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Maarten Janssen, 2014-

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1822. Carta de Luís do Rego Barreto, ex-governador de Pernambuco, para José da Silva Carvalho, Ministro da Justiça.

Autor(es)

Luís do Rego Barreto      

Destinatario(s)

José da Silva Carvalho                        

Resumen

O autor informa o destinatário do convite que lhe foi feito para entrar numa conjuração contra o governo.

Texto: -


[1]
Illmo Exmo Snr
[2]
Tenho a honra de participar a V Exa que hoje de manhão veio a caza da minha habitação Francisco de Alpoim natural da minha Provincia, que se acha nesta corte, não sei a que titulo;
[3]
e homem que não tem commigo relaçoens.
[4]
Pelas suas maneiras e discurços conheci q o verdadeiro objeto da sua visita era convidar-me para entrar em huma conjuração contra o governo;
[5]
e posto que desde logo me senti indignado a ponto de dezejar que ali mesmo lhe custasse cara a sua ousadia, comtudo dando lugar a refleção, conheci que o assumpto requeria ser tratado com mais madureza, e cortando a conversação, disselhe que os meus negocios me privavão de naquela ocasião falarmos por mais tempo, mas em outra qualquer poderiamos falar,
[6]
tudo isto a fim de tomar tempo de reflectir, e tomar medidas adequadas ao caso.
[7]
respondeu-me que voltaria as quatro óras da tarde.
[8]
Entretanto, quando eu mais solicito estava sobre os meios de me haver caotelosamente em caso tão melindroso, casualmente apparecerão o Brigadeiro Governador das armas da corte e Provincia, e o Deputado em cortes Manoel Gonsalves de Miranda, os quaes de uma puderão ouvir destinctamente toda a o dito Alpoim commigo teve depois que chegou
[9]
Estimei sobremaneira que estes dois amigos meus tudo presenciassem:
[10]
1.º para que fossem de quanto se me disia a fim de poderem confirmar a minha participação:
[11]
2.º para que não houvesse a menor duvida sobre o meu caracter, e sentimentos a respeito do sistema constitucional, que rege a Nação o qual eu jurei obedecer, e fazer manter na parte que me compete à custa dos maiores perigos.
[12]
Declamou o Alpoim contra muitos Deputados contra as Cortes, e principalmente contra os Deputados Manoel Fernandes Thomas, Joze Ferreira Borges assim como contra o Ministro Secretario d' Estado dos Negocios da Justiça.
[13]
todos estes disse ele que havião ser mortos; porquanto a sua Morte era bastante para fazer descorar os outros, que serião mandados para suas casas.
[14]
Disse que se convocarião Cortes Antigas; pois que destruidas as prezentes se devia depor El Rei porque era hum ente nullo, e fazer o Infante D Miguel Regente do Reino, nomeando-se-lhe hum concelho. Que convocadas as Cortes Velhas, se farião duas Camaras.
[15]
Para tudo isto he que elle me convidava, a fim de por-me a frente da força Armada.
[16]
Disse que tinha hum papel que me mostraria que tudo se declarava.
[17]
Mas como não achasse em mim a annuencia q esperava, por me ser difficil contrafazer-me a ponto de affectar sentimentos oppostos aos meus, pedio-me que consultace a opinião publica, e disse que voltava passados dois ou tres dias.
[18]
Eis aqui o que me soccedeo:
[19]
creio não omitir circunstancia que seja ponderoza.
[20]
VExa tera a bondade de por esta participação na Prezença de S Magestade que ordenara o que for servido.
[21]
Ds Guarde a VExa Ms Ans
[22]
Lisboa 7 de Maio d 1822
[23]
Illmo e Exmo Snr Joze da Silva Carvalho Luiz do Rego Barretto

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