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Maarten Janssen, 2014-

Visualização das frases

1619. Carta de Álvaro Correia, criado, para o licenciado Clemente Félix.

Autor(es)

Álvaro Correia      

Destinatário(s)

Clemente Félix                        

Resumo

O autor explica a sua conduta protestando junto do destinatário pelas perseguições que tem sofrido.

Texto: -


[1]
snor Ldo
[2]
Muito estimey de me diser Luis saravia recado de VM e muito mais saber da saude de VM a qual seja sempre muito prefeito
[3]
havera dous mezes que ando em Lisboa plas ruas
[4]
não me faltou quẽ me diçe que eses senhores querelarão de mim ou avião de querelar
[5]
tirey hũa carta de seguro e não vi ate guora que fizeçem diligensia pa me prender e a mor cautella tirey segda carta de seguro por se me acabar en 38 dias a qual he bem feita
[6]
e se me prẽderem ella soltarmeão q os homens prendem pera o limueiro mtos mais graves q eu
[7]
se eu aguora ando nesta sidade não pera atentar em couza q toque a jerasão deses sres q ainda q eu tire seguro real não por couza algũa senão q dio frz e anto ribro emcontrandome a santo antão me querião matar
[8]
e como eu não sou tão valente como cada delles saime boas plavras e não me matarão
[9]
e dizerem mtas pas que juravão q me avião de matar por iso me quis segurar que o diabo me levese e por outra couza nẽ he eu pretendo o que elles cuidão
[10]
e se eu de minha parte posso fazer couza q elles fiquẽ seguros dela po parte eu farey tudo e se tiver algũ papel o dorey
[11]
eu fis algũ dia algũa diligensia ou algũa couza
[12]
e se elles me não falarão nestas couzas eu ouvera algũ dia de falar niso mas como vi q elles me falarão de m antão andei fosquas como Vs Ms aguora andão
[13]
mas qto dizerem q não ande em lisboa iso he couza que não pode ser q quoando meu tio o não pode acaber comiguo vindome de prepossito a buscar não ho ei de fazer temores destes senhores que elles não me podem empedir a sidade
[14]
e se elles não querem que Eu ande aqui tão bom partido me podem fazer q ou pera anguola ou outra qualquer parte va que muita vontade tenho de andar em lisboa con fazer
[15]
e se me prẽderem juro a esta que me não ha de pezar e mais que não hao de soltar outra ves
[16]
e folgara de saber que niso lhe faso em andar aqui pois lhe não paso pella porta q ha dous mezes que aqui estou so hũa ves fui a ribeira sem oulla pera as paredes
[17]
e pezame muito de ter cõdisão pa sofrer q me tirẽ hum olho por fazer tirar dous
[18]
e asim não tem que cansar pa comiguo
[19]
prendãome emforquẽme q hanimo tenho pa tudo que quoanto sairme de lisboa não ho ei de fazer se não fizerẽ o que diguo
[20]
mas lembro a VM q ha de pezar muito a eses senhores atentarẽ a me empedir lisboa se não se for por esta via
[21]
e se qualquer deles qzer falar comiguo digua aonde i eu lhe darey o que dantes me pedião Vs Ms que eu não quero nada de pesoa algũa desas cazas
[22]
e se me quizerẽ buscar pa me matarẽ ou prenderme eu ando pla sidade e ei de tirar o meu seguro antão mas que me matem
[23]
e torno a dizer a VM q ei de andar em lisboa ate q lhe acõtesa dezastre acontesẽdo outro a mim que como eu estou desfavorescido de meus parẽtes pera mor destes sres avinturado estou a tudo e o tempo lhe dou
[24]
o sor gde muitos annos
[25]
oje sabado 9 de novro
[26]
Servidor de VM Alvaro Correa
[27]
e querendome prẽder o sor mel frz tinoco eu o ei de mandar sitar pa dizer se quer algũa couza de mim e ahi me tem seguro e ficarei loguo la no limueiro

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