hum voluntario juramento mostrandose mais Pai, do que lisgilador.
[6]
Confesso, duvidei,
[7]
e mmo não podia capacitarme se a fama não fosse tão notoria, e publica,
[8]
de prepozito vim a Elvas pa me capacitar,
[9]
eis q entro no Convto de S Domingos, e logo na Botica, q vejo Exmo Snr
[10]
hum ajuntamento do inferno cujos membros são o Pe Boticario, hum Pe Fragueilho Fr Vicente, Fr Joze Marcelino todos frades do Convto hum Frade d' Sto Agostinho Fr Manoel Teva, o Pe Capellão do Regimto de Cavalaria No 3 e mais alguns Militares q não co-nheci, nem tive qm me o disese.
[11]
Não Exmo Snr não falavão secretamte mas com todo o dezafogo;
[12]
dezião huns
[13]
de q servio acclamarse o Rei
[14]
prometeo mtos bens e quaes são?
[15]
males!
[16]
speravimus bona venerunt mala
[17]
e não devemos querer a Constituição?
[18]
a Constituição prometianos a liberdade, e igualdade,
[19]
e esta regeneração, q nos indica?
[20]
Servidão!
[21]
Logo haja Constituição e não Rei.
[22]
Q nos prometeo o Rei depois da Regeneração?
[23]
felicidades!
[24]
quaes são?
[25]
o estarmos sujeitos ao seo despotama dominio, e dos vis lizonjeiros q o rodeião?
[26]
Logo he bom seguirmos o sistima constitucional, e não Real;
[27]
porq nos somos do seculo illuminado, e não dos terroristas q esperão o D Sabastião.
[28]
Depois de isto ouvir Exmo Snr pensei q eloquecia, e fis tenção de partir pa a minha igreja mas deixo esta pa q V Exa veja como está o mundo,
[29]
e se não vejo emenda nada direi aos meos freguezes,
[30]
e q venha o Pastor apascentallas:
[31]
Sou de V Exa o mais humilde servo O Pe João Costa

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