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Maarten Janssen, 2014-

Sentence view

[1728]. Carta de [frei João da Madre de Deus], religioso, para [Dona Antónia Maria].

Author(s) João da Madre de Deus      
Addressee(s) Antónia Maria      
In English

Protest letter written by a monk, frei João da Madre de Deus, to a gentle woman, [Dona Antónia Maria].

The author describes how he has hidden some letters inside a bag and sent them to the addresse, whom he addresses as "Mother". He protests against the rumour spread by some priests according to which his family, especially his sister, were not very noble. Accordingly, he explains how his noble mother run away to marry his father and was thus estranged by her family. He confesses how hurt he is that the addressee's husband believed the evil rumours.

The monk frei João da Madre de Deus was accused of conduct unsuitable to his religious condition. He was involved with a mother and her daughters, who had received him in their house in Alenquer. The women handed the letters as a proof of his guilt but were afraid both of his vindictive character and of the proofs he himself held, because he had never handed back their own correspondence. He also kept the gifts they had given him: a braid of hair, two silver hearts and a silver case.

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Text: -


[1]
Minha Mai do meu coração.
[2]
As cartas Irião dentro de huma charga do Sattĩ, o qual eu descosi pa as meter dentro, e depois o torneoi a coser.
[3]
O Sattĩ hia embrulhado, e no meio do saco.
[4]
O saco Iria bem apertado, e depois cozido pela boca.
[5]
Mandeme diser se chegou assim, q senão he certo q o abrirão, que por essa causa eu pus sempre tanta duvida em escreverlhe a VMce.
[6]
Vamos a Outra Coisa
[7]
Confesso q eu estava de animo de se me não dar de cousa nenhuma, porem como esses sres me tocão em Coisas que me pisão, eu não sou de pedra, pa que me não sinta.
[8]
Pode VMce diser ao Prior, e ao Pe Joseph de Sousa, que se não cansem em examinar miudamte a minh a gerasão de minha Irman; porq eu lha direi, e não me indesponho de a di-ser.
[9]
A gerasão de minha Irman he a mesma q a minha E a minha he nesta forma , q direi.
[10]
Meu Pai não foi homem oficial, foi hum hoem Reposteiro D el Rei D Pedro, fo de hum homem Lavrador natural de Lamego.
[11]
Minha Mai foi natural de Lxa molher mto nobre, e tanto , q porq Casou a furto Com meu Pai, nunca mais os seos parentes a Virão, nem lhe falarão.
[12]
Tiverão meos paes mtos filhos, e por isso Viverão pobres mas não são pobres, q não tivessem o que lhes bastava pa passarem, como se fossem ricos.
[13]
Esta he a minha geração, q esses Reverendos Pes desejão saber;
[14]
E a geração de ambos os dois Pes sei eu ha mtos annos com mta miudesa; e mais do que elles imaginão.
[15]
Emqto a diserem q eu q sou Mono, Eu me não tive nunca por tal, nem Nem por tal me tem aqui nesta Corte.
[16]
Mas a Culpa tive eu, pois tratei com tal gente; e sempre a estimei, imaginando q era outra casta de gente.
[17]
Emqto ao sor Mel Roussado, Não posso deixar de estranharlhe murmurar Com elles de mim; porq diante de mim, ninguem havia murmurar do sor Mel Roussado;
[18]
E se me tinha em Casa Contra sua Vontade não me fisera aos ofertas q me fes.
[19]
Se entendeo que eu não havia ser agradecido não soube Conhecerme, pois nunca fiquei devendo coisa nenhuma a ninguem;
[20]
e se agora me não mostrei agradecido com mão mais, larga foi em mim escudo porq me Vi escandelisado do seu mao sermão nos Ultimos dias, q se claramte me não disse q me fosse embora, bem mo deo a entender.
[21]
Enfim está feita esta Caravana, e estou Livre de segda.
[22]
A todas minhas Irmans mto particulares lembranças,
[23]
E aDs q ja me doe a Cabeça e não posso mais.
[24]
De VMce Fo mto Amte e obediente.
[25]
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